ARTIGO ORIGINAL

 

Fármacos Anticorpos Monoclonais para o Tratamento do Câncer: uma Perspectiva Brasileira

Monoclonal Antibody Drugs for Cancer Treatment: a Brazilian Perspective

Fármacos Anticuerpos Monoclonales para el Tratamiento del Cáncer: una Perspectiva Brasileña

 

 

https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2024v70n1.4462

 

Júlia Teixeira de Menezes1; Maria Carolina Theisen2; Vanessa da Costa Flores3; Fernando Fumagalli4

 

1Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Curso de Farmácia. Santa Maria (RS), Brasil. E-mail: juliateix@hotmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0009-0005-1446-8047

2UFSM, Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. Santa Maria (RS), Brasil. E-mail: maria.theisen@acad.ufsm.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-6181-9381

3Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM)/EBSERH. Santa Maria (RS), Brasil. E-mail: vacflores@hotmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0009-0000-6082-2573

4UFSM, Departamento de Farmácia Industrial. Santa Maria (RS), Brasil. E-mail: fernando.fumagalli@ufsm.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-0622-4481

 

Endereço para correspondência: Fernando Fumagalli. Av. Roraima, 1000, prédio 26A, sala 1101 – Camobi. Santa Maria (RS), Brasil CEP 97105-900. E-mail: fernando.fumagalli@ufsm.br

 

 

RESUMO

Introdução: Os anticorpos monoclonais (mAb) são alternativa terapêutica importante no tratamento do câncer. Porém, o acesso a essa terapia é desigual entre países com diferentes rendas. Objetivo: Comparar os fármacos mAb aprovados para uso contra câncer nos EUA com os aprovados no Brasil e discutir, por meio do mecanismo de ação, alternativas terapêuticas disponíveis. Método: A lista de fármacos mAb aprovados pelo FDA foi coletada de publicação prévia e complementada com dados presentes no site dessa agência, assim como mecanismo de ação, data de aprovação e indicações clínicas foram obtidos das bulas dos medicamentos nesse mesmo site. Da mesma forma, os dados de data de aprovação pela Anvisa foram obtidos em consultas ao site dessa agência. Os fármacos foram tabelados e organizados conforme características estruturais e separados em quatro grandes grupos, conforme seu mecanismo de ação. Resultados: Até 2022, 48 mAb foram aprovados para uso contra o câncer pelo FDA. Destes, 37 foram aprovados pela Anvisa para uso no Brasil, com tempo médio entre aprovação no exterior e no Brasil próximo a dois anos. A maioria dos mAb são humanos ou humanizados (77%) e variam bastante com relação ao mecanismo de ação, sendo o antígeno de linfócitos B CD20 e o checkpoint imunológico PD-1/PD-L1 os principais alvos dos mAb avaliados. Conclusão: Apesar de alguns fármacos aprovados no exterior ainda não estarem aprovados no Brasil, o atraso para registro não parece estar relacionado à demora da Anvisa. Além disso, para a maioria dos casos de fármacos ainda não aprovados no Brasil, existem alternativas terapêuticas disponíveis.

Palavras-chave: Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Aprovação de Drogas; Antineoplásicos/normas; Anticorpos Monoclonais.

 

 

ABSTRACT

Introduction: Monoclonal antibodies (mAb) are an important therapeutic alternative in cancer treatment. However, access to this therapy is unequal in countries with heterogeneous incomes. Objective: Compare the mAb approved for cancer in the USA with those already approved in Brazil, as well as to discuss, through the mechanism of action, the available therapeutic alternatives. Method: The list of mAb approved by the US FDA were collected from previously publication and the agency’s site. Mechanism of action, date of approval and clinical indications were obtained from the drug labels on the FDA website and the date of ANVISA approval was obtained from this agency's website. The drugs were organized according to their structural characteristics (murine, chimeric, humanized and human) and separated into four major groups, according to their mechanism of action. Results: Until 2022, 48 mAb have been approved for cancer by the FDA. Of these, 37 have already been approved by ANVISA for use in Brazil, with an average time between approval abroad and in Brazil close to two years. The majority of these mAb are human or humanized (77%) and vary greatly in terms of their mechanism of action, with the B lymphocyte antigen CD20 and the immune checkpoint PD-1/PD-L1 as the main targets of the mAb evaluated. Conclusion: Although some drugs approved abroad are not yet approved in Brazil, the delay in the registration does not seem to be related to ANVISA's delay. Furthermore, for most of the cases of drugs not yet approved in Brazil, therapeutic alternatives are available.

Key words: Brazilian Health Surveillance Agency; Drug Approval; Antineoplastic/standards; Antibodies, Monoclonal.

 

 

RESUMEN

Introducción: Los anticuerpos monoclonales (mAb) son una importante alternativa terapéutica en el tratamiento del cáncer. Sin embargo, el acceso a esta terapia es desigual en países con diferentes ingresos. Objetivo: Este trabajo buscó comparar los mAb aprobados para su uso contra el cáncer en los EUA con los ya aprobados en Brasil, así como discutir, por el mecanismo de acción, las alternativas terapéuticas disponibles. Método: La lista de mAb aprobados por la FDA fue recopilada de publicación anterior y complementada con datos presentes en el sitio web de esta agencia. El mecanismo de acción, la fecha de aprobación y las indicaciones clínicas se obtuvieron de los prospectos del medicamento en el sitio web de la FDA y los datos sobre la fecha de aprobación por parte de la Anvisa se obtuvieron de consultas en el sitio web de esta agencia. Los fármacos fueron tabulados y organizados según sus características estructurales (murinos, quiméricos, humanizados y humanos) y separados en cuatro grandes grupos, según su mecanismo de acción. Resultados: Hasta 2022, la FDA ha aprobado 48 mAb para su uso contra el cáncer. De ellos, 37 ya fueron aprobados por Anvisa para su uso en Brasil, con el tiempo promedio entre la aprobación en el extranjero y en Brasil es de alrededor de dos años. La mayoría de estos mAb son humanos o humanizados (77%) y varían mucho en cuanto a su mecanismo de acción, siendo el antígeno de linfocitos B CD20 y el checkpoint inmunológico PD-1/PD-L1 las principales dianas farmacológicas de los mAb evaluados. Conclusión: Aunque algunos medicamentos aprobados en el exterior aún no están aprobados en Brasil, la tardanza en ese registro no parece estar relacionada con demora por parte de Anvisa. Además, para la mayoría de los casos de estos medicamentos aún no aprobados en Brasil, existen alternativas terapéuticas disponibles.

Palabras clave: Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria; Aprobación de Drogas; Antineoplásico/normas; Anticuerpos Monoclonales.

 

 

INTRODUÇÃO

Após 25 anos da aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do primeiro fármaco anticorpo monoclonal (mAb – do inglês, monoclonal antibodies) para o tratamento do câncer (rituximabe), o uso desses fármacos biológicos já é uma realidade nos esquemas terapêuticos para essa doença1.

 

Estruturalmente, os mAb podem ser classificados em quatro tipos: murinos, quiméricos, humanizados e humanos (Figura 1a)4,5. Esses três últimos resultaram de algumas alterações nas formas de desenvolvimento, com a finalidade de aumentar a semelhança dos mAb com os anticorpos humanos e, assim, reduzir a ocorrência de eventos adversos comuns aos totalmente murinos2. Além disso, alguns mAb são conjugados a fármacos (ADC – Antibodies Conjugated to Drugs) ou radiomarcados, apresentando um papel importante no diagnóstico e na terapia, além de servirem para o direcionamento de fármacos citotóxicos até as células tumorais3.

 

Figura 1. a) Diferenças estruturais e de nomenclatura dos diversos mAb; b e c) Mecanismos de ação dos mAb utilizados no tratamento do câncer

Fonte: Adaptado de Lythgoe4, Weiner5, Chiavenna SM, Jaworski JP, Vendrell A6.

Legendas: mAb = anticorpos monoclonais; CCDA = citotoxicidade celular dependente de anticorpo; FCDA = fagocitose celular dependente de anticorpo; CDC = citotoxicidade dependente de complemento.

 

Quanto à ação desses fármacos no organismo, seus efeitos antitumorais podem ser mediados pela resposta imune ou pela ação direta do mAb (Figura 1b e 1c)6. Os mAb podem levar à citotoxicidade na célula cancerígena pela ativação da cascata do complemento para que ocorra a citólise ou pela ação de células efetoras do sistema imune, como as células natural killers, provocando a lise da célula marcada pelo mAb. Outra estratégia é marcar a célula tumoral para que ela sofra opsonização pelas células fagocíticas. Os mAb também podem ter efeitos diretos nas células cancerígenas, bloqueando a ligação de seus mediadores de sobrevivência ou inibindo a dimerização de um receptor e, assim, bloqueando um sinal de ativação, ou, ainda, induzindo um sinal apoptótico pela ligação ao receptor5.

 

Evidentemente, a eficiência dessa terapia trouxe grandes avanços no tratamento do câncer, mas a disponibilidade desses medicamentos nas diferentes regiões do mundo, bem como o poder aquisitivo do país e de sua população, impedem o acesso de grupos com menor renda a esses tratamentos7. Buscando esclarecer a situação brasileira nesse cenário, este trabalho traz um panorama atualizado sobre a disponibilidade no Brasil dessa terapia comparada com um país desenvolvido. Além disso, apresenta discussão pautada no mecanismo de ação e doença-alvo, a fim de verificar se a população brasileira possui alternativas terapêuticas baseadas em mAb para os fármacos dessa classe ainda não registrados/aprovados no Brasil.

 

MÉTODO

Estudo retrospectivo, no qual todos os novos fármacos mAb aprovados para o tratamento do câncer nos Estados Unidos da América (EUA) desde 1997 foram obtidos de um artigo de revisão5, combinados e complementados com dados presentes no site do Food and Drug Administration (FDA)8. Foram considerados somente medicamentos que continham novos mAb ou mAb com novos fármacos conjugados, sendo excluídos aqueles que apenas traziam novas associações de mAb já comercializados.

 

Para os mAb aprovados pelo FDA até 2022, variáveis como data de aprovação pelo FDA (primeiro registro do fármaco na agência), nome comercial, tipo de anticorpo monoclonal, mecanismo de ação e indicações clínicas foram extraídas integralmente das bulas dos medicamentos consultadas no site do FDA9, com última conferência em junho de 2023. A busca foi realizada pelo nome do fármaco no campo de busca Product names. A data de aprovação pela Anvisa foi obtida do site de consultas10, buscando pelo nome do fármaco, com última conferência em junho de 2023. Fármacos sem resposta na pesquisa foram considerados “não aprovados pela Anvisa” em oposição aos que tiveram resposta, e, portanto, “aprovados pela Anvisa”, com a primeira data de registro como data de aprovação pela Anvisa.

 

Os fármacos foram tabelados, organizados e quantificados conforme as suas características estruturais, assim como separados em quatro grandes grupos conforme o seu mecanismo de ação, para facilitar a discussão. A diferença entre os anos de aprovação Anvisa vs. FDA para cada fármaco definiu o tempo de demora para registro no Brasil. Foram considerados como “alternativa terapêutica” os fármacos mAb comercializados no Brasil que não são biossimilares e que possuem o mesmo mecanismo de ação ou mesmo câncer-alvo dos mAb apenas aprovados pelo FDA. Foram considerados fármacos descontinuados todos aqueles com registro Anvisa vencido ou aqueles não registrados no Brasil e que possuem comunicados públicos das empresas informando a descontinuação do medicamento.

 

De acordo com a Resolução n.º 510/201611, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), pesquisas que utilizam bases de dados públicas, sem identificação de pacientes, estão isentas da necessidade de análise ética.

 

RESULTADOS

A coleta de dados permitiu identificar que 48 mAb foram aprovados pelo FDA para tratamento de câncer até 2022 (Quadros 1 a 3). Entre os anos de 1997 e 2013, não mais que dois mAb antineoplásicos eram aprovados por ano, sendo que em cinco desses anos não houve aprovação de nenhum representante dessa classe de fármacos. Esse cenário mudou a partir de 2014, quando, em média, três mAb foram aprovados anualmente para o tratamento do câncer e, em todos os anos, foram aprovados ao menos dois mAb antitumorais.

 

Entre os 48 mAb apresentados, 8% são do tipo murino, 15%, quimérico, 33%, humano, e 44%, humanizado. Uma parcela considerável desses fármacos (13 mAb, 27%) possui algum outro agente antineoplásico conjugado ao anticorpo e quatro (8%) são biespecíficos, se ligando a dois antígenos diferentes. No Brasil, houve o registro e aprovação pela Anvisa de 37 (77%) dos 48 mAb aprovados pelo FDA. A média do intervalo de tempo entre a aprovação pela agência americana e pela Anvisa foi de aproximadamente dois anos, e, nos últimos cinco anos, esse tempo médio não passou de um ano e meio.

 

Entre os 48 mAb analisados, a indicação clínica mais comum foi carcinoma de pulmão de células não pequenas (NSCLC) com 11 mAb (23%) e carcinoma hepatocelular (HCC) com seis mAb (12,5%). Entretanto, o mieloma múltiplo (MM) teve mais fármacos (cinco mAb, 10%) aprovados exclusivamente para esse tumor. Os fármacos com mais indicações clínicas foram nivolumabe e pembrolizumabe (Quadros 2 e 3, respectivamente). Considerando o mecanismo de ação dos 48 fármacos, 10 mAb (20,8%) agem em checkpoints imunológicos/modulação da resposta imune, 16 mAb (33,4%) têm mecanismo relacionado com ação em células B, 10 mAb (20,8%) marcam ou se ligam a antígenos de membrana e 12 mAb (25%) agem em receptores do tipo tirosina quinase (Figura 2).

 

Quadro 1. Fármacos antineoplásicos do tipo anticorpo monoclonal murino e quimérico

Anticorpos monoclonais murinos

Nome do fármaco

Nome comercial

Aprovação FDA

Aprovação Anvisa

Indicação clínica

Ibritumomabe

tiuxitano

Zevalin

2002

-

NHL

Tositumomabe

Bexxar

2003

-

NHL

Blinatumomabe

Blincyto

2014

2017

ALL

Moxetumomabe pasudotox

Lumoxiti

2018

2020

HCL

Anticorpos monoclonais quiméricos

Nome do fármaco

Nome comercial

Aprovação FDA

Aprovação Anvisa

Indicação clínica

Rituximabe

Mabthera

1997

1998

NHL, CLL

Cetuximabe

Erbitux

2004

2006

mCRC, HNSCC

Brentuximabe vedotina

Adcetris

2011

2014

cHL; sALCL; pcALCL; PTCL

Dinutuximabe/

betadinutuximabe

Unituxin/ Qarziba*

2015

2021

NB

Isatuximabe

Sarclisa

2020

2021

MM

Margetuximabe

Margenza

2020

-

mBrC

Mirvetuximabe soravtansina

Elahere

2022

-

OVC, FTC, PPC

Legendas: NHL = linfoma não-Hodgkin; ALL = leucemia linfocítica aguda; HCL = leucemia de células pilosas; CLL = leucemia linfocítica crônica; mCRC = câncer colorretal metastático; HNSCC = carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço; cHL = linfoma Hodgkin clássico; sALCL = linfoma anaplásico sistêmico de grandes células; pcALCL = linfoma anaplásico cutâneo primário de grandes células; PTCL = linfomas periféricos de células T; NB = neuroblastoma; MM = mieloma múltiplo; mBrC = câncer de mama metastático; OVC = câncer de ovário, FTC = câncer de tuba uterina; PPC = câncer peritoneal primário.

*No Brasil, o fármaco dinutuximabe é vendido como betadinutuximabe (Qarziba®).

 

 

Quadro 2. Fármacos antineoplásicos do tipo anticorpo monoclonal humano

Nome do fármaco

Nome comercial

Aprovação FDA

Aprovação Anvisa

Indicação clínica

Panitumumabe

Vectibix

2006

2010

mCRC

Ofatumumabe

Arzerra

2009

2015

CLL

Ipilimumabe

Yervoy

2011

2012

RCC, mCRC, HCC, NSCLC, mMEL, MPM

Ramucirumabe

Cyramza

2014

2016

mGC, NSCLC, mCRC, HCC

Nivolumabe

Opdivo

2014

2016

MEL, NSCLC, MPM, RCC, CRC, HCC, ESCC, HNSCC, UC

Daratumumabe

Darzalex/

Dalinvi*

2015

2017

MM

Necitumumabe

Portrazza

2015

-

NSCLC

Olaratumabe

Lartruvo

2016

2017

STS

Avelumabe

Bavencio

2017

2018

MCC, UC, RCC

Durvalumabe

Imfinzi

2017

2017

NSCLC, BTC, SCLC

Cemiplimabe

Libtayo

2018

2019

cSCC, BCC e NSCLC

Enfortumabe vedotina

Padcev

2019

2022

mUC

Amivantamabe

Rybrevant

2021

2021

NSCLC

Tisotumabe vedotina

Tivdak

2021

-

CVC

Nivolumabe + relatlimabe

Opdualag

2022

-

mMEL

Tremelimumabe

Imjudo

2022

2023

HCC, NSCLC

Legendas: CLL = leucemia linfocítica crônica; mCRC = câncer colorretal metastático; mMEL = melanoma metastático; mGC = carcinoma gástrico metastático; CRC = carcinoma colorretal; HCC = carcinoma hepatocelular; NSCLC = carcinoma de pulmão de células não pequenas; SCLC = carcinoma de pulmão de células pequenas; MEL = melanoma; UC = carcinoma urotelial; mUC = carcinoma urotelial; HNSCC = carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço; RCC = carcinoma de células renais; MM = mieloma múltiplo; BTC = carcinoma do trato biliar; STS = sarcoma de tecidos moles; MCC = carcinoma de células Merkel; cSCC = carcinoma espinocelular cutâneo; BCC = carcinoma basocelular; CVC = câncer cervical; MPM = mesotelioma pleural maligno; ESCC = carcinoma esofágico de células escamosas.

*No Brasil, o fármaco daratumumabe é vendido como Dalinvi®.

 

 

Quadro 3. Fármacos antineoplásicos do tipo anticorpo monoclonal humanizado

Nome do fármaco

Nome comercial

Aprovação FDA

Aprovação Anvisa

Indicação clínica

Trastuzumabe

Herceptin

1998

1999

BrC, mGC

Gentuzumabe ozogamicina

Mylotarg

2000 e 2017

2001 e 2021

AML

Alemtuzumabe

Campath

2001

2006

CLL

Bevacizumabe

Avastin

2004

2005

mCRC, NSCLC, mBrC, mRCC, GBM

Pertuzumabe

Perjeta

2012

2013

mBrC

Trastuzumabe entansina

Kadcyla

2013

2014

mBrC

Obinutuzumabe

Gazyva

2013

2015

CLL, FL

Pembrolizumabe

Keytruda

2014

2016

MEL, SCLC, HL, NSCLC, HNSCC, PMBCL, CRC, GC, CVC, EC, TNBC, UC, MCC, HCC, RCC, cSCC, ESCA, MSI-H, dMMR, TMB-H

Elotuzumabe

Empliciti

2015

2017

MM

Atezolizumabe

Tecentriq

2016

2017

UC, NSCLC, SCLC, HCC, MEL

Inotuzumabe ozogamicina

Besponsa

2017

2019

ALL

Polatuzumabe vedotina

Polivy/

RoPolivy

2019

2019

DLBCL

Trastuzumabe deruxtecano

Enhertu

2019

2021

BrC

Sacituzumabe

govitecano

Trodelvy

2020

2022

TNBC, mUC

Tafasitamabe

Monjuvi

2020

-

DLBCL

Belantamabe mafodotina

Blenrep

2020

-

MM

Naxitamabe

Danyelza

2020

2023

NB

Loncastuximabe tesirina

Zynlonta

2021

-

DLBCL

Dostarlimabe

Jemperli

2021

2022

EC

Teclistamabe

Tecvayli

2022

2023

MM

Mosunetuzumabe

Lunsumio

2022

-

FL

Legendas: AML = leucemia mieloide aguda; BrC = câncer de mama; mBrC = câncer de mama metastático; CLL = leucemia linfocítica crônica; FL = linfoma folicular; mCRC = câncer colorretal metastático; CRC = carcinoma colorretal; mGC = carcinoma gástrico metastático; GC = câncer gástrico; HCC = carcinoma hepatocelular; NSCLC = carcinoma de pulmão de células não pequenas; SCLC = carcinoma de pulmão de células pequenas; MEL = melanoma; UC = carcinoma urotelial; mUC = carcinoma urotelial; HNSCC = carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço; mRCC = carcinoma de células renais metastático; RCC = carcinoma de células renais; ESCA = carcinoma de esôfago; TNBC = câncer de mama triplo negativo; ALL = leucemia linfocítica aguda; MM = mieloma múltiplo; HL = linfoma Hodgkin; NB = neuroblastoma; MCC = carcinoma de células Merkel; cSCC = carcinoma espinocelular cutâneo; DLBCL = linfoma difuso de grandes células B; EC = câncer de endométrio; GBM = glioblastoma; PMBCL = linfoma primário de células B do mediastino, MSI-H = tumores sólidos com alta instabilidade de microsatélites; dMMR = tumores sólidos com disfunção nos genes de reparo; TMB-H = tumores sólidos com alta taxa de mutação tumoral.

 

Figura 2. Representação dos mecanismos de ação dos fármacos mAb utilizados no tratamento do câncer

Legenda: mAb = anticorpos monoclonais.

*Fármacos removidos do mercado.

 

DISCUSSÃO

As terapias com mAb revolucionaram o tratamento de doenças como o câncer, por sua alta especificidade atrelada a poucos efeitos colaterais. No entanto, o acesso a essa classe de medicamentos no Brasil é bastante limitado em razão de seu alto custo, sendo um obstáculo aos pacientes12.

 

Nos últimos dez anos, houve um aumento significativo na aprovação de novas terapias com mAb para o câncer tanto no Brasil quanto nos EUA13. Verificou-se que mais de 70% (35 de 48 no FDA e 29 de 35 na Anvisa) dos mAb antineoplásicos foram aprovados para uso em humanos na última década. Entretanto, alguns desses fármacos (5 de 48, 10%) não são mais comercializados para o tratamento do câncer. Razões comerciais são comumente utilizadas como justificativa para empresas retirarem seus produtos do mercado, como é o caso dos fármacos tositumomabe14, necetumumabe15, alemtuzumabe16 e ofatumumabe17. Para esses dois últimos, as empresas investiram na aprovação no FDA e na Anvisa para outra doença, a esclerose múltipla. Para além de questões de mercado, o fármaco olaratumabe também foi descontinuado por falta de eficácia terapêutica18. Um último caso envolve o fármaco gentuzumabe que teve um histórico de aprovação, retirada do mercado por questões comerciais e nova aprovação para o mesmo tratamento anos depois19.

 

Quando analisados os fármacos aprovados pelo FDA e ainda não aprovados pela Anvisa (11 de 48, 23%), apenas três foram lançados há mais de cinco anos (sendo dois deles já com uso descontinuado), os outros oito mAb foram apenas recentemente aprovados pelo FDA (menos de três anos). Portanto, embora leve em média até dois anos para que os mAb aprovados no exterior sejam aprovados no Brasil, aparentemente não há uma situação de falta de interesse no mercado brasileiro.

 

Considerando os fármacos ainda não aprovados no Brasil, o fármaco mirvetuximabe não possui outro mAb aprovado com mesmo mecanismo de ação. Ele é indicado para o tratamento de cânceres de ovário, de tuba uterina ou peritoneal. Seu mecanismo de ação (Figura 2c) envolve a ligação ao receptor de folato alfa (Frα) e a atividade citotóxica do agente conjugado ravtansina (DM4)20. No entanto, dostarlimabe (Figura 2a)21 e pembrolizumabe (Figura 2a) podem ser utilizados em associação a outros medicamentos para o tratamento de câncer de ovário. A associação com outros agentes antineoplásicos se faz necessária, uma vez que esses mAb que agem no checkpoint imunológico PD-1/PD-L1 possuem modesta ação como monoterapia para esse câncer22. Embora não conste na bula do medicamento, o inibidor de angiogênese bevacizumabe (se liga ao VEGFA – fator de crescimento endotelial vascular, Figura 2d) também pode ser utilizado em combinações medicamentosas para tratamento do câncer de ovário23.

 

Ainda abordando cânceres que acometem mulheres, para o câncer de mama não foi registrado no Brasil o margetuximabe (Figura 2d). Porém, já estão disponíveis no mercado brasileiro medicamentos com os mAb pertuzumabe e trastuzumabe (Figura 2d), que possuem o mesmo mecanismo de ação. Esses três mAb agem se ligando ao receptor de fator de crescimento epidérmico 2 (HER2). Além disso, podem desencadear a citotoxicidade celular dependente de anticorpos (CCDA)24. Para os tumores de câncer de mama triplo-negativo há apenas o sacituzumabe (Figura 2c), que é um mAb acoplado ao inibidor de topoisomerase I (SN-38, metabólito ativo do irinotecano) e que se liga ao antígeno do trofoblasto Trop-2 expresso na maioria dos cânceres de mama25.

 

Quando analisados os tratamentos baseados em mAb para linfoma não Hodgkin, no Brasil ainda não houve o registro do ibritumomabe, porém o rituximabe, que se liga ao mesmo alvo (CD-20)26 (Figura 2b), está disponível para o tratamento de brasileiros acometidos pela doença. Se ligando ao mesmo alvo, porém com indicação para linfoma folicular, há disponível mundialmente dois fármacos mAb, obinutuzumabe e mosunetuzumabe (Figura 2b)27. No entanto, este último ainda não possui registro na Anvisa.

 

Outro câncer que acomete células B é o linfoma difuso de grandes células B (DLBCL). Recentemente, três mAb (Figura 2b) passaram a fazer parte do arsenal terapêutico dessa doença e, dos três, apenas o polatuzumabe já tem aprovação para uso no Brasil, na sua forma conjugada com um agente antimitótico (monometil auristatina E – MMAE)28. Por sua vez, os fármacos tafasitamabe e loncastuximabe têm como alvo o CD-19, que é comumente superexpresso em células B tumorais, e o primeiro ativa a CCDA29 e o segundo libera seu agente de intercalação de DNA (tesirine, SG3199) para induzir a morte da célula tumoral30.

 

Quanto aos pacientes com MM, desde 2015 existem mAb para o tratamento dessa malignidade. Entre os cinco fármacos mAb já aprovados pelo FDA para MM, o elotuzumabe (Figura 2c) age tanto ativando as células natural killer, quanto marcando células plasmáticas tumorais pela ligação à proteína SLAMF731. Já os fármacos isatuximabe e daratumumabe (Figura 2c) se ligam ao cluster de diferenciação CD38 e desencadeiam a CCDA32. Além desses dois alvos, o tratamento de MM baseado em mAb pode ser pela ligação ao antígeno de maturação de células B (BCMA)31. Neste caso, dois fármacos foram recentemente aprovados pelos FDA, teclistamabe e belantamabe (Figura 2b), e este último ainda não possui aprovação de uso pela agência regulatória brasileira. Belantamabe é um mAb conjugado ao agente antimitótico MMAE33, enquanto o teclistamabe é biespecífico se ligando também ao CD3 de células T e, assim, direciona essas células para desencadear a lise da célula tumoral que contém BCMA34.

 

Um outro medicamento ainda não registrado na Anvisa é o tisotumabe (Figura 2c). Tal mAb é conjugado ao agente antimitótico MMAE e se liga ao fator tecidual da célula tumoral. Essa glicoproteína de membrana está superexpressa em células de câncer cervical e está associada ao mau prognóstico da doença35. Embora o tisotumabe seja uma terapia de primeira linha, outros fármacos mAb podem ser utilizados, como o pembrolizumabe36.

 

Um último mAb ainda não aprovado para uso no Brasil é o relatlimabe, que é capaz de bloquear LAG-3, proteína que regula negativamente as células T (Figura 2a). Esse mAb é vendido em associação com o nivolumabe (anti-PD-1) para tratamento de melanoma metastático (mMEL), atuando de forma sinérgica para manutenção da atividade das células T contra a célula tumoral37. Essa não é a única alternativa terapêutica baseada em mAb para mMEL. Pembrolizumabe e ipilimumabe foram anteriormente aprovados para o tratamento desse câncer38. Esse último também previne o sinal de inibição de células T, porém por meio da ligação ao antígeno 4 de linfócito T citotóxico (CTLA-4)39.

 

Analisando todos os fármacos mAb aprovados para câncer e ainda em comercialização, uma das principais indicações clínicas dos fármacos mAb é para NSCLC40. Sete deles agem mantendo o processo de ação antitumoral das células T, no qual pembrolizumabe, nivolumabe, cemiplimabe, atezolizumabe e durvalumabe (Figura 2a) agem se ligando ao sistema PD-1/PD-L1 e ipilimumabe e tremelimumabe se ligam ao CTLA-4 (Figura 2a)41. Ainda há dois mAb que agem inibindo a angiogênese, ramucirumabe e bevacizumabe (Figura 2c)42. Além disso, há o anticorpo biespecífico amivantamabe (Figura 2c) que bloqueia o processo de sinalização de divisão celular43.

 

Outros fármacos ainda não discutidos neste trabalho têm indicação para outros tipos de câncer. Por exemplo, dinutuximabe e naxitamabe (Figura 2c) se ligam ao glicoesfingolipídeo de membrana GD2 em células tumorais de neuroblastomas, levando à CCDA44. Além deles, o gemtuzumabe (Figura 2c) é um mAb conjugado ao agente citotóxico de ligação ao DNA caliqueamicina que se liga ao CD33 presente nos mieloblastos leucêmicos em pacientes com leucemia mieloide aguda45.

 

Ainda há outros mAb que estão relacionados às células B (Figura 2b). Inotuzumabe e blinatumomabe (Figura 2b) são indicados para leucemia linfocítica aguda. O primeiro é um mAb conjugado ao agente antitumoral caliqueamicina que se liga ao CD22, enquanto o segundo é um antígeno biespecífico que se liga tanto ao CD19 quanto ao CD3 dirigindo a ação das células T efetoras contra o tumor46. Para leucemia de células pilosas, há o moxetumomabe que também é um anticorpo conjugado (exotoxina A de pseudomonas, PE38) que se liga ao CD2247. Além destes, o brentuximabe (Figura 2b) também é um mAb conjugado ao MMAE que se liga à proteína CD30, sendo indicado para linfoma de Hodgkin e linfoma anaplásico sistêmico de grandes células (ALCL)48.

 

Para cânceres que acometem o sistema geniturinário, o enfortumabe (Figura 2c) e o avelumabe (inicialmente aprovado para carcinoma de Merkel49, Figura 2a) podem ser utilizados para carcinoma urotelial, bem como o sacituzumabe, já citado anteriormente para tratamento de câncer de mama. O primeiro é um mAb conjugado com MMAE que se liga ao receptor de superfície celular nectina-450, enquanto o segundo age no checkpoint imunológico PD-1/PD-L151.

 

Por fim, ainda não foram mencionados dois fármacos que se ligam ao receptor epidérmico humano HER1, panitumumabe e cetuximabe. Além de se ligarem ao mesmo receptor, esses dois mAb também possuem indicação clínica em comum, o câncer colorretal52.

 

CONCLUSÃO

A disponibilidade de fármacos mAb para tratamento de câncer no Brasil vem crescendo na última década em consonância com os EUA. Os fármacos ainda não registrados no país, na sua grande maioria, foram apenas recentemente aprovados pelo FDA. Em vista disso, a não disponibilidade desses fármacos no mercado brasileiro aparenta não estar atrelada à demora de registro pela Anvisa, que vem reduzindo esse tempo de análise para registro nos últimos anos. Além disso, na maioria dos casos, há alternativas terapêuticas baseadas em mAb para os fármacos ainda não comercializados no Brasil.

 

 

CONTRIBUIÇÕES

Júlia Teixeira de Menezes e Fernando Fumagalli contribuíram substancialmente na concepção e no planejamento do estudo; na obtenção, análise e interpretação dos dados; na redação e revisão crítica. Vanessa da Costa Flores e Maria Carolina Theisen contribuíram na concepção e no planejamento do estudo; na redação e revisão crítica. Todos os autores aprovaram a versão final a ser publicada.

 

 

DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES

Nada a declarar.

 

 

FONTES DE FINANCIAMENTO

Não há.

 

 

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Recebido em 26/12/2023

Aprovado em 14/3/2024

 

Editor-associado: Mario Jorge Sobreira da Silva. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-0477-8595

Editora-científica: Anke Bergmann. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-1972-8777

 

 

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