ARTIGO ORIGINAL

 

Letramento Funcional em Saúde e Fatores Associados em Pacientes com Câncer de um Hospital Universitário

Functional Health Literacy and Associated Factors in Cancer Patients at a University Hospital

Alfabetización Funcional en Salud y Factores Asociados en Pacientes con Cáncer de un Hospital Universitario

 

https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2024v70n1.4497

 

Nayara Fernandes Paes1; Camila Theodoro das Neves2; Karoliny Teles Martins Demartini3; Marcela Miranda Salles4; Gilberto Barcelos Souza5; Fabíola Giordani6

 

1,2,3Universidade Federal Fluminense (UFF). Niterói (RJ), Brasil. E-mails: nayarafpaes@gmail.com; camila.th.neves@gmail.com; karoliny.demartini@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-7641-3341; Orcid iD: https://orcid.org/0000-0003-4905-4934; Orcid iD: https://orcid.org/0009-0002-3023-0926

4,5Hospital Universitário Antônio Pedro. Niterói (RJ), Brasil. E-mails: celafarma@yahoo.com.br; gilberto.barcelos.souza@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-4339-5546; Orcid iD: https://orcid.org/0009-0004-3460-6219

6Instituto de Saúde de Nova Friburgo. Nova Friburgo (RJ), Brasil. UFF. Niterói (RJ), Brasil. E-mail: fabiolagiordani@id.uff.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0003-2919-856X

 

Endereço para correspondência: Fabíola Giordani. Rua Doutor Silvio Henrique Braune, 22 – Centro. Nova Friburgo (RJ), Brasil. CEP 28625-650. E-mail: fabiolagiordani@id.uff.br

 

 

RESUMO

Introdução: O letramento funcional em saúde (LFS) é a capacidade de um indivíduo compreender informações de saúde, influenciando o envolvimento em práticas preventivas, detecção precoce e gestão de doenças crônicas, além do acesso aos serviços de saúde. Objetivo: Identificar os níveis de LFS e as variáveis associadas nos pacientes em tratamento ambulatorial antineoplásico endovenoso. Método: Entre julho de 2020 e março de 2021, 116 pacientes em terapia antineoplásica endovenosa responderam a um questionário sociodemográfico de saúde e a um instrumento de avaliação de LFS. A variável dependente deste estudo foi o nível de LFS dos entrevistados, enquanto as variáveis independentes foram suas características sociodemográficas, de saúde e relação profissional-paciente. Resultados: Cerca de 54% apresentaram LFS inadequado ou limítrofe. A análise revelou que a chance de ter LFS limitado era maior em pacientes mais velhos (OR 1,05), naqueles recebendo quimioterapia pela primeira vez (OR 4,57) e entre pessoas com educação até o ensino fundamental (OR 23,42). Conclusão: O estudo destaca grupos prioritários que requerem atenção especializada e orientações detalhadas para aprimorar o cuidado, especialmente pacientes em início de tratamento contra o câncer.

Palavras-chave: Letramento em saúde/estatística & dados numéricos; Educação em Saúde; Fatores Sociais; Neoplasias/enfermagem.

 

 

ABSTRACT

Introduction: Functional health literacy (FHL) is an individual’s ability to comprehend health information, influencing the engagement in preventive practices, early disease detection, management of chronic illnesses, and access to healthcare services. Objective: To identify FHL levels and associated variables in patients undergoing intravenous antineoplastic outpatient treatment. Method: Between July 2020 and March 2021, 116 patients undergoing intravenous antineoplastic therapy responded to a sociodemographic and health questionnaire, along with an FHL assessment tool. The dependent variable in this study was the level of LFS (Life Satisfaction) of the interviewees, while the independent variables were their sociodemographic, health, and professional-patient relationship characteristics. Results: Around 54% presented inadequate or borderline FHL. The analysis revealed higher odds of limited FHL among older patients (OR 1.05), those receiving chemotherapy for the first time (OR 4.57), and individuals with education up to elementary school (OR 23.42). Conclusion: The study highlights priority groups that require specialized attention and detailed guidance to improve care, especially patients at the beginning of cancer treatment.

Key words: Health Literacy/statistics & numerical data; Health Education; Social Factors; Neoplasms/nursing.

 

 

RESUMEN

Introducción: La alfabetización funcional en salud (AFS) es la capacidad de un individuo para comprender información de salud, lo que influye en su participación en las prácticas preventivas, la detección temprana y el manejo de enfermedades crónicas, así como en el acceso a servicios de salud. Objetivo: Identificar los niveles de AFS y variables asociadas en pacientes sometidos a tratamiento ambulatorio antineoplásico intravenoso. Método: Entre julio de 2020 y marzo de 2021, 116 pacientes en terapia antineoplásica intravenosa respondieron a un cuestionario sociodemográfico y de salud, y a un instrumento de evaluación de AFS. Resultados: Alrededor del 54% mostró un AFS inadecuado o límite. El análisis reveló que la probabilidad de tener un AFS limitado era mayor en pacientes de mayor edad (OR 1,05), en aquellos recibiendo quimioterapia por primera vez (OR 4,57) y entre personas con educación hasta la escuela primaria (OR 23,42). Conclusión: El estudio destaca grupos prioritarios que requieren atención especializada y orientación detallada para mejorar el cuidado, especialmente en pacientes que inician tratamiento contra el cáncer.

Palabras clave: Alfabetización en Salud/estadística & datos numéricos, Educación en Salud; Factores Sociales; Neoplasias/enfermería.

 

 

INTRODUÇÃO

O termo letramento em saúde (health literacy) surgiu pela primeira vez na década de 19701 e corresponde à “competência, conhecimento e motivação dos indivíduos em acessar, compreender, avaliar e aplicar as informações de saúde na tomada decisão sobre cuidados com a saúde, prevenção de doenças e promoção da saúde para manter e melhorar a qualidade de vida”2. A denominação letramento funcional em saúde (LFS) também é usada na literatura de forma intercambiável com letramento em saúde3, e a funcionalidade, neste caso, se refere à capacidade do indivíduo de utilizar a leitura, escrita e o cálculo sempre que for preciso realizar determinada atividade ou construir novos aprendizados necessários ao seu desenvolvimento e contexto pessoal4.

 

Um estudo realizado em países europeus evidenciou que 47% da população apresenta limitações em LFS5. Nos Estados Unidos, 53% dos americanos possuem um nível intermediário em LFS, ou seja, são capazes de lidar com a maioria das informações numéricas e textos relacionados à saúde, embora possam ter dificuldades com problemas e documentos complexos6.

 

Indivíduos com baixo nível de LFS enfrentam diversos obstáculos ao utilizar os serviços de saúde, tais como: dificuldades na compreensão de instruções sobre o uso de medicamentos7, baixa adesão à terapia medicamentosa8, menor utilização de serviços de saúde, pior qualidade de vida, custos elevados de tratamentos9, esquecimento das informações transmitidas durante uma consulta médica10, maiores riscos de hospitalização e aumento do risco de mortalidade11.

 

A importância de se conhecer o nível de LFS é especialmente evidente entre os portadores de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)6, pois esses pacientes recebem um grande volume de informações12 e necessitam de cuidados médicos e farmacológicos contínuos13.

 

Há poucos estudos nacionais que abordam o nível de LFS em pacientes com câncer13,14. No entanto, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima a ocorrência de 704 mil novos casos de câncer por ano durante o triênio 2023-202515, tornando importante incentivar um nível adequado de LFS entre os portadores de neoplasias para garantir um acesso adequado ao sistema de saúde2.

 

A partir disso, o objetivo deste estudo é identificar os níveis de LFS dos pacientes atendidos no ambulatório de oncologia de um hospital universitário e verificar sua associação com fatores sociodemográficos, de saúde, e a relação entre pacientes e profissionais de saúde.

 

MÉTODO

Estudo transversal com pacientes atendidos em um ambulatório de oncologia de um hospital universitário do Estado do Rio de Janeiro, durante os meses de julho de 2020 a março de 2021.

 

Os critérios de inclusão foram pacientes maiores de 18 anos, de ambos os sexos, que receberam terapia antineoplásica endovenosa. Foram excluídos indivíduos com alterações neurológicas diagnosticadas; cuidados em saúde administrados por cuidadores; e autodeclarados analfabetos.

 

O tamanho da amostra foi calculado considerando a população de 173 participantes elegíveis e a estimativa de que 60% apresentariam LFS limitado, com nível de confiança de 95% e precisão de 5%, resultando em um número de 118 pacientes. A amostra foi selecionada de forma aleatória simples a partir dos atendidos no ambulatório de oncologia que preencheram os critérios de elegibilidade durante o período de julho de 2020 a março de 2021. Dois pacientes foram excluídos por conta da falta de dados completos, resultando em uma amostra final de 116 pacientes.

 

A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário sociodemográfico e de saúde, além de um instrumento para avaliação do nível de LFS dos indivíduos. As informações sociodemográficas e de saúde incluíam idade, município de residência, sexo, cor da pele, estado civil, escolaridade, renda, composição familiar, data do diagnóstico, número de hospitalizações no último ano, doença de base e outras comorbidades. Além disso, foram feitas perguntas relacionadas ao serviço de saúde: se algum profissional havia fornecido informações e orientações sobre o tratamento; se o paciente fazia perguntas sobre sua saúde, tratamento ou sobre alguma dúvida para esse profissional; e se o paciente considerava as informações e orientações recebidas suficientes para entender e se sentir seguro sobre seu tratamento.

 

O nível de LFS dos participantes foi aferido usando o instrumento Short Test of Functional Health Literacy in Adults (S-TOFHLA)16, validado e aplicado no Brasil17, que compreende uma etapa de compreensão de leitura e uma etapa de numeramento. A primeira consiste em 36 itens com instruções médicas que pretende avaliar o entendimento de informações em saúde. Na etapa de numeramento, quatro cartões são mostrados para avaliar habilidades de cálculos de horários de uso de medicamentos, reconhecimento da normalidade de uma taxa glicêmica, dado os valores de referência, e a data da próxima consulta, e o cálculo do horário de uma medicação dada em jejum. A pontuação ocorre da seguinte forma: para cada item correto de numeramento é atribuído um peso 7 (total de 28 pontos para essa seção) e para cada item de compreensão de leitura é atribuído um peso 2 (total de 72 pontos). O teste leva 12 minutos para ser aplicado e o nível de letramento é classificado em: inadequado (0-53 pontos); marginal (54-66 pontos) e adequado (67-100 pontos)16.

 

Os formulários foram testados em um estudo-piloto com seis pacientes (5% do tamanho amostral total), e o tempo médio de aplicação dos instrumentos de coleta de dados foi de cerca de 20 minutos. Mais detalhes sobre os instrumentos de coleta de dados podem ser encontrados na dissertação que deu origem à presente publicação18.

 

A variável dependente deste estudo foi o nível de LFS dos entrevistados, enquanto as variáveis independentes foram suas características sociodemográficas, de saúde e a relação profissional-paciente.

 

As variáveis quantitativas analisadas foram idade e pontuação do LFS e as qualitativas, sexo, cor da pele, escolaridade, renda familiar, situação conjugal, município de residência, situação ocupacional, doença de base, comorbidades, se estava realizando a primeira quimioterapia, se o paciente recebia orientação de algum profissional de saúde, qual profissional orientava, se costumava fazer perguntas ao profissional, se compreendia as orientações recebidas e os níveis de LFS. Nas análises finais, os níveis inadequado e limítrofe foram agrupados como LFS limitado.

 

Em seguida, realizou-se uma análise exploratória e descritiva dos dados utilizando frequências absolutas (n) e relativas (%) para as variáveis qualitativas, e mediana, com seu respectivo intervalo interquartil, para as variáveis quantitativas.

 

A relação entre as variáveis qualitativas e o desfecho foi avaliada por meio do teste do qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher, a fim de identificar associações, e o teste de Mann-Whitney (Wilcoxon rank-sum test) para a variável idade. As variáveis com p < 0,20 foram consideradas na próxima etapa da análise.

 

Procedeu-se com análises brutas e ajustadas por meio de regressão logística, com cálculos de odds ratio (OR) (brutas e ajustadas) e de seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%). As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando não houve sobreposição dos intervalos de confiança (p < 0,05).

 

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o número de parecer 3898539 (CAAE: 25835819.5.0000.5243) em conformidade com as recomendações das diretrizes de ética relacionadas aos estudos que envolvem seres humanos de acordo com a Resolução nº. 466/201219 do Conselho Nacional de Saúde, e realizada somente após a concordância do participante com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e sua assinatura.

 

RESULTADOS

Dos 116 participantes que realizaram o teste de LFS, 85 (73,3%) eram do sexo feminino, com predominância de idade até 59 anos. A maioria era de cor não branca (62,1%), sem companheiro (53,4%) e residente em Niterói (54,3%). Um total de 56 dos entrevistados (50%) cursou o ensino médio, 43,1% estavam empregados e 44% relataram renda familiar entre um e três salários-mínimos.

 

Quanto à doença de base, o câncer de mama (31,9%) foi o diagnóstico mais prevalente, seguido por doença hematológica (25,9%). A maioria era portadora de comorbidades, sendo hipertensão (44,8%), diabetes e doença metastática (ambas 14,7%) as mais frequentes. Além disso, 17 pacientes relataram estar realizando a primeira infusão da quimioterapia no momento da entrevista (Tabela 1).

 

Quando questionados acerca das orientações que receberam sobre suas doenças e tratamentos, 100 participantes afirmaram ter recebido explicações de algum profissional do setor (86,2%). O médico foi o membro da equipe mais citado (72,4%), seguido por enfermeiros e técnicos de enfermagem (25,9%) e nutricionista (25,9%). Ao serem questionados se costumam fazer perguntas e esclarecer dúvidas com os profissionais, 68,1% responderam afirmativamente e 59,5% relataram que entendiam as informações recebidas, enquanto 39,7% afirmaram entender “às vezes” (Tabela 2).

 

No que diz respeito ao nível de LFS (Tabela 3), 53 (45,7%) pacientes apresentaram LFS adequado e 63, limitado – sendo 36,2% considerados inadequado e 18,1%, limítrofe. Na seção de numeramento, a pontuação mediana foi de 14 pontos (duas questões corretas). Destaca-se que cinco indivíduos não pontuaram nessa etapa e 17 acertaram apenas uma das questões. Já na parte de compreensão de leitura, a pontuação mediana foi 46 pontos. Apenas seis entrevistados atingiram os 100 pontos máximos do instrumento.

 

Tabela 1. Perfil sociodemográfico e de saúde dos pacientes que realizaram tratamento antineoplásico endovenoso no ambulatório de oncologia de um hospital universitário (n = 116)

Características

n

%

Sexo

Feminino

Masculino

 

85

31

 

73,3

26,7

Idade (em anos)

Até 59 anos

60 ou mais

 

69

47

 

59,5

40,5

Cor da pele

Branca

Não branca

 

44

72

 

37,9

62,1

Escolaridade

Até ensino fundamental 1

Ensino fundamental 2

Ensino médio

Superior (incompleto ou completo)

 

19

22

58

17

 

16,4

19,0

50,0

14,6

Situação conjugal

Com companheiro(a)

Sem companheiro(a)

 

54

62

 

46,6

53,4

Município de residência

Niterói

São Gonçalo

Outros

 

63

40

13

 

54,3

34,5

11,2

Renda familiar *

Até 1 salário-mínimo

Mais de 1 até 3 salários-mínimos

Mais de 3 salários-mínimos

Não sabe/não informou

 

49

51

12

4

 

42,2

44,0

10,3

3,5

Situação ocupacional

Aposentado(a)/Pensionista

Desempregado(a)/Não trabalha

Do lar

Empregados

 

46

14

6

51

 

39,7

12,1

5,2

43,1

Doença de base (câncer)

Mama

Hematológico

Gastrointestinal

Pulmão

Geniturinário

Ginecológico

Hepatobiliar

Outros

 

37
30

19

13

6

4

3

4

 

31,9

25,9

16,4

11,2

5,2

3,4

2,6

3,4

Comorbidades

Sem comorbidades

Com comorbidades

Hipertensão

Diabetes
Doença metastática

Ansiedade/depressão

Doenças respiratórias

Outras doenças

 

45

71

52

17

17

10

2

24

 

38,8

61,6

44,8

14,7

14,7

8,6
1,7

20,7

Primeira quimioterapia

Sim

Não

 

17

99

 

14,7

85,3

(*) Salário-mínimo em julho de 2020, início da coleta de dados: R$ 1.039,00.

 

 

Tabela 2. Características da relação dos pacientes que realizaram tratamento antineoplásico endovenoso com os profissionais de saúde do serviço do ambulatório de oncologia de um hospital universitário (n = 116)

Informações sobre o serviço

n

%

Recebe orientação de algum profissional

Sim

Não

 

100

16

 

86,2

13,8

Qual(is) profissional(is)

Médico

Enfermeiro

Nutricionista

Farmacêutico

Técnico de enfermagem

Outros

 

84

30

30

9

4

5

 

72,4

25,9

25,9

7,8

3,5

4,3

Questiona profissional de saúde

Sim

Não

Às vezes

 

79

15

22

 

68,1

12,9

19,0

Compreende as orientações recebidas

Sim

Não

Às vezes

 

69

1

46

 

59,5

0,9

39,7

 

 

Tabela 3. Caracterização do nível de letramento funcional em saúde dos pacientes que realizaram tratamento antineoplásico endovenoso no ambulatório de oncologia de um Hospital Universitário (n = 116)

Seções

Pontuação

Numeramento

1º quartil

Mediana

3º quartil

 

14

14

21

Compreensão de leitura

1º quartil

Mediana

3º quartil

 

32

46

68

Nível de letramento funcional em saúde

n (%)

Inadequado

Limítrofe

Adequado

42 (36,2)

21 (18,1)

53 (45,7)

 

 

Na análise bivariada (Tabela 4), os piores níveis de LFS foram relacionados a maiores idades, menor escolaridade e pior relação com os profissionais do serviço (não recebiam orientações ou não faziam perguntas aos profissionais).

 

Tabela 4. Perfil sociodemográfico, de saúde e relação paciente-profissional de saúde por nível de letramento em saúde dos pacientes atendidos no ambulatório de oncologia de um hospital universitário. Niterói/RJ, 2020-2021 (n= 116)

Características

Adequado

Limitado

Total

p

Sexo

Feminino

Masculino

 

39 (45,9)

14 (45,2)

 

46 (54,1)

17 (58,8)

 

85 (73,3)

31 (26,7)

0,95

Mediana de idade (IIQ)a

 

55,0 (45,0-62,0)

60,0 (53,5-63,0)

58,5 (51,0-63,0)

0,01

Cor da pele

Branca

Não Branca

 

23 (52,3)

30 (41,7)

 

21(47,7)

42 (58,3)

 

44 (37,9)
72 (62,1)

0,27

Escolaridade

Até ensino fundamental 1

Ensino fundamental 2

Ensino médio

Superior (incompleto ou completo)

 

0 (0,0)

5 (22,7)

35 (60,3)

13 (76,5)

 

19 (100,0)

17 (77,3)

23 (39,7)

4 (23,5)

 

19 (16,4)

22 (19,0)

58 (50,0)

17 (14,7)

< 0,01

Situação conjugal

Com companheiro(a)

Sem companheiro(a)

 

25 (46,3)

28 (45,2)

 

29 (53,7)

34 (54,8)

 

54 (46,6)

62 (53,4)

0,90

Renda familiarb

Até 1 salário-mínimo

Mais de 1 até 3 salários-mínimos

Mais de 3 salários-mínimos

 

 

18 (36,7)

27 (52,9)

8 (66,7)

 

 

31 (63,7)

24 (47,1)

4 (33,3)

 

 

49 (43,8)

51 (45,5)

12 (10,7)

 

0,10

Primeira quimioterapia

Sim

Não

 

4 (23,5)

49 (49,5)

 

13 (76,5)

50 (51,5)

 

17 (14,7)

99 (85,3)

0,05

Recebe orientação de algum profissional

Sim

Não

 

 

50 (50,0)

3 (18,8)

 

 

50 (50,0)

13 (81,2)

 

 

100 (86,2)

16 (13,8)

0,04

Questiona profissional de saúde

Sim

Não

 


42 (53,2)

11 (29,7)

 


37 (46,8)

26 (70,3)

 


79 (68,1)

38 (32,5)

0,02

Compreende as orientações recebidas

Sim

Não

 

 

37 (53,6)

16 (34,0)

 

 

32 (46,4)

31 (66,0)

 

 

69 (59,5)

47 (40,5)

0,06

(a) IIQ = Intervalo interquatil; (b) 4 indivíduos não souberam informar a renda familiar.

 

 

No modelo final (Tabela 5), após análise de regressão logística, os resultados mostraram que idade, escolaridade e primeira quimioterapia mantiveram-se significativamente associados aos níveis de LFS limitado (inadequado e limítrofe). A chance de ter LFS limitado aumentou 5% a cada ano adicional de vida. Para pacientes que estavam recebendo quimioterapia pela primeira vez, a chance de LFS limitado foi 4,57 vezes do que aqueles que já haviam passado por tratamentos anteriores. E, entre os indivíduos que cursaram apenas até o ensino fundamental, a chance de níveis limitados de letramento foi de 23,42 vezes a daqueles que relataram ter ensino superior.

 

Tabela 5. Fatores sociodemográficos, de saúde e da relação paciente-profissional de saúde associados ao letramento em saúde inadequado ou limítrofe dos pacientes do ambulatório de oncologia de um hospital universitário. Niterói/RJ, 2020-2021 (n = 116)

Características

OR bruto (IC 95%)

OR ajustado (IC 95%)

Mediana de idade

1,05 (1,02-1,09)

1,05 (1,01-1,10)

Escolaridade

Até ensino fundamental

Ensino médio

Superior (incompleto ou completo)

 

23,40 (5,96-114,99)

2,14 (0,66-8,32)

-

 

23,42 (5,38-129,23)

1,99 (0,55-8,64)

-

Renda familiara

Até 1 salário-mínimo

Mais de 1 até 3 salários-mínimos

Mais de 3 salários-mínimos

 

2,83 (0,63-14,99)

1,71 (0,39-9,05)

-

 

Primeira quimioterapia

Sim

Não

 

3,18 (1,04-11,92)

-

 

4,57 (1,17-22,00)

-

Recebe orientação de algum profissional

Sim

Não

 

-

4,33 (1,30-19,74)

 

Questiona profissional de saúde

Sim

Não

 

-

2,68 (1,19-6,36)

 

Compreende as orientações recebidas

Sim

Não

 

-

2,24 (1,05-4,90)

 

Legendas: OR = odds ratio; IC = intervalo de confiança.

(a) Salário-mínimo em julho de 2020, início da coleta de dados: R$ 1.039,00.

 

 

DISCUSSÃO

A partir deste estudo, foi possível constatar que mais da metade dos pacientes submetidos à terapia antineoplásica endovenosa apresentaram LFS limítrofe ou inadequado, e os principais fatores associados foram idade avançada, baixa escolaridade e estar realizando o tratamento oncológico pela primeira vez.

 

Optou-se por utilizar o instrumento S-TOFHLA para avaliação do nível e letramento dos pacientes, pois, apesar de existirem instrumentos que medem o LFS de pacientes com câncer, como o de Dumenci et al.20, não foi encontrada nenhuma versão validada em português. Além disso, esses instrumentos são muito específicos para o câncer, e o presente trabalho considera importante que o paciente tenha autonomia para gerenciar não apenas seu tratamento oncológico, mas também outras situações de saúde que possa enfrentar. Embora haja o Recognizing and Addressing Limited PHarmaceutical literacy (RALPH)21, que busca avaliar o “letramento farmacêutico”, esse instrumento também não é validado no Brasil.

 

Pacientes com baixo LFS apresentam dificuldade para ler, compreender e interpretar a maioria dos materiais e das orientações de saúde. Isso pode resultar em erros na tomada de medicamentos, na compreensão inadequada de dietas e regimes de tratamento, entre outros problemas3.

 

O nível limitado de LFS encontrado neste estudo está em consonância com outras pesquisas realizadas no Brasil com pacientes que possuem doenças crônicas e que também utilizaram o mesmo instrumento. Passamai3 observou que 68,2% de uma amostra de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), na cidade de Fortaleza, Ceará, apresentavam LFS limitado. Chehuen Neto et al.13 identificaram 64,5% de pacientes com LFS limitado, incluindo oncológicos, em um estudo realizado em um centro de referência de atenção secundária em Juiz de Fora, Minas Gerais. No estudo de Lima et al.22, a maioria das pessoas idosas hipertensas apresentava LFS inadequado (59,7%).

 

Em relação às variáveis associadas, embora a renda familiar e a relação com o serviço tenham mostrado associação significativa com o nível de LFS, essa relação não se manteve na regressão múltipla. Já as variáveis idade e escolaridade apareceram como preditores de baixos níveis de LFS, assim como em diversos estudos3,12,13,22,23.

 

A idade pode ser fortemente relacionada ao letramento em saúde limitado, principalmente em estudos que avaliam o LFS por meio da compreensão de leitura e habilidades matemáticas, como é o caso do S-TOFHLA. Isso ocorre porque é comum que, com o passar dos anos, ocorra um declínio das habilidades cognitivas “fluidas”, como fluência verbal, memória de trabalho e raciocínio, que são essenciais para a realização das atividades diárias e para gestão da saúde do bem-estar do indivíduo24.

 

Além da perda cognitiva desencadeada pelo envelhecimento, pacientes oncológicos experimentam o chamado “comprometimento cognitivo induzido por quimioterapia”, o que acaba influenciando no entendimento e no processamento das informações. O chemobrain, como também é conhecido, é um fenômeno complexo, influenciado por diversos fatores, como classe da quimioterapia ou outro tratamento recebido, duração do tratamento, além de ansiedade e depressão relacionadas ao diagnóstico de câncer, desencadeando lapsos de memória, dificuldades de aprendizagem e problemas com foco, planejamento e multitarefas, afetando suas vidas pessoais e profissionais25.

 

A forte associação entre a escolaridade e o nível de LFS sugere que, embora o LFS e a escolaridade sejam medidas distintas, estimular a educação formal tem grande impacto na melhora do nível de LFS12. Apesar de o Brasil ter apresentado uma redução significativa do número de analfabetos, os índices de alfabetização no país ainda precisam melhorar. De acordo com o Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF), apenas 49% dos indivíduos que cursaram o ensino médio alcançaram o nível mais alto na escala de alfabetismo, o que evidencia que o fato de ter frequentado a escola não garante que adquiram habilidades suficientes para fazer uso da leitura e da escrita no dia a dia26.

 

A associação entre estar realizando a primeira quimioterapia e ter baixo nível de LFS permanece, independentemente do grau de escolaridade do participante. Pacientes oncológicos recém-diagnosticados recebem uma grande quantidade de informações técnicas sobre sua doença e opções de tratamento complexos27, podendo ser de difícil entendimento até mesmo para indivíduos com conhecimento suficiente sobre saúde2. Na Alemanha, um estudo de coorte multicêntrico com pacientes com câncer de mama revelou que o baixo letramento em saúde estava associado a níveis mais altos de medo da progressão da doença28. Além disso, pacientes com baixo nível de LFS tendem a evitar visitas médicas, ser mais fatalistas em relação ao câncer, possuem menos familiaridade e conhecimento sobre testes comuns de triagem do câncer e são menos propensos a procurar informações de saúde em fontes além dos médicos29.

 

Outro ponto importante a ser destacado foi a pontuação baixa na seção de numeramento do instrumento, o que pode comprometer os cálculos de doses, intervalos de administração de medicamentos, assim como o entendimento de riscos e benefícios de informações clínicas presentes na rotina de pacientes oncológicos. Dificuldades nessa dimensão do LFS tendem a ser mais prevalentes em indivíduos com menor escolaridade13.

 

A relação do paciente com o serviço e saúde é fundamental para o tratamento oncológico bem-sucedido. Ter uma equipe multidisciplinar à disposição é uma ótima estratégia para melhorar o atendimento do paciente. Cada profissional contribui com suas habilidades e conhecimentos específicos para educar o paciente sobre a doença, os objetivos do tratamento, como ele funciona, os possíveis efeitos colaterais e o manejo dos sintomas. O médico-oncologista geralmente é o primeiro profissional com quem o paciente e os cuidadores entram em contato ao receber o diagnóstico de câncer. Ao estabelecer uma relação de confiança desde o início, pode-se reduzir a ansiedade dos pacientes antes da primeira infusão de quimioterapia e abrir caminho para o restante da equipe, impactando positivamente o processo de educação do paciente30.

 

Os resultados deste estudo devem ser interpretados considerando algumas limitações. Em primeiro lugar, foi realizado em apenas um hospital, o que requer cautela ao generalizar os resultados. No entanto, é importante ressaltar que o hospital em questão é uma referência no atendimento de pacientes da Região Metropolitana II do Estado do Rio de Janeiro, recebendo pacientes de vários municípios, e, portanto, um grupo importante a ser estudado. Além disso, o desenho transversal do estudo não permite estabelecer relações causais entre as variáveis analisadas. Por fim, a saúde comprometida e a maior dificuldade em completar pesquisas podem limitar sistematicamente a participação de pessoas com baixo LFS em estudos de letramento em saúde.

 

CONCLUSÃO

No presente estudo, mais da metade dos pacientes entrevistados apresentaram limitado LFS. Este esteve associado à maior idade, menor escolaridade e ao fato de o indivíduo estar realizando o tratamento oncológico pela primeira vez. Tal resultado permite aos profissionais de saúde identificarem quais grupos prioritários necessitam de atenção mais especializada e orientações mais detalhadas, visando melhorar o cuidado do paciente com câncer.

 

 

CONTRIBUIÇÕES

Todos os autores contribuíram substancialmente na concepção e/ou no planejamento do estudo; na obtenção, análise e interpretação dos dados; na redação e revisão crítica; e aprovaram a versão final a ser publicada.

 

DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES

Nada a declarar.

 

FONTES DE FINANCIAMENTO

Nayara Fernandes Paes foi bolsista Capes durante a escrita deste artigo.

 

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Recebido em 18/12/2023

Aprovado em 7/2/2024

 

Editora-científica: Anke Bergmann. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-1972-8777

 

 

 

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