REVISÃO DE LITERATURA
Efetividade dos Exercícios sem Restrição de Amplitude de Movimento de Ombro no Pós-operatório de Câncer de Mama: Revisão Sistemática da Literatura
Effectiveness of Exercises without Restriction of Shoulder Range of Movement in the Postoperative Basis of Breast Cancer: Systematic Literature Review
Efectividad de los Ejercicios sin Restricción de la Amplitud de Movimiento del Hombro en el Postoperatorio del Cáncer de Mama: Revisión Sistemática de la Literatura
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2024v70n3.4702
Maria Paula Rodrigues Félix1; Caroline Andrade Ataide2; Nádia Oliveira Gomes3; Tito Lívio Cardoso Barreto4; Keyla de Paula Barbosa5
1,2,5Universidade de Brasília (UnB). Brasília (DF), Brasil. E-mails: maria-paula-felix@hotmail.com; carolinefisio.andrade@gmail.com; keylapaulab@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0009-0000-3956-5517; Orcid iD: https://orcid.org/0009-0002-9514-9782; Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-6858-7237
3Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGÉLICA). Anápolis (GO), Brasil. E-mail: ftnadiagomes@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0001-6667-7952
4Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Brasília (DF), Brasil. E-mail: titolivio.fce@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0001-7756-1023
Endereço para correspondência: Maria Paula Rodrigues Félix. SCN Q02 BL D SL 1111 – Asa Norte. Brasília (DF), Brasil. CEP 70710-000. E-mail: maria-paula-felix@hotmail.com
RESUMO
Introdução: O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente nas mulheres no mundo. Uma vez que a abordagem cirúrgica é uma escolha de tratamento para o câncer de mama, no pós-operatório, técnicas fisioterapêuticas podem ser empregadas para reabilitação, como a cinesioterapia. Objetivo: Revisar a efetividade de exercícios de membros superiores no pós-operatório de câncer de mama em relação à melhora de amplitude de movimento e função de membros superiores, ganho de força muscular e aparecimento de seroma. Método: Revisão de ensaios clínicos randomizados que avaliou os efeitos de um programa de exercícios sobre a amplitude de movimento, força muscular, função de membros superiores e seroma no braço e mama homolateral à cirurgia de câncer de mama em participantes do sexo feminino. Resultados: Foram encontrados 284 estudos nas bases de dados, dos quais cinco foram incluídos nesta revisão. Três artigos avaliaram a amplitude de movimento, dois, a incidência de seroma, outros dois, a função de membros superiores e um artigo, a força de membros superiores. Conclusão: Realizar uma intervenção imediata no pós-operatório de câncer de mama confere aos pacientes uma melhor amplitude de movimento para realização de suas atividades de vida diária e minimiza atrasos para as terapias adjuvantes. Iniciar o programa de exercícios no pós-operatório imediato, tanto no 1° ou 15° dia, quanto iniciar após a retirada de pontos e drenos, conforme previamente protocolado, terá a mesma probabilidade para formação de seroma.
Palavras-chave: Neoplasias da Mama/cirurgia; Exercício Físico; Amplitude de Movimento Articular; Força Muscular; Seroma/cirurgia.
ABSTRACT
Introduction: Breast cancer is the most common type of cancer in women worldwide. Since surgical approach is a treatment choice for breast cancer, in the postoperative, physiotherapeutic techniques can be used for rehabilitation, such as kinesiotherapy. Objective: To review the effectiveness of upper limb exercises in the postoperative period for breast cancer in improving range of motion and function of the upper limbs, gaining muscle strength and the appearance of seroma. Method: Review of randomized clinical trials that evaluated the effects of an exercise program on range of motion, muscle strength, upper limb function and seroma in the arm and breast ipsilateral to breast cancer surgery in female participants. Results: 284 studies were found in the databases, after eligibility, five studies were included in this review. Three articles evaluated range of motion, two evaluated the incidence of seroma, two articles evaluated the function of the upper limbs and one article the strength of the upper limbs. Conclusion: Performing an immediate intervention in the postoperative of breast cancer gives patients a better range of movement to carry out their activities of daily living, while minimizing delays for adjuvant therapies. Starting the exercise program immediately on the postoperative period, either on the 1st or 15th day, or starting after removing stitches and drains, as previously protocolled, will have the same probability of seroma formation.
Key words: Breast Neoplasms/surgery; Physical Exercise; Range of Motion, Articular; Muscle Strength; Seroma/surgery.
RESUMEN
O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente nas mulheres e ocupa o segundo lugar na lista dos cânceres que mais matam no mundo1. Para o Brasil, estimam-se 74 mil casos novos de câncer de mama para cada ano do triênio 2023-20252. Apesar dos altos números de incidência e mortalidade por câncer de mama, as possibilidades de tratamento vêm sendo ampliadas em face aos avanços tecnológicos e científicos, fazendo com que se perceba um aumento de tratamentos bem-sucedidos e de sobrevida3.
A abordagem cirúrgica é uma escolha de tratamento para o câncer de mama e está relacionada ao aumento da sobrevida. As cirurgias são divididas em conservadoras ou não conservadoras, e podem acarretar alterações funcionais, levando a impacto na qualidade de vida das pacientes. Entre esses comprometimentos, podem-se citar dor, linfedema, parestesia, perda da força muscular, retrações cicatriciais e diminuição da amplitude de movimento (ADM) do ombro homolateral à cirurgia4.
O papel da fisioterapia no tratamento de disfunções decorrentes do câncer de mama é de grande importância, propondo-se a minimizar ou reparar os efeitos das cirurgias. O fisioterapeuta tem como objetivo principal reabilitar a paciente oncológica, tratar as disfunções musculoesqueléticas para que suas atividades de vida diária possam ser retomadas, e, assim, resultar na melhora da qualidade de vida5.
A reabilitação precoce minimiza atrasos para as terapias adjuvantes, como a radioterapia, em que a paciente precisa adotar uma postura específica de flexão com abdução de ombro. Técnicas fisioterapêuticas podem ser empregadas na reabilitação da paciente com câncer de mama, entre elas, pode-se citar a cinesioterapia, uma prática voltada à terapia por meio dos movimentos que tem como objetivo restabelecer a funcionalidade da paciente6.
O presente estudo visa contribuir com um maior conhecimento para a prática clínica e proporcionar maior segurança para os fisioterapeutas para indicar exercícios no pós-operatório de mastectomia. Assim, o objetivo do presente estudo é revisar a efetividade de exercícios para membros superiores (MMSS), sem restrição de ADM de ombro a 90 graus, comparado a exercícios com a restrição ou que não iniciaram de forma precoce no pós-operatório de câncer de mama. Além disso, objetiva-se também avaliar a melhora da função de MMSS, ganho de força muscular, se há maiores repercussões pós-cirúrgicas quando não é limitado o movimento a 90 graus, e o aparecimento de seroma.
O protocolo para esta revisão sistemática foi pré-registrado no registro International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO)7, número CRD42021270451. Os critérios de elegibilidade foram desenvolvidos usando a abordagem Participantes, Intervenção, Comparador e Desfechos (PICO) (Quadro 1).
Quadro 1. Critérios de inclusão e exclusão
Inclusão |
Exclusão |
Participantes do sexo feminino |
Estudos que não especifiquem sexo dos participantes |
Estudos que avaliaram os efeitos de um programa de exercícios no pós-operatório com a indicação de realizar de forma imediata os exercícios comparados com grupos controles que tinham restrição da ADM ou que não iniciaram de forma precoce os exercícios |
Estudos que não especifiquem quando o programa de exercícios foi realizado (pós-operatório imediato ou tardio) |
Estudos que avaliaram a amplitude de movimento, força muscular, função de membros superiores e seroma no braço e mama homolateral à cirurgia |
Estudos em que os participantes possuam outras condições além do câncer de mama |
Ensaios clínicos randomizados publicados em inglês, português e espanhol |
Participantes com linfedema e em tratamento para linfedema |
Foram realizadas pesquisas nas bases de dados em março de 2022 usando combinações de Medical Subject Headings (MeSH), incluindo pluralização e variações ortográficas do inglês dos EUA/Reino Unido e sufixos/prefixos: Breast Cancer, Postoperative Period, Range of Motion, Articular, Exercise, Seroma, Muscle Strength, Motor activity, randomized controlled trial. As seguintes bases de dados foram as fontes de pesquisa: Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Cochrane Library, Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e PubMed (Quadro 2).
A avaliação de qualidade dos estudos incluídos nesta revisão foi realizada por meio da Escala PEDro8 (Quadro 3), trata-se de uma ferramenta da base de dados exclusiva para estudos que analisam a eficácia de intervenções em fisioterapia. Ela se baseia na lista de Delphi, desenvolvida por Verhagen et al.9, todavia inclui dois itens adicionais (os itens 8 e 10 da escala PEDro). O objetivo da escala PEDro é auxiliar os usuários da base de dados PEDro em relação à qualidade metodológica dos estudos controlados aleatorizados, além de avaliar se o estudo contém informações estatísticas mínimas para que os resultados possam ser interpretáveis10.
Quadro 2. Truncagens para buscas nas bases de dados
População |
Intervenção |
Desfechos |
Delineamento do estudo |
(“Neoplasm cancer” OR “Breast Cancer” OR “Breast Carcinoma*” OR “Breast Malignant” OR Neoplasm OR “Breast Malignant Neoplasms” OR “Breast Malignant Tumor*” OR “Breast Neoplasm” OR “Breast Tumor*” OR “Cancer of Breast” OR “Cancer of the Breast” OR “Cancer Breast” OR “Cancer* Mammary” OR “Carcinoma* Breast” OR “Carcinoma* Human Mammary” OR “Human Mammary Carcinoma*” OR “Human Mammary Neoplasm*” OR “Malignant Neoplasm of Breast” OR “Malignant Tumor of Breast” OR “Mammary Cancer*” OR “Mammary Carcinoma* Human” OR “Mammary Neoplasm* Human” OR “Neoplasm* Breast” OR “Neoplasm* Human Mammary” OR “Tumor* Breast”) AND (“Postoperative Period*” OR “Period* Postoperative”)
|
(Exercise* OR “Activity* Physical” OR “Acute Exercise*” OR “Aerobic Exercise*” OR “Exercise Training*” OR “Exercise* Acute” OR “Exercise* Aerobic” OR “Exercise* Isometric” OR “Exercise* Physical” OR “Isometric Exercise*” OR “Physical Activity*” OR “Physical Exercise*” OR “Training* Exercise”)
|
(seroma* OR “Range of Motion Articular” OR “Flexibility Joint” OR “Joint Flexibility” OR “Joint Range of Motion” OR “Passive Range of Motion” OR “Range of Motion” OR “Muscle Strength” OR “Strength Muscle” OR “Arthrogenic Muscle Inhibition*” OR “Inhibition Arthrogenic Muscle” OR “Muscle Inhibition Arthrogenic” OR “Motor function” OR “Motor Activity*” OR “Activity*, Motor”)
|
(“randomized controlled trial” OR “controlled clinical trial” OR “comparative study” OR “clinical trial” OR randomized OR randomly OR trial OR groups)
|
Figura 1. Fluxograma
A seleção de estudos foi realizada de forma independente por dois revisores (CA, MP) e um terceiro revisor (KP) resolveu todas as divergências. Após a seleção dos artigos, os dados foram extraídos e descritos na Tabela 1. A avaliação de qualidade dos estudos incluídos nesta revisão foi realizada por meio da escala PEDro (Quadro 3).
Autor(es), ano |
Amostra (n = idade em anos) |
Tipo de cirurgia n (%) |
Grupo Intervenção (GI) |
Grupo Controle (GC) |
Avaliação de resultados |
Resultados |
Cinar, Seckin, Keskin, et al. (2008)12
|
n = 57 GI: n = 27; (52,6 ± 12,2) GC: n = 30; (51,1 ± 13)
|
Mastectomia radical modificada (100%) |
No 1º dia de pós-operatório, o ombro foi posicionado em 65º de flexão, 45º a 64º de abdução e 65º de rotação interna em travesseiro de cunha, foram realizados exercícios ativos de ADM de mão e cotovelo sob supervisão de um fisioterapeuta; no 2º dia de pós-operatório, foram iniciados exercícios isométricos de mão e antebraço; no 3º e 4º dias, foram realizados exercícios ativos assistidos e ativos de flexão, abdução e ADM de rotação externa e interna da articulação do ombro; nos dias seguintes, foram realizados exercícios de alongamento passivo; após a retirada dos drenos, o grupo recebeu 15 sessões individuais de fisioterapia; exercícios em casa nas 8 semanas seguintes |
Após a remoção dos drenos, o grupo recebeu um formulário para realizar os exercícios em casa. Os formulários eram detalhados, mostrando e explicando os exercícios |
A ADM de ombro no lado operado foi mensurada pela goniometria de Myrin; para avaliar a função dos membros superiores, foi aplicado um questionário com perguntas sobre tarefas funcionais15 |
Diferenças ao longo do tempo nos movimentos de flexão, abdução e adução foram significativamente melhores no GI comparado ao GC (p < 0,01, p < 0,001, p < 0,005, respectivamente). As ADM médias de flexão e abdução retornaram aos valores próximos dos pré-operatórios mais rapidamente no GI em relação ao GC; a pontuação do questionário para função de membros superiores foi significativamente melhor no GI em comparação com o GC (p < 0,05). No GI, o escore do questionário funcional no sexto mês de seguimento foi menor que o basal, indicando que as pacientes apresentavam melhores funções dos membros superiores em relação ao período pré-operatório
|
Jansen, van Groot, Rottier, et al. (1990)13
|
n = 144 GI: n = 78 GC: n = 66 média de idade 59,2 anos
|
Mastectomia radical modificada (70,14%); dissecção de linfonodo axilar com (26,39%) ou sem lumpectomia (3,47%) |
Exercícios ativos de ombro no 1º dia de pós-operatório, os movimentos foram realizados sob a supervisão de um fisioterapeuta até atingir a barreira da dor (flexão, abdução, abdução horizontal e rotação externa) |
Braço imobilizado nos primeiros 7 dias com a tipoia Collar’n‘Cuff, quando estava fora do leito, e, quando estava na cama, o braço ficava apoiado em um travesseiro), os movimentos de punho e mão foram permitidos; exercícios de ombro a partir do 8º dia de pós-operatório sob supervisão de um fisioterapeuta até atingir a barreira da dor |
A função do ombro foi medida por um ou dois fisioterapeutas (flexão, abdução, abdução horizontal e rotação externa); a produção de drenagem de feridas de ambos os drenos foi anotada em um diário. Os drenos foram removidos quando a produção de drenos foi inferior a 30 ml/24 horas em 2 dias consecutivos, sem sinais de obstrução do dreno. No 14º dia de pós-operatório, todos os drenos foram retirados independente de sua produção
|
Seroma: as pacientes do GC tiveram 14% menos volume de drenagem da ferida (600 ± 436 ml vs. 701 ± 398 ml) do que pacientes do GI, mas essa diferença não foi estatisticamente significativa; todas as funções do ombro foram ligeiramente reduzidas 6 meses após a operação. A abdução foi reduzida em 7,7 ± 1,4º e a flexão por 7,7 ± 1, 1º. Abdução horizontal, rotação externa com o úmero em posição neutra e rotação externa com um úmero abduzido foram todos reduzidos em menos de 2º quando comparado com o lado contralateral |
Majed, Neimi, Youssef, et al. (2020)14
|
n = 60 GI: 30 GC: 30 Idade média: 35 e 42 anos |
Mastectomia radical modificada (100%) |
O GI recebeu educação pré-cirúrgica e treinamento sobre exercícios terapêuticos além dos cuidados hospitalares de rotina. As pacientes foram instruídas a realizar 10 repetições de cada exercício durante a internação, com maiores orientações na consulta de acompanhamento ambulatorial. A flexão do ombro foi limitada a 90° de ADM durante os primeiros dias após a cirurgia e até que os drenos fossem removidos e aumentados gradativamente após o terceiro dia de pós-operatório
|
O GC recebeu cuidados hospitalares de rotina que não incluíam nenhum treinamento físico ou educação |
Avaliação de ADM por goniometria e instrumento de qualidade de vida, o QoL-BC, escala de autorrelato do paciente que avalia as preocupações dos sobreviventes de câncer |
ADM: diferenças significativas na segunda e na quarta semana de pós-operatório; flexão na 2ª semana para o GI foi de 133,80 ± 6,79 e para o GC foi de 131,17 ± 2,20 (p = 0,04); flexão na 4ª semana foi de 167,97 ± 4,09 para o GI e 159,92 ± 1,73 para o GC (p < 0,001); a extensão melhorou significativamente para o GI em duas semanas com média de 42,77 ± 2,30 vs. 38,73 ± 1,46, p < 0,001; e em quatro semanas 53,07 ± 2,12 vs. 49,03 ± 1,25, p < 0,001; a abdução demonstrou diferença significativa entre os GI e GC, em duas semanas 143,50 ± 4,42 vs. 138,57 ± 1,78, p < 0,001; e em quatro semanas 167,03 ± 4,61 vs. 159,40 ± 1,69, p < 0,001 |
Rizzi, Haddad, Giron, et al. (2020)15
|
n = 60 GI: n = 30; 55,06 GC: n = 30; 52,53
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Cirurgia conservadora oncoplástica; quadrantectomia (91,6%); reexcisão de margem (8,3%) e simetrização contralateral (100%)
|
Após 15 dias de pós-operatório: Grupo ADM livre: pacientes autorizadas neste momento a realizar exercícios protocolares e atividades de vida diária em amplitude livre, ou seja, no limite da dor ou sensação de estiramento. A orientação da ADM livre foi mantida mesmo na presença de complicações cicatriciais |
Após 15 dias de pós-operatório: Grupo ADM limitada (controle): pacientes aconselhadas a não levantar os membros superiores além da altura do ombro. Manutenção limitada da ADM a 90 graus por mais 15 dias, ou seja, até o 30º dia de pós-operatório |
A ADM ativa de flexão, extensão, adução, abdução e rotação interna e externa do ombro na cirurgia oncológica homolateral foi avaliada com um goniômetro. A dor foi avaliada pela escala verbal analógica EVA. A paciente foi questionada sobre dor no momento da avaliação em relação à cirurgia da mama, axila e membro superior homolateral. A função motora do membro superior foi avaliada pelo questionário DASH (quanto maior a pontuação, pior a função). Deiscência, seroma, infecção e necrose foram avaliados por inspeção e/ou palpação
|
Não houve diferença estatisticamente significativa nas complicações pós-operatórias entre os grupos, seja em incidência ou prevalência ao longo do tempo. A análise de variância do estudo não mostrou diferença na função do membro superior entre os grupos durante o seguimento, mas a avaliação intragrupo revelou que o Grupo ADM limitada teve escores do questionário DASH significativamente mais altos no trigésimo dia de pós-operatório do que na avaliação pré-operatória. Não houve diferença entre os grupos em relação a alterações na ADM do ombro
|
Teodózio, Marchito, Fabro, et al. (2020)16
|
n = 461 FAM: n = 252; 54,54 (± 12,03) RAM: n = 209; 54,53 (± 10,95) |
56,8% foram submetidas à mastectomia radical simples ou modificada e 46,5% à linfadenectomia axilar |
Grupo ADM livre (FAM), que realizou movimentos ativos de membros superiores com ADM superior a 90° para flexão e abdução de ombro a partir do 1º dia de pós-operatório |
Grupo ADM restrita (RAM), que realizou movimentos ativos de membros superiores com ADM restrito a 90° desde o 1º dia de pós-operatório até a retirada de todos os pontos cirúrgicos |
Os desfechos avaliados foram a presença de seroma (flutuação do plastrão, mama ou axila residual, necessitando de aspiração > 50 ml) |
Após o seguimento, 63,8% das pacientes apresentaram alguma complicação da ferida operatória, sendo as mais frequentes necrose (39,3%) e seroma (30,8%). Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre os grupos para nenhum dos desfechos avaliados (p > 0,05) ao avaliar a incidência de complicações da ferida cirúrgica de acordo com o grupo de intervenção. Esses resultados foram mantidos mesmo após ajuste para idade, tipo de cirurgia e abordagem axilar. Não foi observada diferença na incidência de complicações da ferida cirúrgica entre os dois grupos de intervenção ao estratificar os dados por tipo de cirurgia ou por via axilar
|
Legendas: ADM = amplitude de movimento; FAM = Grupo Amplitude de Movimento Livre; RAM = Grupo Amplitude de Movimento Restrita, GI = grupo intervenção; GC = grupo controle; Qol-BC = Quality of Life Instrument – Breast Cancer Patient Version; DASH = Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand.
Autor(es) e ano |
Cinar, Seckin, Keskin, et al. (2008)12 |
Jansen, van Groot, Rottier, et al. (1990)13 |
Majed, Neimi, Youssef, et al. (2020)14 |
Rizzi, Haddad, Giron, et al. (2020)15 |
Teodózio, Marchito, Fabro, et al. (2020)16 |
Elegibilidade especificada (sim/não) |
Não |
Sim |
Sim |
Sim |
Sim |
Alocação randomizada (0-1) |
1 |
1 |
1 |
1 |
1 |
Alocação cega (0-1) |
0 |
0 |
0 |
0 |
1 |
Homogeneidade nos grupos (0-1) |
1 |
0 |
1 |
0 |
1 |
Sujeitos cegos (0-1) |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
Fisioterapeutas cegos (0-1) |
1 |
0 |
0 |
0 |
0 |
Avaliadores cegos (0-1) |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
85% Follow-up (0-1) |
1 |
0 |
0 |
0 |
0 |
Intenção de tratamento (0-1) |
0 |
1 |
0 |
1 |
1 |
Comparações intergrupos (0-1) |
0 |
0 |
0 |
1 |
1 |
Medidas de precisão e variabilidade (0-1) |
1 |
1 |
1 |
1 |
1 |
Escala total PEDro (0-10) |
5 |
4 |
4 |
5 |
|
Nota: Pontuação escala PEDro: validade externa (item 1); análise do risco de viés (itens 2-9); e descrição estatística (itens 10 e 11).
CONTRIBUIÇÕES
Todos os autores contribuíram substancialmente na concepção e no planejamento do estudo; na obtenção, análise e interpretação dos dados; na redação e revisão crítica; e aprovaram a versão final a ser publicada.
DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES
Nada a declarar.
FONTES DE FINANCIAMENTO
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Recebido em 6/5/2024
Aprovado em 14/8/2024
Editor-associado: Fernando Lopes Tavares de Lima. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-8618-7608
Editora-científica: Anke Bergmann. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-1972-8777
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