ARTIGO ORIGINAL

Perfil de Mortalidade e Análise Espacial de Neoplasias em um Município do Interior Paulista no Biênio 2019-2020

Mortality Profile and Spatial Analysis of Neoplasms in a São Paulo Countryside Municipality in the Biennium 2019-2020

Perfil de Mortalidad y Análisis Espacial de Neoplasias en un Municipio del Interior Paulista en el Bienio 2019-2020

 

 

https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2024v70n3.4707

 

João Paulo Lima Moreira1; Ana Priscila Eleodoro Rosa2; João Paulo Souza3; Luciane Loures dos Santos4

1-4Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública. Ribeirão Preto (SP), Brasil.

1E-mail: joaoplm10@usp.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-6015-0815

2E-mail: anapris45@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-2196-3178

3E-mail: jp.souza@usp.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-2288-4244

4E-mail: luloures@fmrp.usp.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-2585-1544

 

Endereço para correspondência: João Paulo Lima Moreira. Avenida dos Bandeirantes, 3900 – Vila Monte Alegre. Ribeirão Preto (SP), Brasil. CEP 14040-900. E-mail: joaoplm10@usp.br

 

 

RESUMO

Introdução: O câncer é uma das principais causas de óbito em todo mundo. Diferenças socioeconômicas e ambientais refletem nas taxas de mortalidade entre diferentes Regiões. Objetivo: Caracterizar e descrever o perfil da população que foi a óbito por neoplasias em Ribeirão Preto/SP, segundo sexo, raça/cor, faixa etária e local de residência (2019-2020) e estabelecer uma relação com óbitos por covid-19 em 2020. Método: Estudo transversal, observacional, com análise de dados de declarações de óbito por algum tipo de neoplasia como causa básica e cálculos de frequências absolutas e relativas do perfil populacional de óbitos, coeficientes de mortalidade, e agrupamentos por sistemas, segundo a CID-10. Identificaram-se os óbitos com características econômicas das Regiões do município, e os mapas com as principais causas foram elaborados, relacionando-os com a condição econômica, segundo dados do IBGE, além da taxa padronizada de mortalidade. Resultados: Ocorreram 1.766 óbitos, com predomínio da faixa etária de 61-80 anos (52,8%). Houve crescimento de 19,4% em 2020. As neoplasias mais prevalentes foram no sistema digestivo (33,7%), porém o pulmão foi o órgão mais acometido (14,4%). Do total, 8,9% dos óbitos estiveram associados à infecção pela covid-19. O Centro apresentou maior coeficiente de mortalidade (2,5/mil habitantes), contudo a Zona Norte mostrou maior taxa padronizada de mortalidade (27,9/mil habitantes). O estudo sugere que houve distribuição heterogênea pelo município, com vulnerabilidades como renda, que contribuiu com o desfecho analisado. Conclusão: É importante considerar a disparidade socioeconômica-espacial de Ribeirão Preto na criação e aplicação de programas de prevenção, rastreio e tratamento de neoplasias na população.

Palavras-chave: Neoplasias/mortalidade; Análise Espacial; Fatores Socioeconômicos; Demografia; COVID-19.

 

 

ABSTRACT

Introduction: Cancer is one of the leading causes of death worldwide, and socioeconomic and environmental differences reflect in mortality rates among different regions. Objective: To characterize and describe the profile of the population who died due to neoplasms in the municipality of Ribeirão Preto/SP, according to sex, race/color, age and place of residence in the biennium 2019-2020, and establish an association with COVID-19 deaths in 2020. Method: Cross-sectional, observational study, with data collected from death certificates by some type of neoplasm as the underlying cause and absolute and relative frequency of the population profile of deaths, mortality rates, and grouping by systems according to the ICD-10. Deaths according to the economic characteristics of the municipality’s regions were identified, and maps were created with the main causes, relating to economic conditions according to data of IBGE in addition to standardized mortality ratio. Results: There were 1,766 deaths, mostly in the age range of 61-80 years (52.8%), with an increase of 19.4% in 2020. Neoplasms of the digestive system were more prevalent (33.7%), but the most affected organ was lung (14.4%). Of the total, 8.9% of deaths were associated with COVID-19 infection. The Central region presented the highest mortality rate (2.5/thousand inhabitants), but the North Zone had the highest standardized mortality ratio (27.9/thousand inhabitants). The study suggests that there was a heterogeneous distribution across the municipality, with vulnerabilities such as income, which contributed to the analyzed outcome. Conclusion: It’s important to consider socioeconomic-spatial disparity of Ribeirão Preto for the creation and implementation of neoplasms prevention, screening and treatment programs for n the population.

Key words: Neoplasms/mortality; Spatial Analysis; Socioeconomic Factors; Demography; COVID-19.

 

 

RESUMEN

Introducción: El cáncer es una de las principales causas de muerte en todo el mundo, y las diferencias socioeconómicas y ambientales se reflejan en las tasas de mortalidad entre diferentes Regiones. Objetivo: Caracterizar y describir el perfil de la población fallecida debido a neoplasias en Ribeirão Preto/SP, en el bienio 2019-2020, comparando los dos años según raza/color de piel, grupo etario y lugar de residencia y establecer una relación con las defunciones de COVID-19 en 2020. Método: Estudio transversal, observacional, en el que se analizaron los datos de declaraciones de defunción con algún tipo de neoplasia como causa principal y se realizaron cálculos de frecuencias absolutas y relativas para el perfil poblacional de defunciones, coeficientes de mortalidad y agrupaciones por sistemas, según la CID-10. Se identificaron las defunciones según las características económicas de las regiones del municipio, y se crearon mapas con las principales causas encontradas, relacionándolas con la condición económica, según datos del IBGE. También se calculó la tasa de mortalidad estandardizada. Resultados: Hubo 1766 defunciones, con predominio de personas de entre 61 y 80 años (52,8%). Hubo un aumento del 19,4% en el segundo año. Las neoplasias del aparato digestivo fueron más frecuentes (33,7%), pero el órgano más afectado fue el pulmón (14,4%). Del total, el 8,9% de las defunciones estuvo asociado con la infección por COVID-19. La región central presentó el mayor coeficiente (2,5/mil habitantes) en ambos años, pero la Zona Norte mostró la mayor tasa de mortalidad estandarizada (27,9/mil habitantes). El estudio sugiere que hubo una distribución heterogénea en todo el municipio, con vulnerabilidades como el ingreso, que contribuyeron al resultado analizado. Conclusión: Es importante considerar la disparidad socioeconómica-espacial de Ribeirão Preto en la creación y aplicación de programas de prevención, detección y tratamiento de neoplasias en la población.

Palabras clave: Neoplasias/mortalidad; Análisis Espacial; Factores Socioeconómicos; Demografía; COVID-19.

 

 

INTRODUÇÃO

O câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo, estimado em 9,6 milhões de óbitos em 2018, e 10 milhões em 2020, correspondendo a um aumento de 4,1%1,2. As principais neoplasias estão relacionadas ao pulmão, mama, colorretal e próstata. Diversos fatores relacionados ao estilo de vida estão associados a um maior risco de carcinogênese, como tabagismo, consumo de bebidas alcóolicas, obesidade e poluição do ar. Ademais, algumas infecções, como hepatites B e C, e o papilomavírus humano (HPV), também são associadas a um maior risco de desenvolvimento dos cânceres de fígado e do colo do útero, respectivamente. Quando precocemente detectados, as chances de cura são significativamente maiores, e podem ser citados como exemplos os exames Papanicolau para o teste do câncer do colo do útero, e mamografia para o câncer de mama1,2.

 

Disparidades socioeconômicas também desempenham um papel importante nas diferentes taxas de mortalidade por câncer. Países desenvolvidos geralmente apresentam taxas de mortalidade mais baixas em virtude de recursos e infraestrutura disponíveis para detecção precoce de tumores, e tratamento adequado. Por outro lado, países em desenvolvimento, onde recursos e infraestruturas são mais limitados, ocorrem diagnósticos em fases tardias da doença, gerando taxas de mortalidade mais elevadas3. Os autores também apontaram que o aumento na busca pelo rastreamento dos cânceres de mama, próstata e cólon tem levado a um aumento no diagnóstico de outras formas de neoplasias.

 

Nas últimas décadas, houve um aumento na prevalência de Doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT) como resultado da longevidade. No Brasil, mais de 70% dos óbitos estão relacionados a essas doenças, sendo o câncer a mais prevalente entre a população idosa, acima de 60 anos4,5.

 

A taxa de óbitos por câncer tem apresentado um crescimento constante no Brasil nos últimos anos, para ambos os sexos, seguindo uma tendência quase contínua, embora ainda não tenha ultrapassado os casos de doenças cardiovasculares, como já ocorre nos Estados Unidos6. Em 2012, o Brasil registrou 188.379 óbitos por neoplasias7, valor que aumentou para 256.954 em 2020, representando um crescimento de 36,4%. Ainda nesse ano, esse valor representou 2,6% do total mundial, e o sexo masculino correspondeu a 52,7% desse valor8. Entre os fatores de risco relacionados ao estilo de vida, o hábito de fumar contribuiu com 28,4% dos óbitos entre pessoas do sexo masculino. Enquanto o consumo de bebidas alcoólicas, a falta de atividade física, dieta desequilibrada e um índice de massa corporal elevado contribuíram para óbitos do sexo feminino, principalmente o câncer de mama7. Além disso, o estudo indica que 33,6% desses óbitos poderiam ser evitados por meio da melhoria do estilo de vida.

 

Com o início da pandemia da infecção pela covid-19, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) orientou que fossem interrompidas as ações de rastreamento de câncer em indivíduos assintomáticos, a fim de evitar a disseminação do vírus9. Assim, houve no Brasil uma redução de 26% nas internações hospitalares para tratamento clínico, e 28% para fins cirúrgicos durante os primeiros cinco meses da pandemia de covid-19. As maiores quedas ocorreram nas Regiões Sul e Sudeste10. O diagnóstico de câncer de pulmão apresentou uma redução de 18,8% em relação aos três anos anteriores, principalmente no sexo masculino. O único aumento ocorreu para o sexo feminino, em relação às cirurgias realizadas11.

 

No ano de 2020, com o avanço da covid-19, alguns países experimentaram um declínio na expectativa de vida, entre eles o Brasil, que apresentou uma redução que o colocou em níveis comparáveis aos encontrados em 201212.

 

O objetivo deste estudo é realizar uma caracterização dos óbitos por neoplasias no município de Ribeirão Preto no biênio 2019-2020. Também, procurou-se analisar o aumento no número de óbitos de um ano para o outro e estabelecer uma relação entre esses dados e os óbitos de covid-19 ocorridos em 2020, e realizou-se uma comparação com o status socioeconômico da população, utilizando mapas temáticos para visualização dessas associações.

 

MÉTODO

Estudo transversal, observacional, com análise dos óbitos cuja causa básica foram neoplasias, entre os anos 2019 e 2020, em Ribeirão Preto, município do interior de São Paulo. Foram analisadas as declarações de óbito (DO) registradas em cartórios, e estudadas as variáveis sexo (masculino/feminino), raça/cor (branca, preta, parda e amarela), faixa etária (0-20 anos, 21-40 anos, 41-60 anos, 61-80 anos e ≥81), causa do óbito e local de residência à época do óbito.

 

As causas básicas foram classificadas segundo as categorias disponíveis no Capítulo 2, denominado Neoplasias, da 10ª revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10)13. Esse capítulo possui 14 categorias, distribuídas entre: neoplasias malignas de lábio, cavidade oral e faringe; órgãos digestivos; aparelho respiratório e dos órgãos intratorácicos; ossos e das cartilagens articulares; melanoma e outras neoplasias malignas da pele; tecido mesotelial e tecidos moles; mama; órgãos genitais femininos; órgãos genitais masculinos; trato urinário; olhos, encéfalo e de outras partes do sistema nervoso central; tireoide e outras glândulas endócrinas; localizações mal definidas, secundárias e de localização não especificadas; tecido linfático, hematopoético e de tecidos correlatos.

 

O local de residência foi agrupado de acordo com as seis Regiões Administrativas do município, segundo o Censo Demográfico de 201014. O município era dividido em 1.004 setores censitários, de onde foram retirados os dados de renda média do chefe de família e, posteriormente, realizada uma média de acordo com cada Região Administrativa, assim como o somatório da população de cada Região. Assim, os valores respectivos para as Regiões foram: Centro (R$4.124,64 e 18.599 habitantes); Zona Leste (R$2.413,41 e 129.934 habitantes); Zona Norte (R$1.273,41 e 205.185 habitantes); Zona Oeste (R$1.523,12 e 18.0780 habitantes); Zona Sul (R$5.353,46 e 58.363 habitantes); distrito de Bonfim Paulista (R$3.191,89 e 11.812 habitantes).

 

Foram construídas tabelas a fim de analisar o perfil dos óbitos relacionados às neoplasias de acordo com faixa etária, sexo, raça/cor, e Região de residência, calculando as frequências absolutas e relativas, comparando os anos, e especificamente os sexos, e as Regiões do município. Foram calculados os coeficientes de mortalidade para as Regiões Administrativas do município, e a taxa padronizada de mortalidade, por meio do método direto, a fim de evitar vieses quanto à população de cada Região, sendo utilizada como base a população do Centro.

 

Para a visualização geográfica dos óbitos e sua relação com as Regiões do município, os endereços foram inseridos no Google® Maps, gerando um mapa de pontos que posteriormente foi trabalhado no software QGIS 3.30.115. Para as DO que não possuíam endereço, foi utilizado o bairro referente à Região para visualização no mapa. Para os mapas temáticos gerados, utilizou-se a técnica de Kernel, por não apresentar identificação dos indivíduos, apenas a densidade de óbitos ocorridos, assim analisando espacialmente as Regiões do município. O mapa de rendimento nominal mensal por chefe de família foi confeccionado com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, de acordo com as informações dos setores censitários14.

 

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, por meio do parecer 5.707.523 (CAAE: 41215220.0.0000.5414), conforme as recomendações das diretrizes de ética relacionadas aos estudos que envolvem seres humanos de acordo com a Resolução n.º 466/201216 do Conselho Nacional de Saúde. O acesso às DO foi obtido por meio da autorização dos juízes corregedores dos Cartórios de Registro Civis do município, em conformidade com as orientações de ética e sigilo previstas na Lei Geral de Proteção de Dados17.

 

RESULTADOS

Do total de 9.702 óbitos no biênio 2019-2020 em Ribeirão Preto, 1.766 (18,2%) tiveram a neoplasia como causa básica. Houve 805 óbitos no primeiro ano e 961 no segundo, com um aumento de 19,4%. A maioria dos óbitos ocorreu com pessoas declaradas brancas (81,7%), sexo masculino (51,8%) e faixa etária entre 61-80 anos (52,8%). Houve um aumento no número de óbitos do sexo feminino (29,4%), assim como de pessoas com idade superior a 80 anos (48,6%) e aquelas declaradas pardas (58,3%). A idade variou de três dias de vida a 102 anos (Tabela 1).

 

Tabela 1. Perfil dos óbitos por neoplasias em Ribeirão Preto, SP, e variação entre os anos 2019 e 2020

 

2019

2020

Total

n

%

n

%

n

Variação (%)

Total

805

100

961

100

1766

19,4

Sexo

 

 

 

Masculino

434

54,0

481

50,1

915

10,8

Feminino

371

46,0

480

49,9

851

29,4

Raça/cor

 

 

 

Branca

688

85,5

755

78,6

1443

9,7

Preta

52

6,5

58

6,0

110

11,5

Parda

60

7,5

95

9,9

155

58,3

Amarela

04

0,5

05

0,5

09

25,0

Sem registro

01

0,1

48

5,0

49

4.800

Faixa etária

 

 

 

0-20

04

0,5

04

0,4

08

0,45

21-40

30

3,7

36

3,8

66

20

41-60

199

24,7

197

20,5

396

-1,0

61-80

428

53,2

510

53,1

938

19,2

81+

144

17,8

214

22,3

358

48,6

Agrupamento/neoplasias/CID-10

 

 

 

Lábio, cavidade oral e faringe

28

3,5

24

2,5

52

-14,3

Órgãos digestivos

280

34,8

316

32,8

596

12,9

Órgãos respiratórios e intratorácicos

147

18,1

146

15,2

292

-0,7

Ossos e cartilagens articulares

05

0,6

10

0,9

15

100,0

Pele

19

2,4

22

2,3

41

15,8

Tecidos moles e tecido mesotelial

10

1,2

12

1,4

23

30,0

Mama

65

8,1

90

9,4

155

38,5

Órgãos genitais femininos

53

6,7

51

5,5

104

-3,8

Órgãos genitais masculinos

37

4,6

48

5,0

85

29,7

Trato urinário

34

4,2

51

5,3

85

50,0

Olhos, cérebro e outras partes do sistema nervoso

35

4,4

48

5,0

83

37,1

Tireoide e outras glândulas endócrinas

05

0,6

07

0,7

12

40,0

Localização mal definida

07

0,9

05

0,5

12

-28,6

Tecidos linfáticos, hematopoiético e tecidos correlatos

43

5,3

84

8,7

127

95,4

Localização primária indeterminada

37

4,6

45

4,7

82

21,6

Local de residência

 

 

 

Centro

46

5,7

48

5,1

94

4,3

Zona Leste

144

17,9

194

20,2

338

34,7

Zona Norte

311

38,6

360

37,5

672

15,8

Zona Oeste

206

25,6

235

24,4

441

14,1

Zona Sul

87

10,8

111

11,5

198

27,6

Bonfim Paulista

11

1,4

12

1,3

23

9,1

Sem registro

0

00

01

0,1

0,1

100

 

 

No biênio, a causa primária com maior incidência foi o câncer dos órgãos digestivos (33,7%), com maior prevalência no intestino, com 250 óbitos (41,9%), seguido das causas relacionadas aos órgãos respiratórios e intratorácicos (16,5%), sendo o pulmão o órgão mais prevalente, 254 óbitos (87%), seguido da mama (8,8%) e tecidos linfáticos, hematopoéticos e tecidos correlatos (7,2%).

 

Órgãos e sistemas com maior crescimento entre os anos foram ossos e cartilagens articulares (100%), tecidos linfáticos, hematopoéticos e tecidos correlatos (96,35%), trato urinário (50%), tireoide (40%) e mama (38,5%). Já as reduções foram observadas em lábio, cavidade oral e faringe (-14,29%), e localização mal definida (-28,57%) (Tabela 1).

 

A Região Administrativa onde mais ocorreram óbitos por neoplasias foi a Zona Norte, com 38,6%, seguida da Zona Oeste. E os maiores crescimentos foram na Zona Leste (34,7%), seguida da Zona Sul (27,6%). Quando calculados os coeficientes de acordo com cada Região, o Centro aparece com a maior delas, 2,5/mil habitantes em ambos os anos. Os maiores crescimentos foram encontrados na Zona Sul, de 1,5 para 1,9/mil habitantes, e Zona Leste de 1,1 para 1,5/mil habitantes. Seguidos da Zona Norte, de 1,5 para 1,7/mil habitantes, Zona Oeste, de 1,1 para 1,3/mil habitantes, e Bonfim Paulista de 0,7 para 0,9/mil habitantes. Entretanto, quando analisada a taxa padronizada, os valores foram superiores nas Zonas Norte e Sul (27,9/mil habitantes) em 2019, seguidas das Leste (22,3/mil habitantes), Oeste (20,5/mil habitantes) e Bonfim Paulista (16,7/mil habitantes). Já em 2020, a maior taxa ocorreu na Zona Sul (35,3/mil habitantes), seguida das Zonas Norte (33,5/mil habitantes), Leste (29,7/mil habitantes), Oeste (24,2/mil habitantes) e Bonfim Paulista (18,6/mil habitantes).

 

Em 2020, houve aumento do número de óbitos do sexo feminino por neoplasia em todos os órgãos e sistemas, exceto aqueles relacionados aos órgãos genitais (-3,8%) e do sistema nervoso central (-13,6%). O aumento dos óbitos mais do que dobrou nas neoplasias localizadas no trato urinário (142,9%), ossos (133,3%), tecidos linfáticos (133,3%), pele (100%) e naqueles de localização mal definidas (200%) (Tabela 2).

 

Para o sexo masculino, houve comportamento semelhantes, exceto para aqueles localizados no lábio, cavidade oral e faringe (-29,2%), órgãos respiratórios e intratorácicos (-8,4%), pele (-33,3%) e aqueles com localização mal definida (-66,8%). E o maior destaque para crescimento foi decorrente de neoplasia de mama (700%) (Tabela 2).

 

Tabela 2. Óbitos por sexo e porcentagem de aumento por neoplasias de acordo com a localização primária pela CID-10 em Ribeirão Preto, SP, entre os anos de 2019 e 2020

 

2019

2020

% de diferença

M

F

M

F

M

F

Lábio, cavidade oral e faringe

24

4

17

7

-29,2

75,0

Órgãos digestivos

158

122

159

157

0,6

28,0

Órgãos respiratórios e intratorácicos

95

52

87

59

-8,4

13,0

 

Ossos e cartilagens articulares

2

3

3

7

50,0

133,3

Pele

12

7

8

14

-33,3

100,0

Tecidos moles e tecido mesotelial

4

6

4

8

0,0

33,3

Mama

0

65

7

83

700,0

27,7

Órgãos genitais femininos

-

53

0

51

0,0

-3,8

Órgãos genitais masculinos

37

-

48

-

29,9

0,0

Trato urinário

27

7

34

17

25,9

142,9

Olhos, cérebro e outras partes do sistema nervoso

13

22

29

19

123,1

-13,6

Tireoide e outras glândulas endócrinas

3

2

4

3

33,3

50,0

Localização mal definida

6

1

2

3

-66,8

200,0

Tecidos linfáticos, hematopoiético e tecidos correlatos

28

15

49

35

75,0

133,3

Localização primária indeterminada

25

12

30

17

20,0

41,7

 

 

Ainda que os óbitos por neoplasia dos tratos digestivo e respiratório sejam mais prevalentes em ambos os sexos, houve um maior predomínio no sexo masculino, assim como aqueles decorrentes das lesões neoplásicas nos lábios, cavidade oral e faringe. Já entre aquelas do sexo feminino, destaca-se o câncer de mama e dos órgãos genitais. A faixa etária predominante foi de 61-80 anos para quase todos os órgãos e sistemas, exceto para pele, em que predominou a faixa etária 41-60 anos, e ossos e cartilagens articulares, com predomínio entre aqueles acima de 80 anos.

 

A idade média dos pacientes do sexo masculino que foram a óbito por câncer de próstata foi 76,3 anos; para o sexo feminino, as pacientes que foram a óbito por neoplasia do útero foi 62,5 anos; já aquelas relacionadas ao endométrio tiveram uma idade média de 67,2 anos, e 56,3 anos para colo do útero.

 

Com relação aos óbitos de pessoas declaradas negras (pretas e pardas), os sistemas mais frequentes foram órgãos digestivos com 52 óbitos (34%), 18 (11,8%) respiratórios e intratorácicos, e 17 (11,1%) tecidos linfáticos, hematopoéticos e tecidos correlatos. Enquanto de pessoas não negras, foram órgãos digestivos com 248 óbitos (32,8%), 18 (11,8%) respiratórios e intratorácicos, e 72 (9,5%) mama.

 

Em 2020, observou-se um aumento do número de óbitos na maioria das causas de neoplasia nas Zonas Norte e Leste. O oposto pode ser verificado no Centro e distrito de Bonfim Paulista, onde houve discreta variação no número de óbitos por neoplasias. O óbito por neoplasia do trato urinário aumentou em todas as Regiões no biênio analisado, mas principalmente nas Zonas Leste (350%), Sul (250%) e Oeste (133,3%). As neoplasias de mama foram responsáveis pelo aumento de 33,3% dos óbitos na Zona Leste, de 54,5% na Zona Norte e 200% na Zona Sul. Já as neoplasias do tecido linfáticos e hematopoéticos causaram uma elevação do percentual nas Zonas Leste (100%), Norte (138,5%) e Oeste (200%) (Tabela 3).


 

Tabela 3. Distribuição dos óbitos por neoplasias nas Regiões Administrativas de Ribeirão Preto, SP, nos anos 2019 e 2020

 

Centro

Z. Leste

Z. Norte

Z. Oeste

Z. Sul

B. Paulista

Total

2019

2020

2019

2020

2019

2020

2019

2020

2019

2020

2019

2020

 

Total

45

44

144

194

301

361

206

235

87

111

11

12

1.766

Lábio, cavidade oral e faringe

00

00

03

02

09

09

15

09

00

04

01

00

52

Órgãos digestivos

12

10

54

68

110

119

78

77

23

38

03

04

596

Órgãos respiratórios e intratorácicos

14

11

22

35

67

51

31

36

11

12

01

01

292

Ossos e cartilagens articulares

00

02

01

02

02

04

00

01

01

00

01

00

15

Pele

02

01

03

04

08

07

03

07

02

03

01

00

41

Tecidos moles e tecido mesotelial

01

01

02

04

03

05

01

01

03

01

00

01

23

Mama

02

04

15

20

22

34

18

18

07

14

01

00

155

Órgãos genitais femininos

03

02

11

10

17

24

15

11

08

06

00

00

104

Órgãos genitais masculinos

03

03

06

09

12

16

10

16

05

04

01

00

85

Trato urinário

00

01

02

09

14

18

06

14

02

07

00

02

85

Olhos, cérebro e outras partes do sistema nervoso

03

03

11

09

07

15

05

13

08

06

01

02

83

Tireoide e outras glândulas endócrinas

01

00

00

01

01

04

02

00

01

02

00

00

12

Localização mal definida

00

00

00

01

04

04

03

00

00

00

00

00

12

Tecidos linfáticos, hematopoéticos e tecidos correlatos

04

06

07

15

13

31

07

21

11

10

01

01

127

Localização indeterminada

00

00

07

05

12

20

12

11

05

04

00

01

82

 

 

Os mapas de densidade mostram as principais neoplasias e compara com o mapa de rendimento nominal mensal por chefe de família. Foi notado que, apesar de a distribuição acontecer em todo município, alguns sítios primários ocorreram em Regiões menos favorecidas economicamente, como útero, pulmão, intestino e próstata; enquanto órgãos e sistemas hematopoéticos e câncer de mama ocorreram mais em Regiões privilegiadas economicamente. Com exceção do mapa de órgãos hepatopoéticos e de mama, os demais referem-se apenas ao órgão mais acometido dentro daquele sistema. Intestino com 250 (41,9% dos órgãos digestivos); próstata com 85 (94,1% dos órgãos genitais masculino); pulmão com 254 (87% dos órgãos respiratórios e intratorácicos); útero com 68 (65,4% dos órgãos genitais femininos), sendo 18 (25,6%) por neoplasia de endométrio e 33 (48,5%) por colo do útero (Figura 1).

 

Figura 1. Mapa do rendimento nominal mensal por chefe de família e mapas de densidade de Kernel para principais órgãos e sistemas em Ribeirão Preto, SP, nos anos de 2019 e 2020

Fonte: Elaboração dos autores com acréscimo de dados do IBGE14.

 

O câncer de intestino representou 83,3% de todos as neoplasias dos órgãos digestivos na Zona Norte, enquanto a neoplasia dos tecidos linfático, hematopoéticos e tecidos correlatos foi mais frequente na Zona Oeste.

 

Em 2020, dos 961 óbitos por neoplasias, 85 (8,9%) tiveram registro de covid-19 como uma das causas de óbitos associados. Destes, um terço estava relacionado à neoplasia de órgãos digestivos; 12 (14,1%) aos órgãos hematopoéticos; 11 (12,9%) à mama; e o restante, 31 (36,5%), a outros órgãos e sistemas. A associação entre neoplasia e covid-19 apresentou uma distribuição semelhante entre as Regiões, variando de 17,6% na Zona Oeste a 27% na Zona Leste.

 

DISCUSSÃO

O perfil de óbitos por neoplasias no município de Ribeirão Preto, São Paulo, no biênio 2019-2020, foi analisado neste estudo, sendo 2020 marcado pelo início da pandemia de covid-19. Os resultados indicaram que a maioria dos óbitos ocorreu com indivíduos do sexo masculino, pessoas declaradas brancas e faixa etária entre 61-80 anos. Os principais sítios de localização primária foram os órgãos digestivos e órgãos respiratórios e intratorácicos, sendo o pulmão o órgão com maior prevalência de óbitos no período.

 

Esses achados vão ao encontro dos dados do estudo do Global Burden Disease18 que mostram que o câncer de pulmão é o mais prevalente em todo o mundo, além de estar entre as seis principais causas de anos de vida perdidos por incapacidade acima dos 50 anos. Também foi identificado que os órgãos e sistemas respiratórios tiveram queda de 0,7% entre 2019 e 2020, enquanto os óbitos de órgãos digestivos cresceram 12,9%, o menor valor entre todos aqueles com aumento nos anos analisados.

 

A predominância do sexo masculino nos óbitos por neoplasias foi observada em outros estudos19. Uma análise de mais de duas décadas de casos novos e óbitos por neoplasias encontrou maior incidência de casos novos para o sexo feminino (53%), porém mais óbitos com o sexo masculino (52%)20. Os resultados deste estudo sugerem essa mesma prevalência em relação aos óbitos masculinos por neoplasias, porém foi observado um maior crescimento de óbitos do sexo feminino no primeiro ano da pandemia de covid-19.

 

Segundo os dados do Sistema de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS)21, ocorreram, no biênio analisado, 8.440 internações por câncer, sendo 4.800 em 2019 e 3.640 em 2020. No primeiro ano, o sexo feminino apresentou um número ligeiramente maior de internações, 2.488 em comparação com o sexo masculino (2.312). Em 2020, mesmo com redução nas internações, o sexo feminino prevaleceu em relação ao masculino, 1.899 e 1.741, respectivamente. Quanto à raça/cor, os dados do DATASUS indicaram um decréscimo no número de internações, principalmente entre os indivíduos brancos, com uma redução de 40%.

 

Quando analisadas as internações por faixa etária, o DATASUS22 apresentou um crescimento apenas entre os menores de 1 ano de idade, e entre 1 e 4 anos, nos anos analisados. Em todas as demais faixas etárias, houve redução. Porém, apesar da redução no número de internações, este estudo mostrou crescimento no número de óbitos para todas as faixas etárias, exceto aquela entre 41-60 anos, que reduziu.

 

Uma análise na América Latina23 sobre redução no número de visitas médicas para rastreamento, internações, cirurgias e quimioterapias durante o primeiro ano da pandemia de covid-19 apresentou redução de 29,4% no número de cirurgias; 2,8% na quimioterapia em adultos e 5,5% em crianças; 54,7% no número de rastreamentos de câncer de próstata; e 81,8% de mamografias no Brasil.

 

A maioria dos estudos identificou os idosos como os principais acometidos pela doença, sejam idosos jovens (60-79 anos) ou idosos longevos (>80 anos). Neste estudo, a maioria dos óbitos ocorreu com idosos jovens; no entanto, o maior crescimento foi com aqueles acima de 80 anos (48,6%) no segundo ano analisado. Tais dados corroboram um estudo realizado no Rio Grande do Norte24, durante um período de cinco anos, onde a maioria dos óbitos por câncer ocorreu na faixa etária de 60-79 anos (48,3%). Os idosos longevos foram responsáveis por 26,9% dos óbitos nesse período.

 

Um estudo analisou a incidência de óbitos por diferentes tipos de câncer como, próstata, mama, pulmão, colo do útero, laringe, estômago e colorretal em Cuiabá, Mato Grosso25. Para o sexo masculino, foram encontradas maiores taxas de incidência a partir dos 50 anos de idade, com exceção do câncer de próstata, que reduziu. Já para o sexo feminino, foi observado que os cânceres do colo do útero e mama apresentaram maiores taxas de incidência em mulheres com menos de 50 anos de idade. Por outro lado, cânceres como pulmão, estômago e colorretal apresentaram maiores taxas em mulheres acima de 60 anos de idade. O câncer de mama foi crescente para ambos os sexos.

 

Quando analisados os óbitos por neoplasias, os estudos verificam, em sua maioria, Regiões, Estados, países. Para os municípios, geralmente são investigados cânceres específicos e mais prevalentes, como de pulmão, útero e mama. Em um estudo conduzido no município de São Paulo, foram analisados os cânceres de mama e do colo do útero26. Os resultados indicaram padrões distintos de distribuição espacial e socioeconômica para essas neoplasias. No caso do câncer de mama, observou-se um padrão mais central no município de São Paulo, com maior incidência. No entanto, no decorrer dos anos, foram encontrados mais casos próximos às áreas periféricas do município. Por outro lado, o câncer do colo do útero apresentou taxas mais altas nas periferias durante todo o período analisado. Ambos os cânceres apresentaram uma redução nos óbitos durante o período estudado.

 

Neste estudo, o maior número de óbitos ocorreu na Zona Norte do município. No entanto, as maiores taxas foram encontradas no Centro e Zona Sul, que apresentam uma melhor condição financeira e população mais velha. Porém, ao observar a taxa padronizada, nota-se que a Zona Norte contou com as mais elevadas taxas, e o maior crescimento foi verificado na Zona Leste (33,2%), seguida da Zona Sul (26,5%).

 

Quando analisadas as densidades pelos mapas de Kernel, observou-se que o câncer de próstata se concentrou nas Regiões Oeste e Centro. Mama em uma porção mais Norte-Leste, e útero nas Regiões Leste e Oeste-Norte, próximas ao Centro. Câncer de pulmão teve maior densidade no Centro. Tecidos linfáticos, hematopoéticos e tecidos correlatos apresentaram uma distribuição mais homogênea, no sentido Norte-Centro-Sul. O intestino foi aquele com a maior densidade nas Regiões Norte e Oeste, e quase não ocorreu na Região Sul e no Centro.

 

Um estudo conduzido no Rio Grande do Norte revelou uma relação entre condição socioeconômica e câncer do útero. Foi identificado um cluster principal de mulheres que foram a óbito por esse câncer em uma Região com melhor acesso aos serviços de saúde e à oferta de exames citopatológicos, porém com baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)27.

 

Um estudo revelou algumas associações entre covid-19, internações e óbitos no Brasil. A maioria dos pacientes que foram a óbito após diagnóstico de covid-19 tinha mais de 60 anos, histórico pregresso ou ainda de tabagistas, com comorbidades, e câncer no trato respiratório28. Outro estudo encontrou maiores taxas de óbitos por covid-19 na Região Norte do país e as menores na Região Sul. Além disso, o câncer teve uma variação menor do que a esperada para o número de óbitos, sendo a menor encontrada no Sul e a maior no Centro-Oeste29. Esse estudo ainda atribuiu a alteração da causa básica de morte para a covid-19 ao menor número de óbitos encontrados e não para neoplasias, e mesmo para as doenças cardiovasculares29.

 

A utilização dos óbitos decorrentes de neoplasias ocorridos em 2020 permitiu avaliar o impacto do primeiro ano da pandemia de covid-19. Não apenas em Ribeirão Preto, mas em todo mundo, houve discrepâncias entre os óbitos no período, além da redução de rastreamentos. Por meio da análise espacial, puderam ser identificadas associações geográficas e econômicas, mostrando uma disparidade socioeconômica na saúde, exacerbada pela pandemia, com maior crescimento de óbitos na Região mais economicamente desfavorecida. Além disso, a utilização das Regiões Administrativas, que coincidem com as Regiões distritais de saúde, compõe uma rede de serviços saúde bem estabelecida no município. Assim, a análise espacial pode contribuir na identificação de áreas prioritárias para os serviços primários de saúde focarem na detecção precoce da doença em suas Regiões adstritas.

 

Algumas limitações podem ser observadas, como a identificação das varáveis que compõe a DO resultando em dados subnotificados. O curto período de análise pode limitar a compreensão de padrões e tendências, além do impacto da pandemia de covid-19 e sua relação com as neoplasias. Os dados desatualizados da população do município podem ter afetado o cálculo dos coeficientes de mortalidade, gerando estatísticas não condizentes com a atual situação do município. Em decorrência dessas questões, é necessário que futuras pesquisas analisem dados relacionados a neoplasias no município, aprimorando os resulatados aqui encontrados.

 

CONCLUSÃO

Informações obtidas neste estudo sugerem que a distribuição dos tipos de óbitos por câncer pode variar nas Regiões de Ribeirão Preto. Condição socioeconômica, idade e aspectos demográficos e ambientais podem ser fatores que influenciam nessa distribuição. É importante considerar essas disparidades quando pensados planejamento e políticas de saúde, além de programas de prevenção e tratamento adequados para a população do município, e a análise espacial é uma ferramenta importante para auxiliar na melhor gestão com intervenções rápidas.

 

 

CONTRIBUIÇÕES

João Paulo Lima Moreira contribuiu na concepção e no planejamento do estudo; na obtenção, análise e interpretação dos dados; e na redação. Ana Priscila Eleodoro Rosa contribuiu na obtenção, análise e interpretação dos dados; e na redação. João Paulo Souza e Luciane Loures dos Santos contribuíram na concepção e no planejamento do estudo; na análise e interpretação dos dados; e na revisão crítica. Todos os autores aprovaram a versão final a ser publicada.

 

 

DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES

Nada a declarar.

 

 

FONTES DE FINANCIAMENTO

João Paulo Moreira foi bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Código de Financiamento 001. Processo: 88887.509145/2020-00.

 

 

REFERÊNCIAS

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Recebido em 6/5/2024

Aprovado em 11/7/2024

 

Editora-associada: Jeane Tomazelli. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-2472-3444

Editora-científica: Anke Bergmann. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-1972-8777

 

 

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