ARTIGO ORIGINAL
Viver como um Girassol: Simbolismo e Cuidados Paliativos em Logotipos de Hospices
To Live Like a Sunflower: Symbolism and Palliative Care in Hospice Logos
Vivir como un Girasol: Simbolismo y Cuidados Paliativos en los Logotipos de los Hospices
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2025v71n2.4827
Mariana Fernandes Costa1; Bruna Cezar Diniz2; Antonio Tadeu Cheriff dos Santos3
1-3Instituto Nacional de Câncer (INCA). Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
1E-mail: marifcosta@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-7702-1841
2E-mail: bruna.diniz5@outlook.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-1937-9087
3E-mail: cheriff@inca.gov.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-3577-0772
Endereço para correspondência: Mariana Fernandes Costa. Rua Visconde de Santa Isabel, 274-A – Vila Isabel. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. CEP 20560-121. E-mail: marifcosta@gmail.com
RESUMO
Introdução: A relação entre o homem e os símbolos é objeto de estudo de diversos pesquisadores nas áreas da filosofia, antropologia e psicologia. No contexto dos cuidados paliativos, verifica-se a presença frequente do girassol associado a hospices, principalmente em logotipos, despertando o interesse em refletir e compreender o significado do girassol nos cuidados paliativos e sua simbologia para os hospices. Objetivo: Investigar a relação entre a imagem do girassol, logotipos de hospices e a filosofia dos cuidados paliativos. Método: Pesquisa qualitativa com análise baseada na teoria semiótica de Peirce de 16 logotipos de hospices, obtidos em abril de 2021, pela ferramenta Google imagens com os descritores “girassol”, “cuidados paliativos” e “hospices”. Resultados: Foram identificadas três categorias temáticas: “girassol como expressão do ciclo da vida”; “girassol como intenção de cuidado”; e “girassol como elemento de espiritualidade”. Os girassóis nos logotipos, após revisão bibliográfica sobre o significado etimológico, simbólico, mítico e poético do girassol, simbolizam e evocam as transformações do tempo e os ciclos de vida do ser humano e a sua busca de conexão com a vida e a espiritualidade. Conclusão: O girassol nos logotipos é um signo e símbolo da paliação nos hospices, tendo como intenção de cuidado o paciente e seus familiares, dando ênfase à vida e ao viver.
Palavras-chave: Cuidados Paliativos; Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida; Helianthus; Simbolismo.
ABSTRACT
Introduction: The relationship between the human being and symbols is the aim of various studies in philosophy, anthropology, and psychology. In the palliative care context, the presence of sunflowers associated with hospices is recurrent, especially in logotypes, sparking interest in understanding and reflecting on the meaning of sunflowers and their symbology to hospices. Objective: To investigate the relationship between the image of the sunflower, hospice logotypes, and the philosophy of palliative care. Method: Qualitative research with analysis based on Peirce’s semiotic theory of 16 hospice logos obtained from a Google images search in April 2021 using the descriptors “sunflower”, “palliative care” and “hospices”. Results: Three thematic categories were identified: “sunflower as an expression of the life cycle”; “sunflower as an intention of care”; and “sunflower as an element of spirituality”. After a literature review on the etymological, symbolic, mythical, and poetic meanings of the sunflower, its use on logotypes was discovered to symbolize and evoke the transformations of time, human life cycles, and the human search for connection with life and spirituality. Conclusion: Sunflowers in hospice logos are a sign and symbol of palliation, aimed at caring for patients and their families, emphasizing life and living.
Key words: Palliative Care; Hospice Care; Helianthus; Symbolism.
RESUMEN
Introducción: La relación entre el hombre y los símbolos es objeto de estudio por varios investigadores en las áreas de la filosofía, la antropología y la psicología. En el contexto de los cuidados paliativos, es frecuente la presencia del girasol asociado a los hospices, especialmente en logos, despertando el interés por reflexionar y comprender el significado del girasol en los cuidados paliativos y su simbolismo para los hospices. Objetivo: Investigar la relación entre la imagen del girasol, los logos de hospices y la filosofía de los cuidados paliativos. Método: Investigación cualitativa con análisis basado en la teoría semiótica de Peirce de los 16 logos de hospices, obtenidos en abril de 2021, utilizando la herramienta de imágenes de Google con los descriptores “girasol”, “cuidados paliativos” y “hospices”. Resultados: Se identificaron tres categorías temáticas: “el girasol como expresión del ciclo vital”, “el girasol como intención de cuidar” y “el girasol como elemento de espiritualidad”. Los girasoles en los logos, luego de una revisión bibliográfica sobre el significado etimológico, simbólico, mítico y poético del girasol, simbolizan y evocan las transformaciones del tiempo y los ciclos vitales del ser humano y su búsqueda de conexión con la vida y la espiritualidad. Conclusión: El girasol en los logos es un signo y un símbolo de paliación en los hospices, con la intención de cuidar al paciente y sus familiares, enfatizando la vida y el vivir.
Palabras clave: Cuidados Paliativos; Cuidados Paliativos al Final de la Vida; Helianthus; Simbolismo.
INTRODUÇÃO
A relação entre o homem e os símbolos é objeto de estudo de diversos pesquisadores nas áreas da filosofia, antropologia e psicologia1. Falar e pensar sobre símbolos é também parte integrante da arte do cuidar e de produzir conhecimento no campo da Saúde, a julgar pelo imenso repertório de imagens do cotidiano, desde o nascimento até o fim da vida. Símbolos que antes eram comuns e universalmente compreendidos como a morte — ceifeiros, caveiras, esqueletos, túmulos e ampulhetas — tendem a despersonalizar aqueles que estão morrendo ou enlutados, além de enfatizar outros aspectos dolorosos da perda2. Desse modo, não parecem ser suficientes para a criação de logotipos de serviços de cuidados paliativos ou hospices.
A função do logotipo é anunciar o serviço e seu propósito. Se em geral é difícil imaginar e falar sobre a morte, os serviços de cuidados paliativos ou hospices têm uma tarefa muito mais específica. A filosofia dos cuidados paliativos é fundamentada em princípios que visam garantir a qualidade de vida e o conforto dos pacientes e suas famílias. São cuidados ativos e integrais prestados à pessoa com doença grave, progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida. Não antecipam nem prolongam a morte, mas focam no controle de sintomas e no suporte emocional, social e espiritual. Essa abordagem é holística, reconhecendo a morte como um processo natural e enfatizando a dignidade, especialmente nos cuidados de fim de vida, que são parte dos cuidados paliativos3.
Apesar de a oferta desse tipo de cuidado ser um alento para a sociedade no enfrentamento de uma doença avançada, seria preferível negar sua existência, por isso o logotipo não pode ser muito direto, adiantando que seu negócio envolve o adoecimento e a finitude. Assim, o logotipo deve comunicar a desafiadora distinção da função de sua instituição e, ao mesmo tempo, passar uma imagem de conforto e segurança, fazendo a ressignificação desses temas2.
Embora promovam alívio dos sintomas físicos e emocionais de pessoas que lidam com doenças crônicas e graves junto de suas famílias, os cuidados paliativos ainda são pouco compreendidos pela população e tendem a ser indicados tardiamente na trajetória da doença. Estudos que avaliaram a percepção de profissionais da saúde e pacientes sobre cuidados paliativos mostraram uma visão fortemente associada à terminalidade, com discursos estigmatizados que demonstram um raso conhecimento sobre o assunto, além da dificuldade na comunicação de notícias difíceis por parte dos profissionais4,5.
Uma possível solução para esse fato, segundo Berry, Castellani e Stuart6, é a reformulação da marca e da ideia sobre os cuidados paliativos. Para esses autores, as ações de comunicação e marketing podem gerar consciência, interesse e incentivar o uso da paliação pelos profissionais de saúde e cobrado pela sociedade. Além disso, eles comentam que “os cuidados paliativos, administrados de forma eficaz, podem restaurar a sensação perdida de controle, independência e paz de espírito que os pacientes e familiares apreciam e necessitam”6.
Em um ensaio anterior, realizado em duas unidades de cuidados paliativos situadas em hospitais especializados na área da oncologia tanto no Brasil como em Portugal, a imagem da borboleta e sua relação simbólica com os cuidados paliativos já foram estudadas7. Nesse contexto, verificou-se a presença do girassol associado a hospices, principalmente em logotipos, despertando o interesse em refletir e compreender o significado do girassol nos cuidados paliativos e sua simbologia para os hospices.
Visto que são escassos os estudos sobre logotipos na área de cuidados paliativos, esta pesquisa investigou a relação entre a imagem do girassol, logotipos de hospices e a filosofia dos cuidados paliativos, buscando compreender o significado dos códigos estabelecidos no domínio do discurso humano e a produção do sentido do adoecimento e finitude nas práticas sociais. Neste estudo, portanto, partiu-se do pressuposto de que a noção e o conceito de hospice estão intrinsecamente ligados aos pacientes com câncer e à filosofia dos cuidados paliativos. O hospice é o local onde os cuidados paliativos são oferecidos, proporcionando um cuidado integral e humanizado aos pacientes com câncer e outras doenças terminais, com o objetivo de aliviar o sofrimento, melhorar a qualidade de vida e promover conforto e dignidade no fim de vida.
MÉTODO
A pesquisa foi esboçada no paradigma qualitativo, no qual o investigador, em uma aproximação interpretativa, busca alcançar e compreender o sentido e o significado que as pessoas atribuem aos fenômenos sociais8. A tarefa da pesquisa qualitativa é perguntar como o significado é criado nas práticas sociais cotidianas, lançando luz sobre questões relativas à produção coletiva e à disseminação desses significados. Esta pesquisa tem um embasamento na teoria semiótica, a ciência dos signos, que surgiu das tentativas dos primeiros médicos do mundo ocidental de compreender como o corpo e a mente operam dentro de domínios culturais9.
A abordagem semiótica valoriza o processo de produção de sentido e a forma como a mensagem provoca significações, a partir da verificação das categorias de signos, suas articulações e particularidades, comunicando algo que tenha um significado ao ser humano10. A tarefa é “desmascarar” esse processo de naturalização com base na influência cultural que comunica algo a partir dos signos nas imagens ou contrastando-os com elementos presentes nos modelos, teorias e concepções da sociedade. A explicação semiológica desvela o que está subentendido na imagem8.
Os componentes primários desse processo podem ser entendidos e caracterizados em termos da categorização dos seguintes elementos: o objeto referido (que pode ser concreto ou abstrato); o signo (uma imagem ou ícone representativo, uma palavra etc.); e o significado que aponta, por associação, como o signo e o objeto estão ligados e traduzem uma percepção, uma ideia, uma emoção, um sentimento e um conhecimento. Essa teoria aborda a relação entre o que existe e como tais ideias ou valores estão e são representados9.
O estudo, a partir da análise de logotipos, procura aprofundar a compreensão de orientações, anseios e ansiedades do tempo atual, que muitas vezes são transmitidos silenciosamente por imagens11.
O material de pesquisa foi obtido na Internet pela ferramenta Google imagens12 utilizando a estratégia de busca: (Sunflower AND ("Palliative care" OR Hospice*) AND "Logo"), consultado por um único pesquisador em abril de 2021. Como critérios de inclusão, consideraram-se apenas imagens de logotipos contendo girassol relacionados a hospices. Foram excluídas as imagens que não eram logotipos, logotipos sem girassol e duplicadas. A partir da visualização das imagens, para caracterização das instituições, os respectivos endereços eletrônicos foram acessados para coleta de informações acerca da localização e tipo de serviço.
Ao longo do estudo, foi solicitada por e-mail aos hospices a autorização para uso da imagem dos logotipos, mas não houve respostas. Com recursos do programa Canva®, foram elaboradas imagens adaptadas dos logotipos estudados para enriquecer o entendimento, a partir dos elementos visuais em foco, omitindo o nome original das instituições.
A fim de compreender os sentidos e os significados dos logotipos de hospices encontrados, foi desenvolvida e conduzida uma análise visual e temática deles, tendo o girassol como objeto principal de interesse, categorizados por meio dos conceitos da teoria semiótica de Peirce (ícone, símbolo, índice). Esses elementos se diferenciam pela compreensão da relação entre o significante e o significado, podendo ser caracterizados das seguintes formas13:
• Ícone – semelhança ou imitação do que a imagem deve representar, como uma fotografia.
• Símbolo – signos associados ao significado convencional ou por um instinto natural, ou por um ato intelectual que o toma como um representativo de seu objeto, mesmo sem uma conexão fatual entre significante e significado, por exemplo, uma pomba branca que representa a paz.
• Índice – relação inerente entre o significante e o significado, ou uma ligação de causa-efeito que pode ser observada ou inferida, ou seja, uma fumaça que indica fogo.
Para uma aproximação mais profunda do conteúdo dos significados dos logotipos, foi necessária uma análise da imagem além da aparência, se preocupando com o assunto e os significados culturais e convencionais por trás deles. No caso dos logotipos, os significados profundos do nascer, adoecer e morrer. No presente estudo, a relação entre o girassol e os cuidados paliativos ou hospices foi também interpretada a partir do significado etimológico e simbólico do girassol, presente na mitologia, arte, poesia, literatura e música.
Após a análise do material, foram identificadas categorias temáticas por método indutivo. Para a articulação simbólica do girassol nesse contexto e o aprofundamento dos sentidos e significados do girassol nos logotipos de hospices, as ideias de Elizabeth Kübler-Ross14 e Carl Jung15 foram utilizadas como referenciais teóricos.
A pesquisa dispensa apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa, pois se trata de um estudo com dados secundários, os quais são públicos e de acesso livre, conforme a Resolução n.º 510/1616 do Conselho Nacional de Saúde.
RESULTADOS
A partir da ferramenta de busca, foram recuperadas 724 imagens, sendo excluídas 623 por não serem logotipos, 43 por serem logotipos sem girassol e 32 por serem duplicadas, restando 26 elegíveis. Entre as imagens encontradas de logotipos institucionais com girassóis, 16 logotipos eram de hospices e dez de sociedades ou fundações relacionadas. Para a análise, foram incluídos os 16 logotipos de hospices. Com relação à região, esses hospices estão situados no Reino Unido (5), Estados Unidos (4), Irlanda (3), Canadá (3) e Malta (1). Os sinais (ícone, símbolo e índice) identificados a partir da análise semiótica dos logotipos de hospices contendo girassol são apresentados no Quadro 1, junto de imagens adaptadas dos logotipos estudados, dando destaque em negrito aos elementos que mais contribuíram para a identificação das ideias nas categorias elaboradas.
Entre os elementos textuais da análise semiótica, as imagens dos logotipos apresentam como componente linguístico em destaque o nome do hospice a que pertencem. Em relação ao componente visual, leva-se em consideração os aspectos tipográfico e espacial da imagem. Em todas as imagens, o girassol está em forma de desenho, todos mantendo a cor amarela de suas pétalas e a maioria variando do marrom ao tom alaranjado no miolo da flor. Além do preto, as cores do conteúdo textual concentram-se no verde, azul e amarelo. Apenas dois logotipos apresentam também a cor rosa em tom bem claro.
Após a análise do material para acessar os sentidos e os significados do girassol nos logotipos de hospices, identificaram-se três categorias temáticas por método indutivo, a saber: “girassol como expressão do ciclo da vida”; “girassol como intenção de cuidado”; e “girassol como elemento de espiritualidade”. Essas categorias serão discutidas a seguir junto da análise realizada.
DISCUSSÃO
Conhece-se o objeto, mas ignoram-se suas implicações simbólicas, ou seja, seus reais significados não estão evidentemente explícitos. De acordo com Carl Jung15:
O que chamamos símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma imagem que nos pode ser familiar na vida cotidiana, embora possua conotações especiais além do seu significado evidente e convencional. Implica alguma coisa vaga, desconhecida ou oculta para nós15.
Assim, para Jung15, entende-se que “uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato”, portanto apresenta um “aspecto inconsciente mais amplo, que nunca é precisamente definido ou inteiramente explicado”. Desse modo, em virtude das inúmeras coisas que escapam à compreensão humana, procura-se usar termos simbólicos para representar conceitos que não podem ser definidos ou compreendidos por completo. Alguns símbolos estão relacionados à cultura ou algo pertinente à determinada sociedade, acarretando possíveis reações. Por isso, esses aspectos são importantes na estrutura mental15.
Segundo o filósofo Ernest Cassirer1, o homem deveria ser definido como animal symbolicus, considerando o símbolo como determinante da cultura e um sentido oculto que o homem carrega consigo. É pela linguagem simbólica que se dá a comunicação entre os homens, manifestada por meio da religião, da linguagem, da arte, da história e do mito.
Uma fábula da Mitologia Grega, por exemplo, aborda o surgimento da flor girassol17:
Clítia era uma ninfa da água e apaixonada por Febo, que, por sua vez, não retribuía este amor. Então, ela definhou, sentada o dia todo no chão frio, com suas tranças desfeitas derramando-se pelos ombros. Por nove dias ela permaneceu lá sem beber nem comer, suas lágrimas e o orvalho frio eram seus únicos alimentos. Ela contemplava o sol quando despontava, e enquanto seguia seu curso até se pôr; Clítia não olhava mais nada, seu rosto virado constantemente para ele. Por fim, dizem que suas pernas se enraizaram no chão, seu rosto se tornou uma flor (o girassol) que gira em seu caule para sempre estar virado para o sol durante todo seu percurso diário, pois retém o mesmo sentimento da ninfa de onde brotou17.
De forma geral, cada flor possui um símbolo próprio, porém não deixa de ser símbolo do princípio passivo, que se manifesta no desenvolvimento da flor a partir da terra e da água. Então, o cálice da flor como uma taça recebe a atividade celeste, cujos símbolos são a chuva e o orvalho18.
O girassol, por sua vez, representa a esperança e a conexão com o divino (mito de Clítia), oferecendo um símbolo de força e renovação em momentos difíceis. A chuva e o orvalho, como elementos que nutrem o girassol, podem ser interpretados como o cuidado e o apoio compassivo oferecidos pelos profissionais de saúde e pela comunidade, que, ativamente, nutrem e sustentam os pacientes em sua jornada19.
A paliação pode ser entendida aqui como esse elemento essencial para o processo de cuidado dos pacientes e de suas famílias, uma vez que a Organização Mundial de Saúde19 define os cuidados paliativos como:
Abordagem que objetiva a melhora da qualidade de vida dos pacientes e seus familiares diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e de outros sintomas de ordem física, psicossocial e espiritual19.
Paralelo aos cuidados paliativos, o movimento hospice encontra-se em expansão no Brasil. A palavra hospice é derivada do latim e significava inicialmente “hospedagem”, conceito mais usual nos países europeus e da América do Norte. Não é necessariamente um local físico, mas sim uma filosofia do cuidado para aplicação dos cuidados paliativos intensivos para pessoas com doenças avançadas, próximas ao final da vida, e apoio aos familiares em luto. O modelo de hospice foi marcado pelo trabalho de Cicely Saunders com a fundação do St. Christopher’s Hospice, em 1967, na Inglaterra20. A maioria das instituições dos logotipos analisados situa-se no Reino Unido. Dessa forma, os hospices são locais que funcionam como receptáculos para manifestação passiva do cuidado, servindo de acolhimento na transformação de uma morte impessoal para uma morte humanizada.
Girassol como expressão do ciclo da vida
O girassol é uma planta anual, sua denominação botânica é Helianthus annuus L., provém do grego “helios” que significa “sol”, “anthos” referente a “flor” e “annuus” de ano. A “flor do sol” é adaptável a condições ambientais distintas e da família das compostas. Seu caule serve para fabricar papel. As sementes são usadas para produção de óleo de cozinha, biodiesel, alimentação de pássaros, lubrificantes e sabonetes. A flor é muito procurada para ornamentação pela beleza e exuberância21,22. O nome comum heliotrópio indica o seu caráter solar, resultante de um heliotropismo e da forma radiada da flor23.
O girassol possui a capacidade de girar seguindo o movimento dos raios solares que, por sua vez, beneficia o crescimento das plantas. No entanto, apenas os girassóis jovens realizam os movimentos heliotrópicos, pois no estágio final de desenvolvimento floral, os ápices do girassol param de seguir o sol e adquirem uma orientação permanente para o Leste, quando já adquiriu um tamanho maior, ficando mais atrativa aos polinizadores para reprodução e início de um novo ciclo de vida23.
Uma música brasileira24 também traz uma analogia entre o indivíduo e o girassol a partir da ideia do heliotropismo como busca natural de orientação, de sentido para a vida:
Quando já não sei qual é a direção
E tudo que faço é seguir meu coração
Então me viro
E giro para onde gira o sol
Quando já não sei qual é a direção
E tudo que faço é seguir meu coração
É por instinto
Que eu encontro a luz, sou girassol24.
Ao longo da vida, é importante que o indivíduo aproveite todas as fases, sobrepondo os obstáculos e os conflitos inerentes a cada ciclo, traçando um caminho em busca de sua felicidade suprema. O envelhecimento acontece ao longo da vida do sujeito e durante esse processo observa-se a diminuição das reservas fisiológicas, maior risco de ficar doente e perda geral da sua capacidade intrínseca, ou seja, tanto das capacidades físicas quanto das capacidades mentais, culminando com a morte25.
O livro “O que o sol faz com as flores”26 divide-se nas seguintes partes: murchar, cair, enraizar, crescer e florescer, e apresenta o poema “Girassóis”:
Mesmo sabendo
que não há tempo de sobra
eles escolhem viver
a versão mais bonita da vida26.
Vincent van Gogh, pintor holandês, produziu entre 1887 e 1889 uma série de quadros de “Girassóis”, interpretados como renovação da vida, a partir dos ciclos contínuos de viver e morrer. Os últimos anos do artista foram de muita instabilidade mental e, depois de sua morte, o girassol representou amor e perda, um tributo de ouro ao pintor27.
Assim como as flores, os seres humanos passam por transformações com o tempo, entre nascer e morrer. Entretanto, o diagnóstico de um câncer, por exemplo, pode acontecer em qualquer idade e interromper o envelhecimento. As pessoas compartilham a sobrevivência desde o diagnóstico ao tratamento, precisando lidar com efeitos colaterais e consequências legais, psicossociais, clínicas e financeiras, ou podem ainda desenvolver outro câncer primário ou secundário ao diagnóstico inicial28. Semelhante à velhice, o processo da doença aproxima mais o ser humano da finitude, principalmente já sendo idoso. Ter o girassol como símbolo representa escolher viver cada fase da vida, mesmo que seja o fechamento de um ciclo, uma transformação para o recomeço.
Em quatro logotipos analisados, a flor do girassol aparece no pingo da letra “i” (logo 1 e 2) ou ao redor da letra “o” na palavra hospice ou no respectivo nome da instituição (logo 3 e 4). O pingo, pequena porção arredondada que se sobrepõe ao i, começou a ser utilizado no século XVI, quando os caracteres góticos foram adaptados e dois is juntos (II) eram confundidos com “u”. Por isso, a expressão “colocar pingo no i” (straighten things out em inglês) é utilizada para designar algo a ser esclarecido29. Dessa maneira, o pingo no i é também descoberta, revelação ou desvelação da finalidade dos hospices. Já a letra o é um círculo que contorna o miolo do girassol, ou seja, o centro da flor. O círculo é comumente identificado como um símbolo do útero30. Uma série de crenças, valores e mitos são atribuídos ao útero e culturalmente esse órgão feminino está relacionado à fertilidade, criatividade e renovação, podendo representar simbolicamente um processo de transformação e recomeço30. Portanto, a partir dos logotipos, esses hospices transmitem a ideia de um retorno ao cuidado integral do útero, sendo uma escolha acertada de destino.
Girassol como intenção de cuidado
Os cuidados paliativos oferecem qualidade de vida e cuidado digno, bem como diminuem o uso desnecessário dos serviços de saúde19. Traduzidos em um cuidado ativo, que envolve o indivíduo em sua integralidade, tais cuidados devem ser iniciados em associação com os tratamentos adequados para alterar o curso da doença, assumindo maior relevância conforme as medidas curativas perdem sua efetividade19,31,32.
Entre os logotipos analisados, aparecem junto ao nome da instituição as palavras cuidado, compaixão e dignidade, outros trazem mensagens do tipo: “sua história importa”, “onde pessoas vêm para viver”, “cuidando da população local”, “aliviar frequentemente… mas confortar sempre” e “fornecendo um raio de luz para pacientes com câncer”, escritos predominantemente nas cores verde, azul e amarelo. Essas mensagens compostas com girassóis contextualizam a abordagem e princípios dos cuidados paliativos19,31,32.
A cor verde nos remete à ideia de tranquilidade e frescor. Reflete o reino das plantas se reafirmando, é o despertar da vida, que traz de volta a esperança. O verde apresenta uma dualidade tão natural, mas que conserva um caráter complexo: verde do broto como a vida e verde do mofo como a morte; primórdios e destino representando a natureza18.
O azul é uma cor profunda, considerada a de maior propriedade terapêutica com efeito curativo. Relaxa todo o corpo, regula o desenvolvimento harmonioso da estrutura orgânica, produz efeito calmante, refrescante, adstringente, absorvente e analgésico. Possui intensa ação purificadora que limpa as impurezas do organismo, representando o cuidado14,33.
O amarelo é uma cor quente, ativa, efusiva e ardente. Traz sensação de proteção e de justiça, afastando o medo. Os raios solares, atravessando o azul-celeste, manifestam o poder das divindades do Além. Assim, o amarelo remete ao ouro e à luz do sol, que pode significar eternidade, transfiguração e maturidade18,33-35.
Em oito logotipos, o girassol aparece adjacente ao nome do hospice, mais frequentemente do lado esquerdo (em seis deles), lembrando que no estágio final de desenvolvimento, o girassol adquire uma orientação permanente para o Leste, ou seja, mantém uma posição na qual o miolo e a flor estão direcionados para o ponto cardeal onde o sol nasce, simbolizando o olhar para o hospice como uma renovação, esperança e recomeço. Esse é um lembrete da importância de viver cada dia com plenitude, força e esperança, assim como a missão, o conforto e o cuidado compassivo ofertado pelo hospice.
O logo 5 traz duas folhas verdes que acomodam a flor do girassol com suas pétalas amarelas e o miolo de pontilhados sendo a grade de sementes. Baseado no cuidado humano, em vez do tecnológico, as folhas podem ser interpretadas como mãos que apoiam o paciente e seus familiares, representados pelos pontinhos no centro do cuidado, cercados por cuidados paliativos que ofertam alívio e conforto como as pétalas amarelas que transferem energia solar para as sementes. Na Irlanda, o Hospice Sunflower Days36 ocorre durante dois dias no ano, quando produtos são vendidos para arrecadar doações aos serviços de cuidados paliativos voluntários e domiciliares. No Reino Unido, há a campanha Go Yellow na semana Hospice Care Week, como uma forma de mostrar apoio e de arrecadar fundos para os hospices. Em Malta, há o Sunflower Campaign, também como incentivo para arrecadar doações para os hospices, assim, o cuidado envolve pessoas e nos remete à compaixão do trabalho voluntário.
Outro logotipo com o girassol adjacente ao nome do hospice (logo 6) tem as pétalas da flor em forma de coroa amarela e no centro um coração marrom. A mensagem abaixo do nome diz “onde pessoas vêm para viver”, fazendo analogia entre a nova morada e o coração, sendo este um lugar seguro e carregado de afeto para se viver. Já o logo 7 tem no centro do que seria o miolo da flor do girassol o desenho de uma casa, fazendo referência também ao cuidado oferecido em domicílio dentro do modelo hospice, representando a ideia de uma casa protegida e segura. Nessa mesma perspectiva, apresenta-se o logo 8, atendendo nessa modalidade de assistência domiciliar. Assim, o hospice é um local de acolhimento e suporte, não é sobre corpos e máquinas médicas, mas sobre pessoas com quem o hospice está envolvido e cuida nesse momento específico de suas vidas, oferecendo proteção e segurança.
É nesse sentido que os girassóis nos logotipos dos hospices apresentam as suas finalidades simbólicas mais profundas como casas de paliação e preparo para uma morte digna, focados na vida e no que há por viver.
Girassol como elemento de espiritualidade
Diante da morte, os girassóis são uma metáfora para a alma humana que busca a luz e a conexão com a espiritualidade. No cristianismo, essa flor simboliza a perfeição espiritual da alma, remetendo-se à ideia do paraíso e da infância. O girassol significa o amor de Deus a uma alma fiel, estando associado, portanto, à oração e à vida monástica. O girassol era um símbolo perfeito para a crença religiosa, pois sempre se voltava para a luz, fazendo uma analogia à alma humana que busca a luz da fé e a conexão com a profunda espiritualidade. Segundo o Dicionário de Símbolos18:
A propriedade de mover-se constantemente para acompanhar o sol simboliza a atitude do amante, da alma, que volta continuamente seu olhar e seu pensamento para o ser amado, a perfeição sempre dirigida para uma presença contemplativa e unitiva18.
Considerando os logotipos pesquisados e os poderosos simbolismos mencionados, vale destacar a presença do girassol nos logos 9 e 10. Esses logos traduzem a luz e a energia do astro com a altivez que ganha a flor em seu crescimento. A luz que brilha na escuridão pode ser ligada ao pensamento cristão em que Jesus diz “eu sou a luz do mundo”, dando sentido ao hospice como o lugar onde a escuridão e o medo são dissipados pela crença na existência de algo soberano.
Já o logo 11 traz uma pomba como se estivesse carregando um girassol ao mesmo tempo que dá a ideia de um sol se pondo no horizonte, como no logo 12. A pomba é um símbolo que tem origem no Antigo Testamento, quando a pomba retornou à Arca de Noé com um ramo de oliveira sinalizando o final da inundação, tornando-se universalmente reconhecido como símbolo de paz e esperança, boa vida após o dilúvio2. Essa imagem reflete a filosofia do hospice da boa morte, como um voo seguro e, talvez, uma vida após a morte, agora em paz e livre da doença. Além disso, o girassol se despede como o sol se pondo no fim de um dia, fechando um ciclo. Entretanto, o sol implica esperança, ou seja, uma iluminação no meio da escuridão. Essa esperança e boas vibrações são transmitidas pelo girassol, que em sua cor amarela indica calor e simboliza a energia do sol, como aparece no logo 13, estando a flor ao natural do lado direito do nome do hospice.
Outros três logotipos (14, 15 e 16) apresentam o girassol somente na cor amarela. O logo 14 coloca em destaque a forma radiada da flor, muito alusivo à ideia do sol e seu simbolismo de luz, força e energia indicando eternidade, transfiguração e maturidade. O logo 15 apresenta somente as pétalas amarelas dispostas em círculo remetendo à flor do girassol que está perdendo suas pétalas em um movimento contínuo que simboliza as perdas com o avançar da doença, da vida, no sentido de mudanças como o processo natural do ciclo vida-morte, de uma despedida para um recomeço. Por fim, o logo 16 retrata a flor do girassol com o miolo pontilhado, com destaque para sua forma circular, formando – com o caule e as raízes – uma linha de continuidade, como o cuidado, associada à força e à fertilidade, para transfiguração e recomeço.
Desse modo, o girassol também pode ser associado a noções de terminalidade, ciclos de vida-morte e eterno retorno. Guardalupe37 identificou na crônica “A morte dos girassóis” do escritor brasileiro Caio Fernando de Abreu38 aspectos relacionados à visão da morte como um recomeço quando o jardineiro após a morte da planta prepara um ritual de enterramento, no qual, por meio do ato de jogar pétala por pétala da flor de volta à terra, ele se despede da vida conhecida, ao mesmo tempo que enxerga uma possibilidade de recomeço, pois ao servir de adubo a planta retornaria à vida. As flores amarelas dos logotipos aludem à ideia de que partem de fortes raízes sob a terra fértil. Então, a fertilidade está associada à capacidade do girassol em gerar vida mesmo após sua queda e morte.
Muitas vezes, o girassol é simbolicamente a figura-arquétipo da alma, o centro espiritual18. Para Carl Jung15:
Os arquétipos aparecem na experiência prática: são ao mesmo tempo imagem e emoção; e só podemos nos referir a arquétipos quando esses dois aspectos se apresentam simultaneamente. Quando existe apenas a imagem, ela equivale a uma descrição de pouca importância. Mas quando carregada de emoção, a imagem ganha numinosidade (ou energia psíquica) e torna-se dinâmica, acarretando várias conseqüências15.
Nesse sentido, é possível afirmar que o diagnóstico de uma doença ameaçadora da vida seja suficiente para fazer o indivíduo encarar um processo de morte simbólica durante sua experiência no processo de adoecimento. Tal característica é encontrada no trabalho de Elizabeth Kübler-Ross14 com pacientes terminais, quando faz analogia entre o rompimento do casulo da borboleta e a morte do corpo humano, e a alma ganhando vida no voo da borboleta. Essa transformação na vida dos doentes e de seus familiares é assistida pelos cuidados paliativos14.
Semelhante às borboletas, o girassol está associado ao arquétipo da alma, sofrendo as mudanças do tempo, atingindo sua maturidade nas adversidades, encontrando nos cuidados paliativos a oportunidade de iniciar um novo ciclo. Eis aqui o sentido e o significado profundo expresso nos logotipos dos hospices.
CONCLUSÃO
O girassol aparece nos logotipos como um signo e símbolo da própria paliação, mais especificamente dos hospices, a partir do processo de ressignificação da morte, tendo como intenção de cuidado o paciente e familiares, dando ênfase à vida e ao viver. O simbolismo do girassol está associado ao sol, como sugerido por seu nome, cor e forma radiada da flor, bem como sua inclinação para o sol durante o crescimento. Os girassóis atraem, encantam por sua beleza e irradiam energia. É uma explosão de vitalidade e força, onde o caminho é a luz. A cor amarela dessa flor está ligada ao ouro, símbolo da eternidade e transfiguração.
Dessa forma, o hospice, tal qual um girassol, religa pacientes e familiares ao profundo ciclo da vida, no qual a verdade da morte é para todos, perpassando por crescer, florescer, murchar, cair e enraizar-se novamente. Na sua capacidade de oferecer cuidados paliativos, o hospice e seus atores promovem um heliotropismo essencial, ou seja, orientam o movimento peculiar de girar seguindo o sol, em busca da luz, e dar as costas para as sombras, como o ser humano no encontro com sua espiritualidade. A capacidade do girassol em gerar vida mesmo após queda dá sentido à sua fertilidade e força, afirmando a expressão máxima de um ser-para-a-morte; um ser humano que completa suas possibilidades na finitude.
Apesar de ser um estudo com análise de 16 logotipos tendo suas limitações na generalização para todos os hospices ou para a sociedade em geral, os resultados podem oferecer fundamentos valiosos para enriquecer a prática e a percepção dos cuidados paliativos, especialmente nos cuidados de fim de vida. Pesquisas futuras são necessárias para obter melhores evidências, combinando análise semiótica com outros métodos qualitativos ou quantitativos, como entrevistas com pacientes, familiares, profissionais, voluntários de hospices e serviços de cuidados paliativos, além de pesquisas com o público em geral para avaliar a percepção dos logotipos, a fim de obter uma compreensão mais robusta sobre o tema.
CONTRIBUIÇÕES
Todos os autores contribuíram substancialmente na concepção e no planejamento do estudo; na obtenção, análise e interpretação dos dados; na redação e revisão crítica; e aprovaram a versão final a ser publicada.
DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES
Nada a declarar.
FONTES DE FINANCIAMENTO
Não há.
REFERÊNCIAS
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Recebido em 30/7/2024
Aprovado em 24/3/2025
Editor-associado: Mario Jorge Sobreira da Silva. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-0477-8595
Editora-científica: Anke Bergmann. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-1972-8777
Quadro 1. Caracterização em ícone, símbolo e índice a partir da análise semiótica dos logotipos de hospices contendo girassol
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CÓDIGO |
LOGOTIPO |
ÍCONE |
SÍMBOLO |
ÍNDICE |
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LOGO 1
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Flor do girassol no pingo da letra “i” da palavra hospice |
Expressão “pingo nos is” (straighten things out). Algo a ser esclarecido |
Descoberta, revelação ou desvelação da finalidade do hospice |
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LOGO 2
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Flor do girassol no pingo da letra “i” da palavra hospice |
Expressão “pingo nos is” (straighten things out). Algo a ser esclarecido |
Descoberta, revelação ou desvelação da finalidade do hospice |
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LOGO 3
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Miolo da flor do girassol contornado pela letra “o” da palavra hospice ou do nome da instituição |
Círculo simboliza o útero |
Fertilidade, criatividade e renovação. Processo de transformação e recomeço. Retorno ao cuidado integral |
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LOGO 4 |
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Miolo da flor do girassol contornado pela letra “o” da palavra hospice ou do nome da instituição |
Círculo simboliza o útero |
Fertilidade, criatividade e renovação. Processo de transformação e recomeço. Retorno ao cuidado integral |
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LOGO 5 |
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Duas folhas verdes que acomodam a flor do girassol com suas pétalas amarelas e o miolo de pontilhados sendo a grade de sementes |
Folhas como mãos que apoiam o paciente e seus familiares representados pelos pontinhos no centro do miolo e as pétalas amarelas que transferem energia solar para as sementes |
Apoio e cuidado compassivo. Paciente e familiares no centro do cuidado. Oferta de alívio e conforto. Acolhimento |
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LOGO 6
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As pétalas da flor do girassol em forma de coroa amarela e no centro como miolo da flor tem um coração marrom |
Coração como nova morada concordando com a mensagem “onde pessoas vêm para viver” |
Lugar seguro e carregado de afeto para se viver |
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LOGO 7
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No centro do miolo da flor do girassol com suas pétalas amarelas tem o desenho de uma casa |
Casa no centro representando o cuidado oferecido em domicílio dentro do modelo hospice |
Lugar seguro e carregado de afeto para se viver e ser cuidado. Casa protegida |
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LOGO 8 |
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Flor do girassol adjacente ao nome do hospice a esquerda |
Hospice é um local de acolhimento e suporte, incluindo a modalidade de assistência domiciliar |
Não é sobre corpos e máquinas médicas, mas sobre pessoas com quem o hospice está envolvido e cuida neste momento específico de suas vidas |
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LOGO 9 |
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Girassol no centro do nome do hospice demonstrando sua altivez Folhas irregulares, dando a impressão de estarem ao vento |
A flor do girassol traduz em seu crescimento a luz e a energia do astro. A luz que brilha na escuridão pode ser ligada ao pensamento cristão em que Jesus diz “eu sou a luz do mundo” |
Hospice como o lugar onde a escuridão e o medo são dissipados pela crença na existência de algo soberano |
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LOGO 10 |
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Girassol adjacente ao nome do hospice demonstrando que já adquiriu um tamanho maior, sendo mais atrativo aos polinizadores para reprodução e início de um novo ciclo |
A flor do girassol traduz em seu crescimento a luz e a energia do astro. O girassol volta para a luz como a alma humana busca a luz da fé e a conexão com a profunda espiritualidade |
Hospice como o lugar onde a escuridão e o medo são dissipados pela crença na existência de algo soberano. Busca da espiritualidade. Maturidade, transfiguração e eternidade |
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LOGO 11
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Uma pomba como se estivesse carregando uma flor de girassol e ao mesmo tempo parecendo o sol se pondo no horizonte |
A pomba é um símbolo que tem origem no Antigo Testamento quando a pomba retorna à Arca de Noé com um ramo de oliveira sinalizando o final da inundação, tornando-se universalmente reconhecido como paz e esperança, boa vida após o dilúvio |
Essa imagem reflete a filosofia do hospice da boa morte e talvez uma vida após a morte. Implica em esperança e iluminação no meio da escuridão. Liberdade e paz, voo seguro |
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LOGO 12 |
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Girassol semelhante a um sol se pondo no horizonte |
Girassol se despedindo como o sol que se põe no fim de um curso |
O sol implica em esperança, iluminação no meio da escuridão Finitude, fim do dia/ciclo. Despedida |
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LOGO 13 |
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Flor do girassol ao natural do lado direito do nome do hospice |
A cor amarela da flor do girassol indica calor e simboliza a energia do sol |
Boas vibrações e esperança |
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LOGO 14 |
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Flor do girassol somente na cor amarela, com o miolo pontilhado, destaque para sua forma radiada |
Alusão ao astro solar, sua luz, força e energia |
Eternidade, transfiguração e maturidade |
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LOGO 15 |
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Pétalas amarelas dispostas em círculo remetendo à flor do girassol que está perdendo suas pétalas |
A perda das pétalas da flor do girassol transmite a ideia de um processo de perdas com o avançar da doença, da vida |
Despedida, mudança, processo natural do ciclo vida-morte, recomeço |
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LOGO 16 |
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Flor do girassol somente na cor amarela com o miolo pontilhado, destaque para sua forma circular. Caule e raízes como uma linha de continuidade da flor |
A flor amarela alude a uma imagem que estas partem de fortes raízes sob a terra fértil. A fertilidade está associada a capacidade do girassol em gerar vida mesmo após sua queda e morte |
Cuidados continuados. Força e fertilidade. Maturidade, transfiguração, eternidade e recomeço. Enraizamento |
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