ARTIGO ORIGINAL
Contradições entre Narrativas e Práticas dos Consumidores de Dispositivos Eletrônicos para Fumar
Contradictions Between Narratives and Practices of Electronic Nicotine Delivery System’s Consumers
Contradicciones entre Narrativas y Prácticas de Consumidores de Dispositivos Electrónicos para Fumar
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2025v71n1.4918
Cristina de Abreu Perez1; Maribel Carvalho Suarez2; Thaysa Nascimento3; Luiza Novais Tavares4; Karina Prince5
1Pesquisadora autônoma. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: cristinadeabreuperez@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-5170-9664
2,3Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mails: maribel_suarez@facc.ufrj.br; thaysa.nascimento@coppead.ufrj.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0001-9736-5273; Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-5706-6022
4UFRJ, Instituto de Economia. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: luiza.tavares@graduacao.ie.ufrj.br. Orcid iD: https://orcid.org/0009-0008-2992-3171
5Umanitá Pesquisa Qualitativa. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: karinaprince@umanita.com.br. Orcid iD: https://orcid.org/0009-0006-7640-8493
Endereço para correspondência: Cristina de Abreu Perez. Rua Pinheiro Guimarães, 150, apto. 503 – Humaitá. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. CEP 22281-080. E-mail: cristinadeabreuperez@gmail.com
Introdução: As políticas de controle do tabaco avançaram nas últimas décadas, entretanto a indústria do tabaco apresenta um novo desafio: os dispositivos eletrônicos para fumar. Objetivo: Mapear a percepção e as práticas de consumo dos consumidores jovens e adultos sobre os dispositivos eletrônicos para fumar, contribuindo com a reflexão a respeito da redução de danos. Método: Pesquisa qualitativa com grupos focais em cinco capitais de cada Região do país, com usuários entre 18 e 28 anos e adultos de 29 ou mais. Foram realizados dez grupos focais, com seis participantes em cada grupo, totalizando 60 informantes, pertencentes às classes A e B1, por meio da plataforma Zoom com roteiro semiestruturado de perguntas. Resultados: Os entrevistados parecem realizar uma “faxina simbólica” no tabagismo, restabelecendo significados dos cigarros convencionais, chegando à redução da percepção de risco, não se considerando fumantes. O produto é percebido como prático para utilização, com cheiro e sabor agradáveis, proporcionando socialização, sem tantas restrições para o seu uso. O trabalho também evidencia as barreiras de mensuração do consumo. A diversidade de modelos e a variedade de teores de nicotina parecem contribuir para uma ausência de parâmetros, comparativos e coletivos, dificultando a consciência do usuário sobre seu próprio consumo, além dos mecanismos de “flow”, em que o consumidor perde a noção do volume utilizado sem uma experiência material que sinalize uma unidade de consumo. Conclusão: As barreiras de mensuração de consumo e os mecanismos de “flow” parecem representar grandes riscos de ampliação do tabagismo.
Palavras-chave: Sistema Eletrônico de Liberação de Nicotina; Vaping; Percepção Social.
ABSTRACT
Introduction: Tobacco control policies have advanced in recent decades, but the tobacco industry is presenting a new challenge: Electronic Nicotine Delivery Systems. Objective: To map the perception and consumption practices of young and adult consumers about electronic nicotine delivery systems, contributing to reflection on the topic of harm reduction. Method: Qualitative study conducted with focus groups in five state capitals in each Region of the country, with users aged 18 to 28 years old and adults aged 29 or older. Ten focus groups were held, with six participants in each group, totaling 60 informants, belonging to classes A and B1, via Zoom platform with a semi-structured question script. Results: The respondents seem to be “symbolically cleaning up” their smoking habits, reestablishing the meanings of conventional cigarettes, reducing their perception of risk, and no longer considering themselves as smokers. The product is perceived as practical to be used, with a pleasant smell and taste increasing social times, without restrictions on its use. The work also highlights the barriers to measuring consumption. The diversity of existing models and the variety of nicotine contents seem to contribute to a lack of comparative and collective parameters, which prevents the user from being aware of their consumption, in addition to the “flow” mechanisms, where the consumer loses track of the volume consumed, without a material experience of a consumption unit. Conclusion: Barriers to measuring consumption and flow mechanisms appear to pose major risks of increasing smoking.
Key words: Electronic Nicotine Delivery Systems; Vaping; Social Perception.
RESUMEN
Introducción: Las políticas de control del tabaco han avanzado en las últimas décadas, sin embargo, la industria tabacalera presenta un nuevo desafío: los dispositivos electrónicos para fumar. Objetivo: Mapear la percepción y prácticas de consumo de los consumidores adultos y jóvenes sobre los dispositivos electrónicos para fumar, contribuyendo a la reflexión sobre el tema de la reducción de daños. Método: Investigación cualitativa con grupos focales en cinco capitales de cada región del país, con usuarios entre 18 y 28 años y adultos de 29 y más. Se realizaron diez grupos focales, con seis participantes por grupo, totalizando 60 informantes, pertenecientes a las clases A y B1, a través de la plataforma Zoom con una guía de preguntas semiestructurada. Resultados: Los entrevistados parecen realizar una “limpieza simbólica” del tabaquismo, restableciendo los significados de los cigarrillos convencionales, reduciendo la percepción de riesgo, al no considerarse fumadores. El producto se percibe como práctico de usar, con olor y sabor agradables, proporcionando socialización, sin restricciones en su uso. El trabajo también deja en evidencia las barreras de medición del consumo. La diversidad de modelos existentes y la variedad de niveles de nicotina parecen contribuir para una ausencia de parámetros comparativos y colectivos, lo que impide que el usuario sea consciente de su propio consumo. Además, de los mecanismos de “flow”, donde el consumidor pierde la noción del volumen consumido, sin una experiencia material que señale una unidad de consumo. Conclusión: Las barreras para medir el consumo y los mecanismos de “flow” parecen representar riesgos importantes de un aumento del tabaquismo.
Palabras clave: Sistemas Electrónicos de Liberación de Nicotina; Vapeo; Percepción Social.
INTRODUÇÃO
Apesar do avanço de políticas de controle do tabaco nas últimas décadas, a indústria do tabaco apresenta um novo desafio: os dispositivos eletrônicos para fumar (DEF). Apresentados pela indústria tabagista como alternativas com “potencial de risco reduzido”, úteis para a redução e cessação do tabagismo e como uma forma de contornar as leis de controle do tabaco, permitindo que usuários “fumem em qualquer lugar”1. Outro discurso da indústria fumageira é de que o DEF seria uma forma de redução de danos2, mas estudos demostram que a estratégia mais eficaz para reduzir os danos do tabagismo é interromper o uso de todos os produtos de tabaco e nicotina3, tendo em vista que contêm nicotina e outras substâncias tóxicas que são prejudiciais tanto para usuários quanto para não usuários que são expostos aos aerossóis4.
Organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS)4 e o Surgeon General5 não recomendam tais produtos para o tratamento do tabagismo, evidenciando seus diversos riscos, assim como o Relatório da OMS – FCTC/COP/7/116 relata evidências de impacto e potencial de causar riscos à saúde na exposição às emissões dos DEF, como contaminação do ar por partículas (finas e ultrafinas), nicotina, metais pesados, como níquel e cromo, e seus níveis são mais altos nos aerossóis dos DEF, que há na fumaça dos produtos convencionais, apontando que a magnitude dos riscos à saúde ainda é desconhecida.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulatório responsável pelo controle e fiscalização dos produtos fumígenos no Brasil, proibiu, por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n.º 46, de 28 de agosto de 20097, a comercialização, importação e propaganda dos DEF, com base no princípio da precaução, em razão da inexistência de dados científicos que comprovassem as alegações atribuídas a esses produtos.
A despeito das recomendações científicas e legais, o consumo e o interesse em torno dos DEF continuam a crescer8,9, exigindo das autoridades de saúde a compreensão em torno das experiências dos usuários. Assim, a presente pesquisa tem por objetivo mapear a percepção dos consumidores jovens adultos sobre os DEF, contribuindo com a reflexão a respeito do tema de redução de danos. Os resultados destacam duas experiências críticas a serem endereçadas pelas políticas públicas de saúde no controle do tabagismo: a faxina simbólica no tabagismo e as dificuldades de mensuração do consumo de DEF.
Os DEF parecem ocupar um espaço ambíguo entre continuar fumando ou abandonar o tabagismo10. O uso dual aparece na literatura sendo percebido pelo consumidor como uma forma de reduzir os danos causados pelo consumo do cigarro tradicional a curto prazo e como meio facilitador para o abandono dessa categoria a longo prazo11,12. Masson et al.13 mostraram que mais da metade dos participantes já havia utilizado o cigarro eletrônico como alternativa para o abandono do tabagismo, e os mais jovens eram os mais receptivos a essa opção. No entanto, Robertson et al.14 chamam atenção para o fato de que os participantes de sua pesquisa alegaram ter modificado o objetivo de uso dos DEF ao longo do processo. Muitos deles ficaram satisfeitos apenas com a redução do consumo do cigarro convencional, não conseguindo realizar o abandono total.
A continuidade do consumo dos DEF foi atribuída a fatores como percepção de menores danos à saúde em comparação com o cigarro convencional, disponibilidade de enorme variedade de sabores, ausência de cheiro considerado desagradável na vaporização, ao contrário do que acontece com o cigarro tradicional, sensação de diversão no momento da criação da fumaça, maior variedade de locais onde é permitido o uso dos DEF, ao contrário da permissão para fumantes do cigarro convencional, e o baixo estigma social atrelado à categoria dos DEF em comparação com o estigma já comumente enfrentado por fumantes tradicionais10.
Markovíc15 aponta características de design do cigarro eletrônico que poderiam afetar as percepções dos consumidores. Primeiramente, há a questão da interação com a tecnologia em pontos de design, ergonomia, aparência e tamanho. Sabor é outro ponto importante, com os cigarros eletrônicos contendo soluções com ou sem nicotina, com aromatizantes geralmente de tabaco ou mentol16-18. Além disso, parece haver certa permissividade social em termos espaço-temporal, diferentemente do que aparentemente acontece com o cigarro tradicional15.
Em geral, estudos sobre DEF tendem a não considerar os contextos socioculturais em que essa prática de consumo está inserida. A presente pesquisa contribui para a compreensão desse consumo no contexto brasileiro, no qual há poucos estudos sobre o tema. Além disso, tende a examinar preferências individuais dos consumidores dentro de uma limitada noção de experiência15. Assim, o presente trabalho foca em como design, práticas de consumo e influência social perpetuam o tabagismo, contrariando a propaganda de redução de danos. Utiliza o conceito de affordance19, que destaca como as propriedades dos artefatos influenciam a interação entre o usuário e o objeto, evidenciando o potencial de ação e sua visibilidade para o consumidor.
MÉTODO
Pesquisa qualitativa em cinco capitais de cada Região do país. Foram investigados dois perfis de usuários de DEF: 1) jovens adultos de 18 a 28 anos; 2) adultos de 29 ou mais. As cinco capitais investigadas foram São Paulo, Curitiba, Campo Grande, Teresina e Porto Velho, por se constituírem as maiores prevalências de uso de DEF no momento da pesquisa20. Essa distribuição considera tanto a intenção de se estudar realidades culturais, sociais e econômicas diferentes, como também possíveis diferentes estratégias da indústria nas localidades.
No total, foram realizados dez grupos focais, com seis participantes em cada grupo, totalizando 60 informantes, pertencentes às classes A e B1, segundo o Critério de Classificação Econômica Brasil, tendo em vista o alto custo desses produtos21,22. As entrevistas foram realizadas por meio da plataforma Zoom em meio à pandemia da covid-19 e conduzidas por uma moderadora – uma das autoras deste artigo – que participou de todo o processo da pesquisa, incluindo a formulação do roteiro de perguntas e o processo de análise.
As conversas tiveram como fio condutor um roteiro semiestruturado de perguntas, que abarcava perguntas sobre motivações iniciais, iniciação e práticas de consumo, e percepções de risco relacionadas aos DEF. Todos os grupos foram gravados e transcritos, por profissional especializado.
A análise dos dados se operacionalizou a partir do processo de sumários e codificação23, que consistiu no trabalho sistemático de criação de rótulos nas diversas unidades ou blocos de textos, a partir de três estratégias distintas24: (1) codificação aberta, que é o processo de examinar, comparar e categorizar dados; (2) codificação axial, que diz respeito ao processo de arranjar um significado mais abstrato após codificação aberta; (3) codificação seletiva, que envolve a identificação de categorias sistemáticas de códigos.
Abrir processos de codificação axial e seletiva fornece estrutura ao conteúdo dos grupos focais, o que permite selecionar conceitos relacionados aos objetivos do estudo e comparar os resultados com outros estudos da literatura. Um manual com os códigos foi desenvolvido para guiar os pesquisadores envolvidos para que as análises subsequentes seguissem a mesma linha. Dúvidas foram discutidas entre os investigadores até que se atingisse o consenso. Adicionalmente, modificações interativas dos códigos ocorreram a partir de reuniões de análise, reforçando a confiabilidade da classificação.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o número de parecer 5099980 (CAAE: 52266721.7.0000.5582), com base na Resolução n.º 46625 de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde.
RESULTADOS
Tendo por objetivo mapear a percepção dos consumidores jovens adultos e adultos sobre os DEF, os resultados destacam dois temas essenciais, evidenciando alguns riscos importantes a serem endereçados pelas políticas de controle do tabaco: 1) A faxina simbólica do tabagismo; 2) As dificuldades de mensuração do consumo. Cada um deles será detalhadamente analisado a seguir.
A faxina simbólica do tabagismo
Ao analisar as falas dos entrevistados, percebe-se que os DEF parecem realizar uma “faxina simbólica” no tabagismo, restabelecendo os significados dos cigarros convencionais, como um consumo prazeroso, sensual, socializante e, em certa medida, glamouroso, retirando os inconvenientes usualmente associados ao fumo na atualidade. Destaca-se que alguns entrevistados ex-fumantes de cigarros convencionais e atuais usuários de DEF entendem que deixaram de fumar, portanto, não são mais fumantes e sim vapers, como sinaliza a fala de um dos participantes a seguir:
Depois que eu larguei o cigarro, eu percebi que aquilo não era prazeroso, o real prazer está aqui, o sabor, o cheiro, então eu vejo que eu mudei o meu hábito, eu passei de fumante para vaper, o meu hábito mudou. Eu não sou mais fumante, eu não faço mais fumaça, eu não fedo, eu não tenho mais mau hálito decorrente do cigarro, então é uma satisfação muito grande em ingerir algo que me sacia a ansiedade como o cigarro antigamente, mas que eu não fico fedendo, as pessoas não ficam longe de mim, eu entro no elevador tranquilo, ninguém se afasta porque eu realmente não tenho mais cheiro de cigarro, o hábito de cigarro mudou, é um prazer imenso vaporar para mim (ADULTOS, Curitiba).
Tal fala ilustra como os consumidores chegam a eliminar a ambiguidade em relação à condição de fumantes, destacada em estudos anteriores11, distanciando-se das preocupações associadas à saúde. Um aspecto fundamental dessa faxina simbólica diz respeito à redução da percepção de risco dessa forma de tabagismo tanto nos aspectos relacionados à saúde quanto nos riscos sociais. Pode-se perceber nas falas dos participantes uma menor preocupação quanto aos seus efeitos na saúde deles próprios como das pessoas com quem convivem, principalmente quando comparados aos cigarros convencionais.
Ainda que não haja evidências científicas, alguns participantes chegam a dizer que os DEF quase não fazem mal à saúde. Essa percepção parece estar muito associada às informações encontradas pelos usuários na Internet, na época em que conheceram o
produto.
O meu objetivo era a redução de danos, eu fumava cigarro e me sentia cansado, indisposto e eu passei a pesquisar, sempre fui muito curioso, sempre gostei muito de tecnologia, e tem até cadastro em sites que me dão notícia de coisas novas, sobre qualquer objeto que facilita a vida. Apareceu o cigarro eletrônico na Internet e eu comecei a pesquisar, fiquei meses, me interessei, pesquisei muito, quis saber tudo antes de ter um, para não ter erro. E falei, isso aqui vai me ajudar, eu vou conseguir parar de fumar com isso, minha saúde vai melhorar, tem estudo, fui atrás de pesquisas nas quais dizem que o cigarro eletrônico é 95% menos prejudicial do que o cigarro convencional, e eu também estava de saco cheio do cigarro (ADULTOS, Curitiba).
Similar aos resultados de consumidores de outros países10, a esperança dos usuários da presente pesquisa se baseia em elementos pouco objetivos: desde a ideia de que o DEF não produz fumaça aos relatos de especialistas na Internet e à própria experiência física dos usuários com o produto. Alguns entrevistados disseram que o DEF não deixa os dentes amarelados, assim como não diminuem o olfato e o paladar, como ocorre entre os usuários de cigarros convencionais.
Os entrevistados desta pesquisa relatam buscar informações em influenciadores que se apresentam como especialistas no tema. Nessas bolhas informacionais, são promovidos o que seriam os “benefícios” da categoria, bem como os apelos sensuais do produto. De acordo com os informantes, os DEF não deixam cheiro desagradável como o cigarro convencional. O cheiro e o sabor desses produtos são apontados como algo prazeroso, permitindo a aceitação social do consumo tanto na roda de fumantes como dos não fumantes, resultados similares encontrados nos estudos internacionais16-18.
A variedade de sabores oferecidos, entre eles frutas, doces e até mesmo marca conhecidas de chiclete ou balas, parece possibilitar também um leque de opções relacionadas a momentos específicos, locais ou tipos das bebidas utilizadas pelos usuários, chegando até a contemplar os que preferem o gosto habitual do cigarro.
A gente vê que parece que a publicidade do vape é muito voltada para o jovem, essa coisa dos gostos mais doces e tudo mais, acho que agora que estão tendo essa visão de pensar no pessoal que é mais velho, que quer levar para uma substituição, que talvez goste mais do sabor do tabaco (JOVENS, Curitiba).
O cheiro também favorece a socialização, a utilização em locais fechados, apesar da proibição, e a maior aceitação entre todos, fazendo o usuário se sentir “bem-vindo”, e a possibilidade de não precisar se afastar dos amigos para usar o produto, diferentemente do que ocorria, segundo ele, principalmente quando comparado com os usuários de cigarro convencional que, em nenhuma vez, foi citado como algo positivo:
A aceitação de quem fuma vape e pod no meio social é bem mais aceitável do que cigarro, o cigarro a pessoa tem que sair do grupo (ADULTOS, Porto Velho).
A questão da fumaça, eu tenho visto que é muito bem aceita, já teve roda de empreendedores aqui e o palestrante falando sobre negócio e fumando o vape na maior tranquilidade, a impressão que eu tenho é que as pessoas não se incomodam com a fumaça, principalmente quando a essência é agradável, tem essência de frutas, chiclete babaloo, menta, é gostoso de sentir até (ADULTOS, Campo Grande).
Alguns entrevistados chegam a usar a expressão “modinha” para o uso atual dos DEF. Nesse sentido, mais do que neutralizar os significados negativos do cigarro, os DEF parecem aportar, na visão de alguns informantes, status para seus usuários.
Eu uso mais por modinha, porque nunca fui fumante de cigarro e mais por modinha, porque está na febre, mas é algo que eu sou viciada (JOVENS, Porto Velho).
No meu caso foi por modinha, foi no final de 2019, eu comecei a ver um grupo de amigos, todo mundo dando aquela baforada, fumaça mágica, aquela fumaça incrível, aí eu quero esse negócio também porque o outro não fazia tanta fumaça assim. E eu lembro que provei a primeira vez, senti a sensação boa e diferente, aí vou começar a fazer isso (ADULTOS, Teresina).
Em diversos momentos, os grupos se referem a um uso estimulado pelos amigos ou conhecidos, assim como promovido pelas redes sociais, como uma experiência geracional promovida por seus pares. Como apontado por Markovíc15, as interações sociais geradas a partir do uso desses dispositivos se apresentam como potenciais benefícios percebidos pelos usuários quando comparados aos cigarros convencionais.
A primeira coisa que me veio foi “rolê” porque remete muito à questão de compartilhar com os amigos, de estar nesse ambiente descontraído (JOVENS, Teresina).
Esse sentimento de liberdade dos usuários em relação a fumar DEF em público, bem como na convivência social, diferentemente do cigarro tradicional, se materializa na ampliação das possibilidades de consumo do produto. Em muitos casos, a venda de DEF é feita dentro de boates e em outros estabelecimentos; mesmo não ocorrendo a venda, a utilização de vapes, pods e cigarros eletrônicos é citada como sendo extremamente aceita dentro desses locais, o que gera conforto e praticidade para os usuários.
Quando eu saio, estou em uma baladinha, algum lugar que é permitido fumar o vape lá dentro. Aí você tem que sair [se quiser fumar cigarro], a gente mora em Curitiba que é frio, às vezes dá preguiça de sair para fumar e a gente fica lá dentro no vape (JOVENS, Curitiba).
A possibilidade de uso onde não se pode fumar cigarros convencionais, como ambientes fechados, mostra um desconhecimento de que os DEF estão submetidos às mesmas proibições de uso, de qualquer produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo fechado, privado ou público, em todo país.
Discrição. Eu fumo onde não pode fumar, prazer e sabor. Prazer porque eu sou viciado em cigarro convencional também e em lugar fechado entra desespero e o vape me salva (JOVENS, São Paulo).
Também nos ambientes mais privados, o DEF oferece uma oportunidade de efetuar o consumo de forma discreta e, portanto, menos controlada ou censurada por outras pessoas. Um dos participantes chegou a relatar fumar o DEF em casa escondido dos pais e não ter problema em relação à desconfiança deles, assim como no trabalho, visto que o dispositivo é muito discreto.
Eu fumo dentro do meu quarto e o meu pai não sente o cheiro, dentro do trabalho também ninguém sabe e sente o cheiro, eu guardo no bolso e não precisa apagar (JOVENS, São Paulo).
Além de não ter que sair do ambiente para usar, os usuários destacam a praticidade desses dispositivos, que dispensam a necessidade de isqueiro e cinzeiro:
Praticidade, na rua tem que levar maço, isqueiro, cinzeiro e o vape é só ele, põe no bolso e pronto (JOVENS, São Paulo).
Em síntese, os grupos permitiram elencar uma variedade de motivações para a adoção dos DEF que evidenciam o que a equipe denominou de “faxina simbólica do tabagismo”:
- Os usuários de DEF não se consideram fumantes, ou seja, todo peso e preocupação relacionados ao uso de cigarros convencionais deixam de ser associados aos usuários de DEF, tornando este um comportamento “limpo” e, segundo eles, com menores preocupações. Em diversas falas, foi possível, inclusive, perceber certo status social pelo uso de um produto da “moda”, antigamente dado ao cigarro convencional.
- Na visão de diversos entrevistados, os riscos para a saúde são hipoteticamente reduzidos, quando comparados ao cigarro convencional. Um fator trazido foi a questão da nicotina. Os entrevistados reconhecem que a nicotina é a responsável pela dependência, no entanto, referem que alguns tipos de vapes permitem o uso de essência sem nicotina, o que em teoria poderia viabilizar a manutenção do comportamento, parecido com tabagismo convencional, sem a intoxicação pelas outras substâncias tóxicas contidas no cigarro convencional que, segundo os informantes deste estudo, não existem nos DEF. Tais discursos são reforçados pelo fenômeno das bolhas da Internet, cujos conteúdos alinhados ao pensamento dos usuários ganham maior atenção e circulação.
- Outros efeitos desagradáveis dos cigarros convencionais, como o cheiro e sabor fortes, são eliminados. Diversos entrevistados relatam que o cheiro agradável do vapor produzido pelo usuário possibilita inclusive a socialização, tornando-se um elemento de status diferenciado, valorizado por diversos grupos, como um item de moda.
- A variedade de sabores que podem ser escolhidos permite vários tipos de uso, podendo combinar com local, ocasião e tipos de bebidas.
- O produto é percebido como prático, reduzindo preocupações com o descarte de bitucas, cinzas, necessidade de uso de isqueiros, cinzeiros etc.
As dificuldades de mensuração do consumo
Nos diversos grupos, mais especialmente entre os usuários duais (que continuam fumando cigarro convencional e DEF), foram frequentes os relatos de “estar fumando menos vape do que o cigarro tradicional anteriormente”. As narrativas de redução do tabagismo foram recorrentes e parecem reproduzir o próprio discurso que levou alguns dos usuários a se engajarem com a nova categoria. Entretanto, essa fala apresenta contradições importantes, detalhadas a seguir.
A primeira diz respeito à própria dificuldade de mensuração do consumo. Quando questionados sobre como mensuram essa redução, os entrevistados reconhecem que é difícil estabelecer uma medida do que seria o consumo excessivo. É interessante notar que diversos entrevistados demonstram que essa “régua” é facilmente estabelecida para o cigarro convencional, mas muito ambígua quando se trata dos DEF:
Eu fumava uns 10 cigarros por dia, do convencional, agora eu não tenho aquele horário para fumar, de vez em quando eu estou ali pegando e estou fumando, mas eu fumava bem mais, o outro, eu fumava muito. O cigarro eletrônico não tem uma quantidade assim (ADULTOS, Teresina).
Em relação à quantidade não sei não, já vai lá e compra várias essências ou vai num lugar, como eu fui em Ponta Porã e comprei bastante também, não tem como quantificar. O cigarro convencional tem, porque tem a quantidade ali, já o vaper e o pod não, não tem como, só se a pessoa usar só o descartável que é o pod e ele tem como saber quantos ele usou no mês ou na semana (ADULTOS, Campo Grande).
Mesmo os informantes que conhecem e seguem uma medida pessoal para quantificar o próprio consumo reconhecem a dificuldade de se chegar a um consenso para a avaliação do que seria um consumo excessivo. Algumas lógicas distintas foram apresentadas. Para alguns, a medida seria o número de puxadas/período. Para outros, o volume em ml consumidos por período. Outros informantes falam do desgaste da resistência do produto ou do tempo de duração da bateria. Há ainda os que registram os momentos do dia em que o produto é consumido.
A diversidade de modelos existentes no mercado, cada um com sua especificidade técnica, além das escolhas relativas ao teor de nicotina, parece contribuir para uma ausência de parâmetros, comparativa e coletiva, que ajude o usuário a ganhar maior consciência sobre seu próprio consumo. Se o fumante do cigarro convencional tinha a possibilidade de contabilizar quantos cigarros havia fumado ou ainda restavam na carteira até o final do dia, o usuário de DEF parece ter dificuldade de visualizar o quanto consome e o quanto ainda resta, perdendo, assim, uma medida para controlar o seu próprio consumo.
O cigarro você ainda vê o final do cigarro, quando você fuma ali, eu fumei um cigarro porque a questão de quem fuma é mais o hábito, é um ritual você tirar o cigarro da carteira, colocar na boca, acender ele e puxar ele, é tipo um ritual. Já o vape não tem isso, só vai puxando, quando vê, às vezes você fumou a essência inteira durante o dia e fumou muito mais que uma carteira de cigarro, você fumou umas 5 carteiras de cigarro em um dia só (JOVENS, Curitiba).
(...) eu uso o freebase como eu falei para vocês que é um juice, que é o líquido com a menor quantidade de nicotina que só tem 3 mg para um frasco de 30 ml, que convertendo vai dar no final 60 mg de nicotina por frasco, diferente de um Nixon que já contém 50, eu uso o Nixon, uso 50, se eu usar 35 mg eu não consigo me satisfazer (JOVENS, Teresina).
E o fato de consumir mais ou menos, se a pessoa usa um juice de 3 mg, ela tende a usar mais, com mais frequência porque ela está ingerindo pouca nicotina, é que nem um cigarro fraquinho, quem fuma Marlboro e vai pegar um Free, um Derby que é ruim para caramba, uma coisa com menos nicotina, então vai sentir diferença e vai querer fumar outro rapidamente, então eu acabo vaporando mais porque tem o objetivo de diminuir a nicotina (ADULTOS, São Paulo).
Essas falas sugerem que a diversidade de critérios e a sua ambiguidade não são apenas uma defesa para evitar mensurar o próprio consumo, mas uma dificuldade material efetiva vivenciada pelos usuários para refletir e avaliar a experiência de consumo no cotidiano.
Um segundo aspecto que questiona as narrativas de redução do tabagismo diz respeito aos mecanismos de “flow”, que fazem com que o consumidor perca a noção do seu consumo e tenha dificuldade de controlar o quanto usa no seu dia a dia. Essa experiência de “flow”, viabilizada pela falta de uma experiência material que sinaliza uma unidade de consumo, é amplificada pela socialização, retomada nos espaços públicos. O consumo é ampliado pelos encontros de amigos, em momentos que conjugam bebidas alcóolicas. Diversos entrevistados relataram perder o controle do consumo de cigarro (comum/eletrônico) ao consumir bebida alcoólica.
Porque você sai e bebe e fuma e quando você vê acabou. Os descartáveis não mostram quando vai acabar, você descobre na hora que acabou. Esse que é o golpe do descartável, você não vê (JOVENS, Campo Grande).
Em festa, se eu bebi já era, eu fico o dia inteiro puxando o vape e se eu sei que eu exagerei, é porque a voz começa a ficar outra coisa, respiração também, a cabeça, dá uma dor de cabeça (JOVENS, Curitiba).
Acho que é complicado falar em quantidade, porque a maioria usa para alívio do estresse, em roda de amigos. Quantidade é complicado dizer. Eu uso o de 300 puxadas e dura uma semana ou mais (ADULTOS, Campo Grande).
Como já se destacou, uma diferença importante em relação ao DEF se relaciona com o fato de que, diferentemente do cigarro convencional, estes parecem ser mais aceitos mesmo em locais públicos, sem tantas restrições para o consumo, por exemplo em bares, restaurantes e boates, nas rodas que incluem os não fumantes. Essa mesma materialidade que dificulta a mensuração do consumo, com uma multiplicidade de formatos de equipamentos, sabores e cheiros, termina por aguçar a curiosidade, se tornando tema de conversas entre os usuários e seu círculo social:
Porque o cigarro antigamente fazia isso, aproximava as pessoas, tinha aquele negócio, a gente fumava junto, hoje como dificilmente pode fumar, a gente é excluído, essa é a grande verdade, e o vape não faz isso, aproxima as pessoas, faz o social mesmo.
O vape, então, aparece como algo “que dá papo” e permite conhecer novas pessoas: E já um motivo para você conhecer a pessoa, que vape você está usando, que marca que é, que juice que você usa, o juice a gente escolhe, a nicotina a gente escolhe, o sabor, então já um motivo para você fazer uma amizade, duas pessoas estão fumando ali fora, vão trocar uma ideia ali, mas parece que o vape dá muito história, papo para você trocar (ADULTOS, Curitiba).
DISCUSSÃO
A fala dos entrevistados evidencia um desconhecimento por parte dos usuários sobre os malefícios que os DEF podem provocar, chegando ao ponto de alguns participantes dizerem que os DEF não fazem mal à saúde. Os DEF parecem realizar um distanciamento dos problemas reconhecidos e associados ao tabagismo, algo que vai além da ambiguidade relatada em estudos anteriores11. Muitos entrevistados, por exemplo, disseram que, por não usarem mais cigarros convencionais e sim DEF, não se consideram fumantes, passando o entendimento de que não estão sujeitos a doenças já comprovadamente causadas pelo uso desses produtos.
Reforçando estudos internacionais15-18, os entrevistados desta pesquisa também mostram uma redução da percepção de riscos sociais, tendo em vista que acreditam na possibilidade de uso do DEF em lugares onde não se pode fumar cigarros convencionais, como ambientes fechados, mostrando claramente um desconhecimento de que estão submetidos às mesmas proibições de uso de acordo com a legislação atual. Os informantes referem que o DEF não deixa cheiro desagradável como o cigarro convencional, driblando os olhares estigmatizantes e as reclamações dos fumantes passivos. A variedade de cheiros e sabores permite ainda várias experiências de uso que combinam com local, ocasião e tipos de bebidas, de acordo com a conveniência dos seus usuários.
Vale ressaltar que, entre os adultos que anteriormente consumiam cigarro convencional, o DEF se apresenta como uma alternativa à pressão sofrida pelos fumantes para que deixassem de fumar, o que pode ser mais uma consequência negativa desse dispositivo, pois os fumantes podem parar de fumar cigarros convencionais e passar a utilizar o DEF, acreditando ser um benefício, entretanto, permanecendo expostos a muitos riscos para saúde26,27.
Todos esses pontos apontam que essa nova categoria de produto parece realizar uma “faxina simbólica” no tabagismo, promovendo o DEF a um patamar antes ocupado pelos cigarros convencionais – de um consumo prazeroso, sensual, socializante e, em certa medida, glamouroso, sem os inconvenientes usualmente associados ao fumo. Nesse sentido, o DEF tem pouco a contribuir com a redução do tabagismo, na medida em que reduz a percepção de risco dos aspectos relacionados à saúde e aos riscos sociais28.
Um ponto de central importância e ainda não abordado na literatura sobre o tema foi a dificuldade de mensurar o consumo ou até mesmo avaliar o que seria consumo excessivo. Tanto individual quanto coletivamente, parece ser difícil estabelecer uma medida do consumo cotidiano e, assim, estabelecer limites e parâmetros. É interessante notar que diversos entrevistados demonstram que essa “régua” é facilmente estabelecida para o cigarro convencional, mas muito ambígua quando se trata dos DEF.
Os mecanismos de “flow”, que fazem com que o consumidor perca a noção do seu consumo e tenha dificuldade de controlar o quanto usam no seu dia a dia, parecem ocorrer, pois não há no DEF uma unidade de consumo; assim como o consumo de múltiplas essências e modelos ao mesmo tempo parece dificultar o controle da quantidade. Por fim, a própria socialização e a liberação em espaços antes restritos ao tabagismo, como já comentado, contribuem para a perda de parâmetros, ao aumentarem as possibilidades de uso, combinadas com as situações sociais mais relaxantes, concomitantes ao consumo de bebidas alcoólicas.
CONCLUSÃO
A presente pesquisa joga luz sobre dois aspectos críticos e estridentes na percepção dos usuários dos DEF: a faxina simbólica no tabagismo e as dificuldades de mensuração do consumo, sendo este último aspecto ainda não discutido pela literatura sobre o tema.
Um outro elemento se refere ao conceito de affordance citado anteriormente, o qual destaca que a materialidade influencia a interação dos usuários com o produto. Apesar da propaganda de redução de danos, o design do DEF sugere compulsão e vício. A materialidade do DEF, com seus diversos modelos, facilita: 1) experiências de “flow”; 2) perda da mensuração do consumo; 3) eliminação das pistas do tabagismo, como fumaça, cinzas e bitucas, além da restrição em lugares públicos, dificultando a atenção de familiares e amigos ao problema.
Trata-se aqui de um produto que faz mal à saúde e que, como vício, retira do cidadão o poder de escolha, depois de desenvolvida a dependência. “Limpos” na perspectiva simbólica e capazes de minar o controle dos seus usuários sobre os níveis de consumo, o DEF pode se tornar uma grande ameaça para atuais e futuras gerações.
Como toda pesquisa, este estudo apresenta algumas limitações relacionadas às escolhas do método que, por se tratar de pesquisa qualitativa com uma amostra não representativa, não tem pretensão de generalização populacional. O grupo de foco estimula um diálogo social, algo similar às interações cotidianas, cujas falas dos participantes influenciam uns aos outros. Embora esse aspecto contribua para evitar que os entrevistados apresentem falas demasiadamente “prontas”, pois questionamentos sempre emergem no grupo, é preciso reconhecer a influência inerente a esse processo. A escolha por investigar usuários das classes A e B também representa um recorte que pode não contemplar a experiência dos consumidores das classes mais baixas. Ainda que o consumo não esteja tão disseminado nesses grupos em virtude do seu alto custo, novas pesquisas podem contemplar esses segmentos mais numerosos no contexto brasileiro, especialmente se o DEF se tornar mais barato no futuro.
Também pode ser promissor realizar pesquisas utilizando-se métodos, como a entrevista em profundidade, ou abordagens etnográficas, capazes de captar dimensões inconscientes ou aspectos de foro mais íntimo ou temas tabus, mais difíceis de serem coletadas em grupos de foco.
AGRADECIMENTOS
À equipe da Gerência-Geral de Registro e Fiscalização de Produtos Fumígenos, derivados ou não do Tabaco (GGTAB)/Anvisa, que financiou e contribuiu significativamente para que este estudo fosse realizado.
CONTRIBUIÇÕES
Cristina de Abreu Perez e Maribel Carvalho Suarez contribuíram substancialmente na concepção e no planejamento do estudo; na obtenção, análise e interpretação dos dados; na redação e revisão crítica. Thaysa Nascimento e Luiza Novais Tavares contribuíram na concepção; na análise e interpretação dos dados; e na redação. Karina Prince contribuiu no planejamento do estudo; na obtenção dos dados; e na redação. Todas as autoras aprovaram a versão final a ser publicada.
DECLARAÇÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES
Nada a declarar.
FONTES DE FINANCIAMENTO
GGTAB/Anvisa.
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Aprovado em 19/12/2024
Editores-associados: Fernando Lopes Tavares de Lima e Mario Jorge Sobreira da Silva. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-8618-7608; Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-0477-8595
Editora-científica: Anke Bergmann. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-1972-8777
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