ARTIGO ORIGINAL
Burnout em Profissionais de Enfermagem Oncológica
Síndrome de Burnout em Profissionais de Enfermagem Oncológica: Estudo Transversal
Burnout Syndrome in Oncology Nursing Professionals: Cross-Sectional Study
Síndrome de Burnout en Profesionales de Enfermería Oncología: Estudio Cruzado
Aline de Jesus Garcia1; André da Silva dos Santos2; Claudeone Vieira Santos3; Matheus dos Santos Ferreira4; Magno Merces Weyll Pimentel5
1-5Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Salvador (BA), Brasil.
1E-mail: alinegarcia98@outlook.com.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0001-8264-021X
2E-mail: andredasilva1998@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-7368-8964
3E-mail: claudeonefisioterapia@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0001-9090-6137
4E-mail: ferreiramath1123@gmail.com. Orcid iD: https://orcid.org/0009-0008-3129-2778
5E-mail: mmerces@uneb.br. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0003-3493-8606
Endereço para correspondência: Aline de Jesus Garcia. Rua Silveira Martins, 2555 – Cabula. Salvador (BA), Brasil. CEP 41150-000. E-mail: alinegarcia98@outlook.com.br
RESUMO
Introdução: Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a síndrome de Burnout (SB) como uma doença ocupacional. A SB é uma resposta ao estresse crônico no ambiente de trabalho, caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização pessoal. Objetivo: Estimar a prevalência de SB entre profissionais de enfermagem oncológica, identificar fatores associados à SB e descrever o perfil epidemiológico, laboral e de estilo de vida desses profissionais. Método: Estudo transversal descritivo com abordagem quantitativa no Centro de Alta Complexidade em Oncologia da Bahia. A amostra foi composta por 110 profissionais de enfermagem. A coleta de dados incluiu um questionário sociodemográfico e o Maslach Burnout Inventory (MBI), adaptado para o português. A análise dos dados foi feita com o SPSS, incluindo estatísticas descritivas e análise bivariada. Resultados: A prevalência de SB entre os participantes foi de 21,8%, 45,5% apresentaram exaustão emocional moderada, 67,3% alta despersonalização e 51,8% reduzida realização pessoal. Variáveis associadas à SB incluíram consumo de bebida alcoólica, alimentação não saudável, insatisfação com a ocupação, condições de trabalho precárias e falta de atividade física. Conclusão: A SB é moderada entre os profissionais de enfermagem oncológica, com alta prevalência nas dimensões de despersonalização e baixa realização pessoal. Fatores associados incluem condições precárias de trabalho e estilo de vida inadequado. Estratégias para melhorar o suporte aos profissionais e as condições de trabalho são necessárias para mitigar essa realidade.
Palavras-chave: Esgotamento Psicológico/epidemiologia; Enfermagem Oncológica; Saúde ocupacional.
ABSTRACT
Introduction: In 2022, the World Health Organization (WHO) included Burnout Syndrome (BS) as an occupational disease. BS is a response to chronic stress in the workplace, characterized by emotional exhaustion, depersonalization, and reduced personal accomplishment. Objective: To estimate the prevalence of BS among oncology nursing professionals, identify factors associated with BS, and describe the epidemiological, work, and lifestyle profile of these professionals. Method: Descriptive cross-sectional study with a quantitative approach at the High Complexity Oncology Center of Bahia. The sample consisted of 110 nursing professionals. Data collection included a sociodemographic questionnaire and the Maslach Burnout Inventory (MBI), adapted to Portuguese. Data analysis was performed with SPSS, including descriptive statistics and bivariate analysis. Results: The prevalence of BS among participants was 21.8%, 45.5% presented moderate emotional exhaustion, 67.3%, high depersonalization and 51.8%, reduced personal accomplishment. Variables associated with BS included alcohol consumption, unhealthy diet, dissatisfaction with the job, poor working conditions and lack of physical activity. Conclusion: BS is moderate among oncology nursing professionals, with a high prevalence in the dimensions of depersonalization and low personal accomplishment. Associated factors include poor working conditions and inadequate lifestyle. Strategies to improve support for professionals and working conditions are necessary to mitigate this reality.
Key words: Burnout, Psychological/epidemiology; Oncology Nursing; Occupational Health.
RESUMEN
Introducción: En 2022, la Organización Mundial de la Salud (OMS) incluyó el síndrome de Burnout (SB) como enfermedad profesional. El SB es una respuesta al estrés crónico en el lugar de trabajo, caracterizado por agotamiento emocional, despersonalización y reducción de la realización personal. Objetivo: Estimar la prevalencia del SB entre profesionales de enfermería de oncología, identificar factores asociados al SB y describir el perfil epidemiológico, laboral y de estilo de vida de estos profesionales. Método: Estudio descriptivo transversal con enfoque cuantitativo en el Centro de Alta Complejidad en Oncología de Bahía. La muestra estuvo compuesta por 110 profesionales de enfermería. La recolección de datos incluyó un cuestionario sociodemográfico y el Maslach Burnout Inventory (MBI), adaptado al portugués. El análisis de los datos se realizó mediante SPSS, incluyendo estadística descriptiva y análisis bivariado. Resultados: La prevalencia del SB entre los participantes fue del 21,8%, el 45,5% presentó cansancio emocional moderado, el 67,3% despersonalización alta y el 51,8% realización personal reducida. Las variables asociadas con el SB incluyeron consumo de alcohol, dieta poco saludable, insatisfacción con la ocupación, malas condiciones laborales y falta de actividad física. Conclusión: El SB es moderado entre los profesionales de enfermería oncológica, con alta prevalencia en las dimensiones de despersonalización y baja realización personal. Los factores asociados incluyen malas condiciones laborales y un estilo de vida inadecuado. Para mitigar esta realidad son necesarias estrategias para mejorar el apoyo a los profesionales y las condiciones laborales.
Palabras clave: Agotamiento Psicológico/epidemiología; Enfermería Oncológica; Salud Ocupacional.
INTRODUÇÃO
Em janeiro de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a décima primeira revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11)1, documento importante para auxiliar a identificar tendências e estatísticas de saúde no mundo. A atual versão passou a considerar a síndrome de Burnout (SB) como uma doença exclusivamente ocupacional1.
Diante do estresse, o organismo responde em um processo fásico: (1) alarme ou fase de alerta, caracterizada pela resposta nervosa pelo sistema de fuga, (2) fase de resistência, na qual o organismo tende a se reorganizar frente ao agente estressor adaptando-se para estabelecer a homeostase, (3) fase de exaustão quando o agente estressor é rompido, levando ao esgotamento físico e/ou mental. Assim, considera-se que a SB se origina a partir de uma resposta ao estresse crônico laboral2,3.
A versão mais aceita acerca da SB descreve-a como uma síndrome tridimensional, e foi proposta por Maslach e Jackson4, que a caracterizam por exaustão emocional (EE), despersonalização (DP) e reduzida realização pessoal (RRP). Desse modo, a SB pode ser compreendida como uma síndrome aplicada ao contexto ocupacional, caracterizada pelo estresse crônico ingerenciável associado a esse ambiente, envolvendo: (1) sentimentos de esgotamento ou exaustão emocional, que podem ser experienciados pela fadiga; (2) aumento da distância mental, sentimentos de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho, percebida como atitudes negativas relacionadas ao outro; e (3) a sensação de ineficácia e falta de realização, tanto pessoal quanto no trabalho4.
Há uma alta incidência de SB entre os profissionais de saúde e implicações pessoais, no âmbito institucional, além de na própria prestação de cuidados aos pacientes5. No Brasil, um estudo reuniu publicações entre 2014 e 2019 e identificou que existe uma alta prevalência de SB especialmente entre profissionais da medicina e enfermagem, além de alto risco para desenvolver outras doenças mentais5.
Por estarem envolvidos no contexto laboral de contato com muitas pessoas, os trabalhadores da enfermagem são mais suscetíveis à SB, alguns dos fatores levantados associados podem ser: contato próximo com paciente e família, além de trabalho em equipe e colaboração com outros enfermeiros e outros profissionais, a alta carga de trabalho, baixos salários, ambiente de trabalho precário, alta demanda de pacientes, exposição a estressores, entre outros6,7.
Dado o contexto, há a necessidade de realizar pesquisas que atentem para a segurança, saúde e bem-estar desses profissionais, os quais são alicerces da assistência nas organizações e serviços de saúde. Assim, o presente estudo tem por objetivo geral estimar a prevalência de SB em profissionais de enfermagem oncológica. Além de objetivos específicos: avaliar os fatores associados à SB em profissionais de enfermagem oncológica e descrever o perfil epidemiológico, laboral e estilo de vida de profissionais de enfermagem oncológica.
MÉTODO
Estudo de delineamento transversal, do tipo descritivo e de abordagem quantitativa, que tem como enfoque o fator e o efeito observados em um determinado recorte temporal e espacial8.
Quanto ao tipo, a pesquisa descritiva, como o termo sugere, busca descrever características intrínsecas a uma população ou fenômeno e variáveis associadas a eles9. A abordagem quantitativa, rotineiramente empregada em estudos epidemiológicos, tem por intenção explicar fenômenos a partir da interpretação objetiva de dados numéricos, com o auxílio de instrumentos estatísticos10.
A pesquisa foi realizada no Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) da Bahia, localizado no município de Salvador-BA, Brasil, entre setembro e outubro de 2024. Os participantes da pesquisa foram enfermeiros e técnicos de enfermagem do hospital que desenvolvem atividades assistenciais ou regime administrativo (enfermeiros administrativos) no segundo semestre do ano de 2023.
A amostra foi delimitada a partir de cálculo amostral para população finita considerando o quantitativo médio de 557 profissionais de enfermagem ativos no referido hospital11, até dezembro de 2022, dado disponível on-line pelo Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES) do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).
Para o cálculo, foi usado como base o estudo brasileiro de Oliveira et al., que encontrou prevalência de SB de três ou duas dimensões de 6,9%, e 41,4% em, pelo menos, uma dimensão12, considerou-se ainda erro absoluto de 5% e nível de confiança de 95%. O valor obtido pelo cálculo amostral foi de 94, sendo acrescidos 10%, para suprimir potenciais erros de preenchimento e perdas, além de aumentar o poder do estudo, chegando ao valor de 104 indivíduos. O cálculo foi realizado pelo software Epi Info 7.013 (Centers for Disease Control and Prevention).
Como critério de inclusão, foi determinado: ter idade igual ou superior a 18 anos; ser enfermeiro ou técnico de enfermagem, aceitar a participação na pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
Os dados foram coletados por um questionário que inclui variáveis relacionadas a dados sociodemográficos, ocupacionais e de estilo de vida. O instrumento de coleta de dados utilizado foi o Maslach Burnout Inventory (MBI) — Human Services Survey, adaptado e validado para o português brasileiro14. O instrumento é composto por 22 questões que exploram as três dimensões da seguinte forma: EE (1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16, 20), DP (5, 10, 11, 15, 22) e RRP (4, 7, 9, 12, 17, 18, 19, 21). Os resultados são pontuados com uma escala Likert de cinco pontos: “1”, nunca; “2”, raramente; “3”, às vezes; “4”, frequentemente; e “5”, sempre15. A aplicação dos instrumentos foi realizada por quatro pesquisadores (um residente e três bolsistas).
Com relação à interpretação do MBI, a SB é evidenciada por altas pontuações em EE e DP e baixas pontuações nas subescalas RRP. O indivíduo precisa apresentar nível alto em EE ou DP, ou nível baixo em RRP de forma independente16.
O escore é baseado em questões relacionadas a cada dimensão da SB e com os seguintes pontos de corte: EE: alto (≥27 pontos), moderado (19 a 26 pontos) e baixo (<19 pontos); DP: alto (≥10 pontos), moderado (6 a 9 pontos) e baixo (<6 pontos) e RPR: alto (≤33 pontos), moderado (34 a 39 pontos) e baixo (≥40 pontos)15.
A variável dependente estudada foi a SB e as variáveis independentes foram organizadas em três seções: aspectos sociodemográficos, estilo de vida e trabalho, distribuídas no questionário. A digitação e o processamento dos dados foram realizados com o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)17, versão 22.0 para Windows.
A análise dos dados foi iniciada por meio de estatística descritiva para caracterizar a amostra e estimar a prevalência do desfecho, expressa em frequências absolutas e relativas. Em seguida, foi realizada uma análise bivariada para avaliar a associação bruta entre as variáveis independentes e dependentes, com base no cálculo das razões de prevalência (RP), seus respectivos intervalos de confiança (IC) a 95%, e o teste qui-quadrado de Pearson18 ou exato de Fisher. Foram considerados estatisticamente significante os valores de p menores do que 0,05.
O presente estudo respeitou os princípios bioéticos e normas e diretrizes estabelecidas na Resolução n.º 46619 de 12 de dezembro de 2012, que regulamenta as pesquisas que envolvem seres humanos, assegurando-os durante todas as fases do estudo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Estado da Bahia sob número de parecer 6.315.719 (CAAE: 69701023.5.0000.0057).
RESULTADOS
Um total de 110 profissionais de enfermagem participou da pesquisa, distribuídos nos setores de unidades de terapia intensiva (UTI), unidades de internação (clínica e cirúrgica), unidade de internação onco-hematológica, ambulatórios de quimioterapia, radioterapia, hemodiálise e Pronto Atendimento (Tabela 1).
Foi identificado que 21,8% dos profissionais que responderam ao MBI apresentaram SB (Tabela 2). Além disso, ao aferir as dimensões da SB separadamente, observou-se que 45,5% apresentaram EE moderadamente, 67,3% da amostra apresentaram nível alto de DP e 51,8% nível alto em RRP. Foi feita uma análise da média de pontuação em cada dimensão, obtendo-se um nível moderado de EE (24,1% ± 7,55), alto de DP (11% ± 2,66) e de RRP (32,47% ± 5,18) (Tabela 3).
Neste estudo, a análise bivariada das variáveis sociodemográficas, estilo de vida e laborais foram dispostas em uma tabela para melhor visualização dos dados (Tabela 4).
Na análise bivariada, as variáveis sociodemográficas sexo feminino (RP=0,86; IC 95%=0,24-3,02), idade acima de 36 anos (RP=0,54; IC 95%=0,26-1,10), raça/cor negra (RP=0,80; IC 95%=0,39-1,63), residência em região periférica (RP=0,86; IC 95%=0,41-1,80) não demonstraram associação com a SB e todas as variáveis tiveram baixa prevalência do desfecho entre os profissionais participantes.
Entre as variáveis referentes ao estilo de vida, a falta de rotina de atividade física (RP=1,92; IC 95%=0,92-4,02) e hábito de fumar (RP=1,55; IC 95%=0,30-8) não apresentaram associação com a SB. Já as variáveis consumo de bebida alcoólica (RP= 2,33; IC 95%= 1,15-4,68) e falta de uma alimentação saudável (RP=2,76; IC 95%= 1,36-5,61) se mostraram associadas à síndrome. Houve maiores prevalências de SB nas profissionais que não têm uma rotina atividade física, fumantes, com hábito de consumo de bebidas alcoólicas e que não se alimentam de modo saudável.
Na sessão laboral, a insatisfação com ocupação atual (RP=3,73; IC 95%=2,0-6,9), condição de trabalho instável (RP=3,33; IC 95%=1,72-6,42), recursos e equipamentos técnicos precários (RP=2,56; IC 95%=1,30-5,02) e equipamentos de proteção coletiva precários (RP=2,28; IC 95%=1,09-4,76) foram associadas à SB.
Observaram-se maiores prevalências do desfecho entre profissionais insatisfeitos com a ocupação, que possuíam outro vínculo de trabalho e em condições de trabalho instável, que já tenham sofrido agressão no trabalho e consideraram condições precárias de ventilação, temperatura, iluminação, recursos e equipamentos técnicos, assim como equipamentos de proteção, tanto individual quanto coletiva.
DISCUSSÃO
Conforme os dados apresentados neste estudo, 21,8% dos profissionais participantes apresentaram SB, e, considerando as dimensões isoladas, 45,5% apresentaram EE moderadamente, 67,3% nível alto de DP e 51,8% nível alto em RRP. Observando-se um nível moderado de EE (24,1%; ±7,55), alto de DP (11%; ±2,66) e de RRP (32,47%; ±5,18). Diante disso, os serviços de oncologia destacam-se por demandar dos profissionais da enfermagem uma assistência a pacientes com patologias passíveis de morte, além de fazer com que esses profissionais lidem com o próprio significado da morte, bem como processos emocionais intensos, como o luto e sofrimento de pacientes e suas famílias, e decisões eticamente complexas7.
Como reflexo dessa complexidade, uma metanálise que contemplou 9.959 enfermeiros oncologistas revelou valores de prevalência de 30% para EE, 15% para DP e 35% para RRP7.
Corroborando este estudo, Oliveira et al. constataram três ou duas dimensões sugestivas de Burnout em 6,9% cada, e 41,4% em, pelo menos, uma dimensão. Além disso, a prevalência de transtornos mentais esteve correlacionada estatisticamente, além de estresse e autoestima como fatores associados12.
Nesse sentido, os profissionais de enfermagem estão expostos frequentemente a fatores estressores que contribuem com o risco de desenvolver SB20. Esses profissionais têm uma demanda de fornecer suporte emocional aos pacientes e familiares e lidam com os diferentes estágios da doença oncológica, desde o diagnóstico, até reabilitação ou prognósticos desfavoráveis, ou ainda com morte e pós-morte, tornando esses últimos estágios fatores de importante influência para surgimento da SB15,21.
Ademais, a influência desses fatores se dá em relação direta com o tipo de serviço de assistência à saúde no qual o profissional de enfermagem está atuando, visto que podem existir diferenças intrínsecas na dinâmica de trabalho22.
Entre as variáveis apresentadas neste estudo referentes ao estilo de vida, o consumo de bebida alcoólica (RP= 2,33; IC 95%= 1,15-4,68) e falta de uma alimentação saudável (RP= 2,76; IC 95%= 1,36- 5,61) foram associados à SB, constatando-se também maiores prevalências de SB nas profissionais sem uma rotina atividade física, fumantes, com hábito de consumo de bebidas alcoólicas e que não se alimentam de modo saudável.
Entende-se que hábitos de vida prejudiciais estão relacionados a uma baixa qualidade de vida23, dessa forma o estresse ocupacional é fator potencializador, trazendo repercussões no autocuidado, nível de realização de atividade física, alimentação, abuso de álcool e tabagismo, contribuindo para o desenvolvimento de comorbidades24,25. Assim, a SB impacta em doenças cardiometabólicas, abuso de álcool e psicotrópicos, além de impactar na produtividade e risco de acidentes26,27.
No ambiente de trabalho, a insatisfação com o cargo atual (RP=3,73; IC 95%=2,0-6,9), a instabilidade nas condições de trabalho (RP=3,33; IC 95%=1,72-6,42), a deficiência nos recursos e equipamentos técnicos (RP=2,56; IC 95%=1,30-5,02), e as condições inadequadas dos equipamentos de proteção coletiva (RP=2,28; IC 95%=1,09-4,76) foram todas associadas ao desenvolvimento da SB.
Os profissionais de enfermagem que trabalham no serviço de oncologia convivem com particularidades do cuidado a pacientes complexos ou em estado terminal, que exigem conhecimentos específicos, habilidades assistenciais e gerenciais que permitam o trabalho em ambientes de média e alta complexidade5. Atuar em serviços de saúde oncológica que apresentam déficits e falta de condições adequadas é uma realidade frequente para a enfermagem. Essa exposição a longo prazo afeta a saúde física e mental, tornando esses profissionais mais propensos a desenvolver SB5,7.
As maiores prevalências da SB foram observadas entre os profissionais que estavam insatisfeitos com sua ocupação, possuíam múltiplos vínculos de trabalho, enfrentavam condições instáveis, haviam sofrido agressões no ambiente de trabalho e relataram condições precárias em relação à ventilação, temperatura, iluminação, recursos e equipamentos técnicos, além de equipamentos de proteção, tanto individuais quanto coletivos.
Ao investigar a ocorrência da SB em enfermeiros da unidade de onco-hematologia no serviço de referência de um hospital de urgência no Brasil, evidenciou-se que 43,75% deles se encontram na fase inicial da SB, 37,5% encontravam-se com a possibilidade de desenvolvê-la. A altíssima carga horária, podendo atingir até 76 horas semanais, a existência de mais de um vínculo empregatício e o sistema de turnos contribuem para o desgaste e o adoecimento ocupacional3.
Nesse sentido, os achados sugerem que, além dos fatores emocionais e psicológicos, as condições de trabalho adversas e a sobrecarga laboral desempenham um papel importante no desenvolvimento da SB, como refletido nos resultados dessa pesquisa. Ademais, a carência de recursos básicos, risco ocupacional, convívio com sofrimento, baixa remuneração, cansaço físico e comprometimento da assistência prestada são alguns dos fatores de estresse comuns na realidade da enfermagem2,28.
A violência no trabalho é outra questão presente na rotina da enfermagem. O assédio, abuso, discriminação de gênero, entre outras formas de manifestação, impactam diretamente a saúde do indivíduo15,29. Pelo menos um quarto das agressões acontece na área da saúde, sendo a enfermagem o maior alvo29,30.
Além disso, a SB influencia também na qualidade dos cuidados prestados pela equipe de enfermagem, diminui a satisfação e afeta os resultados de saúde dos pacientes. As principais causas de SB estão relacionadas a aspectos ambientais que impedem o trabalho adequado e as intervenções continuam com foco de enfrentamento individual, desconsiderando a origem causal31.
Desse modo, o trabalho da enfermagem em oncologia implica em situações estressantes frequentes em relação a outras unidades de saúde, isso ocorre dada a assistência a pacientes com doenças crônico-degenerativas, tal qual o câncer. Estudos sobre o tema apontam também a predisposição dessa classe à SB. Diante disso, é importante que se pense estratégias que reestruturem processos cotidianos do trabalho da enfermagem na oncologia.
Nesse sentido, o cuidado humanizado é uma das diretrizes do SUS e uma filosofia na prática da enfermagem que permite que os profissionais sejam mais próximos de seus pacientes. Contudo, estudos apontam que há um fluxo unidirecional profissional-paciente e o que se evidencia é que não há cuidados aos profissionais. Além disso, outro fator apontado é que o esforço laboral é associado ao benefício do paciente muitas vezes negligenciando o autocuidado e limites relacionados ao trabalho, levando ao sofrimento psíquico15.
Assim, é necessário desenvolver estratégias de resiliência emocional, suporte social e apoio emocional, seja de qual fonte vier, família ou parceria são fatores protetores que inclusive previnem o esgotamento15. Ter mais idade e mais tempo de formação podem favorecer estratégias para lidar melhor com o estresse no trabalho. Isso se explica pela maturidade e experiência de situações vividas que geram maior domínio no campo de atuação e segurança para prestar assistência adequada perante situações estressantes, minimizando assim a exposição e a percepção de estresse32. A espiritualidade também é relatada pelos profissionais como uma estratégia/mecanismo de proteção que, para esse grupo, de modo informal, pode oferecer conforto para as angústias do dia a dia33.
Nessa perspectiva, essa exposição revela a alheação gerencial e a falta de suporte psicológico sistematizado, que reverbera no ocultamento do sofrimento psíquico nesse grupo de profissionais. A ausência desse apoio fortalece indicadores de adoecimento psicológico, como conflitos nas relações de trabalho, tensão e diminuição de qualidade de vida. Em contrapartida, torna-se óbvio que detectar precocemente o esgotamento é fundamental para reverter essa realidade ou a possibilidade da concretização desta. É preciso cuidar de quem cuida33.
Outra questão importante está nos desafios postos pela pandemia da covid-19, que intensificaram a exposição dos enfermeiros ao estresse laboral, contribuindo com o esgotamento na atualidade. Um estudo britânico chama a atenção de que a SB nos enfermeiros oncológicos será mais um dos problemas agravados pela pandemia da covid-19 nos serviços de saúde de câncer nos próximos anos31.
Uma revisão realizada na América do Norte e na Europa entre agosto de 2014 e janeiro de 2020 abrangeu 31 estudos e evidenciou que a prevalência da SB é cultural e institucionalmente específica, mas que, ao mesmo tempo, é um problema real em todo setor de enfermagem31.
Nesse sentido, a organização/instituição de saúde pode influenciar o ambiente de trabalho fornecendo infraestrutura e recursos para desenvolvimento de estratégias que aproximem esses profissionais com o autocuidado. Intervenções de pausa no trabalho podem influenciar o bem-estar mental e físico, além de promover melhorias de desempenho e segurança da assistência34.
Algumas limitações desta pesquisa devem ser pontuadas: um estudo transversal não pode estabelecer uma relação causal, uma vez que a exposição e o desfecho são aferidos simultaneamente; destaca-se também a suscetibilidade à ocorrência de viés de memória em razão das variáveis autorreferidas.
CONCLUSÃO
A prevalência da SB entre os profissionais de enfermagem oncológica deste estudo é moderada e as dimensões DP e RRP tiveram frequência elevada. As variáveis sociodemográficas não estiveram associadas à SB. As variáveis associadas à síndrome foram consumo de bebida alcoólica, falta de alimentação saudável, insatisfação com ocupação atual, condição de trabalho instável, recursos e equipamentos técnicos precários, além de equipamentos de proteção coletiva e individual precários.
Esses fatores destacam a importância de intervenções voltadas não apenas para a saúde mental dos profissionais, mas também para a melhoria das condições de trabalho e a promoção de um ambiente laboral seguro e saudável. Assim, o melhor cenário é a prevenção da SB, e isso requer uma abordagem holística que inclua a gestão do estresse, o suporte psicológico e a melhoria das condições de trabalho.
CONTRIBUIÇÕES
Aline de Jesus Garcia e Magno Merces Weyll Pimentel contribuíram na concepção e no planejamento do estudo; na obtenção, análise e interpretação dos dados; na redação e revisão crítica. André da Silva dos Santos, Claudeone Vieira Santos e Matheus dos Santos Ferreira contribuíram na concepção e no planejamento do estudo; na obtenção, análise e interpretação dos dados. Todos os autores aprovaram a versão final a ser publicada.
DECLARAÇÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES
Nada a declarar.
Não há.
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Recebido em 11/10/2024
Aprovado em 13/12/2024
Editora-científica: Anke Bergmann. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-1972-8777
Tabela 1. Distribuição dos profissionais de enfermagem participantes da pesquisa nos setores do Cacon da Bahia, Brasil, 2023
|
Setores |
Frequência |
Porcentagem |
|
Unidade de terapia intensiva |
32 |
29,1 |
|
Unidade de internação |
23 |
20,9 |
|
Unidade de internação onco-hematológica |
7 |
6,4 |
|
Quimioterapia |
25 |
22,7 |
|
Radioterapia |
7 |
6,4 |
|
Hemodiálise |
4 |
3,6 |
|
Pronto atendimento |
12 |
10,9 |
|
Total |
110 |
100,0 |
Tabela 2. Presença de síndrome de Burnout nos profissionais de enfermagem em um Cacon da Bahia, Brasil, 2023
|
Presença de SB |
Frequência |
Porcentagem |
|
Não |
86 |
78,2 |
|
Sim |
24 |
21,8 |
|
Total |
110 |
100,0 |
Legenda: SB = síndrome de Burnout.
Tabela 3. Distribuição das frequências das dimensões exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização pessoal entre profissionais de enfermagem do Cacon, Bahia, Brasil, 2023
|
Dimensões |
n (%) |
Média de pontos |
Desvio-padrão |
||
|
Baixo |
Moderado |
Alto |
|
|
|
|
EE |
23 (20,9) |
50 (45,5) |
37 (33,6) |
24,1 |
7,55 |
|
DP |
2 (1,8) |
34 (30,9) |
74 (67,3) |
11,0 |
2,66 |
|
RRP |
7 (6,6) |
46 (41,8) |
57 (51,8) |
32,47 |
5,18 |
Legendas: EE = exaustão emocional; DP = despersonalização; RRP = reduzida realização pessoal.
Tabela 4. Razão de prevalência bruta da síndrome de Burnout e seus intervalos de confiança de 95%, segundo variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e laborais em profissionais de enfermagem de um Cacon na Bahia, Brasil, 2023
|
Variáveis |
n (%) |
RPa (IC 95%)d |
p |
|
Sociodemográficas |
|
|
|
|
Sexo (n=110) |
|
|
|
|
Masculino |
8 (7,3) |
1,00 0,86 (0,24-3,02) |
0,79 d |
|
Feminino |
102 (92,7) |
||
|
Idade (n=110) |
|
|
|
|
Até 35 anos |
43 (39,1) |
1,00 |
|
|
36 anos ou mais |
67 (60,9) |
0,54 (0,26-1,10) |
0,08c |
|
Raça/Cor (n=110)a |
|
|
|
|
Não Negros |
40 (36,4) |
1,00 |
|
|
Negros |
70 (63,6) |
0,80 (0,39-1,63) |
0,54c |
|
Local de residência (n= 110) |
|
|
|
|
Centro |
65 (59,1) |
1,00 |
|
|
Periferia |
45 (40,9) |
0,86 (0,41-1,80) |
0,07c |
|
Estilo de vida |
|
|
|
|
Rotina de atividade física (n=110) |
|
|
|
|
Sim |
59 (53,6) |
1,00 1,92 (0,92-4,02) |
0,073c |
|
Não |
51 (46,4) |
||
|
Consumo de bebida alcoólica (n=110) |
|
|
|
|
Não |
73 (66,4) |
1,00 |
|
|
Sim |
37 (33,6) |
2,33 (1,15-4,68) |
0,01c |
|
Fumante (n=110) |
|
|
|
|
Não |
107 (97,3) |
1,00 |
|
|
Sim |
3 (2,7) |
1,55 (0,30-8) |
0,64 d |
|
Alimentação saudável (n=110) |
|
|
|
|
Sim |
73 (66,4) |
1,00 |
|
|
Não |
37 (33,6) |
2,76 (1,36-5,61) |
0,003c* |
|
Laborais |
|
|
|
|
Categoria Profissional (n=110) |
|
|
|
|
Enfermeiro |
41 (37,3) |
1,00 |
|
|
Técnico de enfermagem |
69 (62,7) |
0,59 (0,29-1,19) |
0,14c |
|
Satisfação com a ocupação atual (n=110) |
|
|
|
|
Sim |
97 (88,2) |
1,00 |
|
|
Não |
13 (11,8) |
3,73 (2,0-6,9) |
0,001 d* |
|
Tempo de trabalho na oncologia (n=110) |
|
|
|
|
Até 4 anos |
30 (27,3) |
1,00 |
|
|
5 anos ou mais |
80 (72,7) |
0,62 (0,30-1,27) |
0,20c |
|
Outro vínculo de trabalho (n=110) |
|
|
|
|
Não |
93 (84,5) |
1,00 |
|
|
Sim |
17 (15,5) |
1,44 (0,62-3,33) |
0,42d |
|
Estabilidade de condição de trabalho (n=110) |
|
|
|
|
Estável |
100 (90,9) |
1,00 |
|
|
Instável |
10 (9,1) |
3,33 (1,72-6,42) |
0,007d* |
|
Pausa para descanso (n=110) |
|
|
|
|
Sim |
84 (76,4) |
1,00 |
|
|
Não |
26 (23,6) |
0,85 (0,35-2,05) |
0,71c |
|
Agressão no trabalho (n=110) |
|
|
|
|
Não |
80 (72,7) |
1,00 |
|
|
Sim |
30 (27,3) |
1,90 (0,95-3,81) |
0,07c |
|
Plantão noturno (n=110) |
|
|
|
|
Não |
45 (40,9) |
1,00 |
|
|
Sim |
65 (59,1) |
0,96 (0,47-1,98) |
0,93c |
|
Condição de ventilação (n=110) |
|
|
|
|
Satisfatória |
66 (60,0) |
1,00 |
|
|
Precária |
44 (40,0) |
1,07 (0,52-2,19) |
0,85c |
|
Condição de temperatura (n=110) |
|
|
|
|
Satisfatória |
64 (58,2) |
1,00 |
|
|
Precária |
46 (41,8) |
1,39 (0,68-2,81) |
0,35c |
|
Condição de iluminação (n=110) |
|
|
|
|
Satisfatória |
92 (83,6) |
1,00 |
|
|
Precária |
18 (16,4) |
1,70 (0,78-3,69) |
0,22d |
|
Recursos e equipamentos técnicos (n=110) |
|
|
|
|
Satisfatória |
86 (78,2) |
1,00 |
|
|
Precária |
24 (21,8) |
2,56 (1,30-5,02) |
0,008c* |
|
Equipamentos de Proteção Individual (n=110) |
|
|
|
|
Satisfatório |
104 (94,5) |
1,00 |
|
|
Precário |
6 (5,5) |
1,57 (0,47-5,18) |
0,50d |
|
Equipamentos de Proteção Coletiva (n=110) |
|
|
|
|
Satisfatório |
96 (87,3) |
1,00 |
|
|
Precário |
14 (12,7) |
2,28 (1,09-4,76) |
0,063d |
Legendas: aRP = razão de prevalência bruta; bIC 95% = intervalos de confiança de 95%; cteste do qui‑quadrado de Pearson; dTeste MID-P; *significância estatística (<0,01).
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