Perfil Epidemiológico e Fatores Relacionados ao Câncer de Cavidade Oral em Adultos Jovens Brasileiros e sua Relação com o Óbito, 1985-2017
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2022v68n2.2063Palavras-chave:
neoplasias bucais, carcinoma de células escamosas/epidemiologia, fatores de risco, adulto jovemResumo
Introdução: A incidência do câncer de cavidade oral entre adultos jovens tem crescido ao longo dos últimos anos, não estando clara a etiologia e a patogênese da neoplasia nesse grupo. Objetivo: Descrever o perfil dos adultos jovens brasileiros diagnosticados com carcinoma de células escamosas (CCE) em cavidade oral e a relação com o óbito entre 1985 e 2017. Método: Estudo transversal de base hospitalar, com indivíduos de 19 a 40 anos, diagnosticados com CCE a partir dos Registros Hospitalares de Câncer do Brasil. Foi realizada a analise descritiva e calculados o teste qui-quadrado, a razão de prevalência (RP) e a regressão logística com intervalo de confiança de 95%. Resultados: Foram elegíveis 1.761 casos de CCE em adultos jovens no período em estudo. O maior número de casos se concentrou na faixa etária de 31≥40 anos (79,80%), homens (71,90%), brancos (50,20%), moradores da Região Sudeste (36,40%), sem companheiro (58,00%) e com o ensino fundamental completo (63,40%). A maioria apresentava hábitos tabagistas (61,60%) e etilistas (56,70%), 18,50% eram profissionais da agricultura/aquicultura e 40,70% relataram histórico familiar de câncer. Foram diagnosticados em estádio avançado 68,10% e 25,50% dos casos foram a óbito. Os casos diagnosticados na língua foram os mais frequentes (42,40%) e apresentaram RP=2,638 (IC95% 2,050-3,394) vezes maior para óbito em relação aos casos no lábio e após ajuste, a odds ratio para esse local aumentou para 7,832 (IC95% 2,625-23,374, p<0,0001). Conclusão: O CCE nessa população necessita de maior atenção para reduzir a incidência e a letalidade desse problema de saúde publica.
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