Contradições entre o Relato de Dor no Pós-Operatório e a Satisfação do Doente com a Analgesia
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2000v46n1.3407Palavras-chave:
Dor no Pós-Operatório, Avaliação da Dor, Analgesia, Dor AgudaResumo
Estudos mostram que a dor no pós-operatório é freqüente e inadequadamente controlada. Este trabalho tem por objetivos caracterizar o quadro álgico de doentes oncológicos no pós-operatório, os analgésicos prescritos e a satisfação do doente com a analgesia. O estudo foi realizado em um hospital escola e a população foi constituída por 55 doentes oncológicos, maiores de 19 anos, submetidos a procedimento cirúrgico entre setembro e outubro de 1997. Observou-se que 78,2% dos doentes referiu dor nas primeiras 24 horas do pós-operatório. A média de intensidade de dor foi 5,6. Dor moderada foi referida por 58,3% dos doentes e intensa em 27,1% dos casos. Observou-se predomínio da dimensão afetiva na descrição da dor. Sono/repouso e movimentação no leito foram as atividades mais citadas como prejudicadas pela dor. A prescrição de antinflamatórios não hormonais associada a opiáceos foi a mais freqüente (57%). O regime de administração em horário fixo exclusivo e o regime misto representaram, respectivamente, 45,2% e 42,8% das prescrições. A via endovenosa foi utilizada em 57,8% dos casos, seguida da via intramuscular (25%). A análise comparativa entre os analgésicos prescritos e o recebido mostrou que a média de dose recebida foi de 92% para o regime de horário fixo e de 80% para o “se necessário” exclusivo. A maioria dos doentes (74,4%) mostrou-se satisfeita com a analgesia recebida, o que se contradiz à alta freqüência de dor, à intensidade da queixa álgica e ao prejuízo da dor para o desempenho das atividades de vida diária observados. Talvez o conceito de que a vivência dolorosa no pós-operatório é inevitável tenha influenciado esta apreciação.
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