Radioterapia dos Tumores do Sistema Nervoso Central

Autores

  • Ivo Roesler Chefe. Serviço de Radioterapia. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina. Universidade Federal de Pernambuco (UFPe). Recife (PE), Brasil

DOI:

https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.1975v25n4.3934

Palavras-chave:

Neoplasias do Sistema Nervoso Central/radioterapia, Neoplasias do Sistema Nervoso Central/epidemiologia, Neoplasias do Sistema Nervoso Central/diagnóstico, Efeitos da Radiação, Tumores Neuroectodérmicos Primitivos

Resumo

O tratamento dos tumores do Sistema Nervoso Central apresenta peculiaridades próprias, que diferem da rotina de conduta terapêutica dos demais blastomas. A grande maioria dos tumores primitivos do S.N.C. que, embora pelo critério histopatológico estrito possam ser chamados de benignos, na realidade atuam como tumores malignos em relação ao seu hospedeiro, causando-lhe a morte. Desenvolvendo-se os tumores do S.N.C. em caixa óssea praticamente fechada, condicionam um aumento da pressão intracraneana, com interferência na circulação do líquido céfalo-raqueano, conduzindo a uma compressão de todo o encéfalo ou de vários de seus componentes. As modificações locais e gerais produzidas pelo crescimento do tumor, com edema local, modificações vasculares, gliose secundária e necrose, com compressão dos pares craneanos e atrofia nervosa, que são causadas pelo desenvolvimento da neoplasia, por vezes são atribuídas erroneamente ao tratamento cirúrgico ou radioterápico da neoplasia. A importância clínica do dano ao tecido nervoso adjacente a uma neoplasia, varia consideravelmente, de acordo com a localização do tumor, seu volume e tipo de evolução. A ausência de linfâticos do S.N.C. e a raridade de invasão dos vasos sanguíneos cerebrais pela neoplasia, explica a pouca frequência de metástases à distância nos tumores primitivos do S.N.C. Quando estas se produzem, são geralmente por disseminação ao longo dos espaços céfaloraqueanos, o que orienta a terapêutica em determinados tipos de tumor. A impossibilidade de abordamento cirúrgico de determinadas estruturas cerebrais, como região do tronco, hipotâlamo e as dificuldades de ser efetuada uma cirurgia radical com extirpação completa do tumor, levaram à complementação radioterápica em alguns casos, e indicação exclusiva em outros. A associação com radioterapia, inicialmente, não foi muito entusiástica, pela idéia antiga baseada na histologia, de ser a célula nervosa altamente resistente à irradiação, e os métodos da RT convencional não permitirem doses mais elevadas de radiação. Nos últimos anos, os trabalhos de vários autores, salientando-se os de BOUCHARD (McGill University — Montreal) e os dos grupos da Mayo Clinic, Columbia Presbyterian Medical Center, USA, e de Paillas, Marselha, demonstram que em grupos comparados de cirurgia exclusiva e cirurgia associada à radioterapia, esta melhorou bastante o prognóstico e sobrevida dos pacientes com tumores cerebrais. Desta maneira, a sobrevida de 5 anos dos astrocitomas tratados só por CIR., que davam uma média de 16-20%, passou a ser de 49% nas mãos de BOUCHARD, com a complementação por RT. Tumores do tronco cerebral, que eram abandonados à própria sorte, pela impossibilidade do ato operatório, têm hoje a possibilidade de sobrevida de 5 anos, pela Radioterapia, em 40% dos casos (BOUCHARD).

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Publicado

2023-08-17

Como Citar

1.
Roesler I. Radioterapia dos Tumores do Sistema Nervoso Central. Rev. Bras. Cancerol. [Internet]. 17º de agosto de 2023 [citado 23º de dezembro de 2024];25(4):87-108. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/3934

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL