Percepção e Expectativas de Pacientes com Câncer acerca das Diretivas Antecipadas de Vontade
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2022v68n1.1625Palavras-chave:
diretivas antecipadas, autonomia pessoal, doente terminal, bioética, neoplasiasResumo
Introdução: Diretiva Antecipada de Vontade é um documento que permite registrar desejos prévios e expressamente manifestados pelo paciente sobre cuidados e tratamentos que desejam, ou não, receber em uma situação de incapacidade de expressar sua vontade. Objetivo: Avaliar a percepção e as expectativas de pacientes com câncer acerca do conceito e aplicabilidade das Diretivas Antecipadas de Vontade. Método: Estudo descritivo e transversal, de natureza quantitativa, realizado com 346 pacientes de uma instituição hospitalar de referência em Oncologia no município de Recife-PE. Os dados foram coletados por meio da aplicação do jogo “Cartas na Mesa” (Go Wish®) e de um questionário, desenhado segundo a escala numérica de Likert (grau de discordância ou concordância, de 0 a 10). Resultados: O conhecimento do termo “Diretiva Antecipada de Vontade” alcançou apenas a média de 0,64 pontos entre os pacientes. Após a explicação de seu significado, a intenção de elaboração obteve média de 8,58 pontos. A média de aceitação entre os pacientes foi de 9,42 pontos para implantação na legislação brasileira e 9,64 pontos para implantação na instituição hospitalar onde estavam internados. Conclusão: Na percepção desses pacientes, embora pouco conhecidas, as diretivas antecipadas se mostraram um instrumento capaz de preservar sua dignidade e autonomia. Os pacientes demonstraram interesse tanto por sua elaboração quanto por sua aplicabilidade, no entanto, esperaram receber mais informações e orientações dos profissionais em relação a essa temática.
Downloads
Referências
Cogo SB, Lunardi VL, Nietsche EA. Considerações acerca da atuação do enfermeiro na aplicabilidade das diretivas antecipadas de vontade. Enferm Foco. 2017;8(2):26-30. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2017.v8.n2.1061
Delgado Rodríguez J. [From the advance directives to the advance care planning]. Rev Enferm [Internet]. 2017 [cited 2021 Mar 5];40(2):40-4. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30272411 Spanish.
Veshi D, Neitzke L. Living wills in Italy: ethical and comparative law approaches. Eur J Health Law. 2015;22(1):38-60. doi: https://doi.org/10.1163/15718093-12341344
Campos MO, Bonamigo EL, Steffani JA, et al. Testamento vital: percepção de pacientes oncológicos e acompanhantes. Bioethikos [Internet]. 2012 [acesso 2021 mar 5];6(3):253-9. Disponível em: https://saocamilo-sp.br/assets/artigo/bioethikos/96/1.pdf
Kutner L. Due process of euthanasia: the living will, a proposal. Indiana Law J [Internet]. 1969 [cited 2021 Mar 5];44(4):539-54. Available from: https://www.repository.law.indiana.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2525&context=ilj
Koch KA. Patient self-determination act. J Fla Med Assoc [Internet]. 1992 [cited 2021 Mar 7];79(4):240-3. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/1588296/ PMID: 1588296.
Keam B, Yun YH, Heo DS, et al. The attitudes of Korean cancer patients, family caregivers, oncologists, and members of the general public toward advance directives. Support Care Cancer. 2013;21(5):1437-44. doi: https://doi.org/10.1007/s00520-012-1689-z
Nunes MI, Anjos MF. Diretivas antecipadas de vontade: benefícios, obstáculos e limites. Rev Bioét. 2014;22(2):241-51. doi: https://doi.org/10.1590/1983-80422014222005
Dadalto L, Tupinambás U, Greco DB. Diretivas antecipadas de vontade: um modelo brasileiro. Rev Bioét. 2013;21(3):463-76. doi: https://doi.org/10.1590/S1983-80422013000300011
Presidência da República (BR). [Constituição 1988]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 [Internet]. Diário Oficial da União. 1988 out 5 [acesso 2021 mar 7]; Seção 1:1. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Presidência da República (BR). Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil [Internet]. Diário Oficial da União. 2002 jan 11 [acesso 2021 mar 8]; Seção 1:1. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2002/lei-10406-10-janeiro-2002-432893-publicacaooriginal-1-pl.html
Dadalto L. Distorções acerca do testamento vital no Brasil (ou o porquê é necessário falar sobre uma declaração prévia de vontade do paciente terminal). Rev Bioética y Derecho. 2013;28:61-71. doi: https://doi.org/10.4321/S1886-58872013000200006
Conselho Federal de Medicina (BR). Resolução nº. 1.995, de 9 de agosto de 2012. Dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes. Diário Oficial da União. 2012 ago 31. [acesso 2021 mar 8]; Seção 1:269-70. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2012/1995
Dadalto L. Reflexos jurídicos da Resolução CFM 1.995/12. Revista Bioética. 2013;21(1):106-12. doi: https://doi.org/10.1590/S1983-80422013000100012
Senado Federal (BR). Projeto de lei nº149, de 2018. Dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade sobre tratamentos de saúde [Internet]. [acesso 2021 mar 8]. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=132773
Godinho MLM, Dias MV, Barlem ELD, et al. Diretivas antecipadas de vontade: percepção acerca da aplicabilidade no contexto neonatal e pediátrico. Rev Enferm UFSM. 2018;8(3):475-488. doi: https://doi.org/10.5902/2179769227887
Hack J, Buecking B, Lopez CL, et al. [Advance directives in clinical practice: Living will, healthcare power of attorney and care directive]. Unfallchirurg. 2017;120(2):153-61. doi: https://doi.org/10.1007/s00113-016-0308-8 German.
Jeong S, Barrett T, Ohr SO, et al. Study protocol to investigate the efficacy of normalisation of Advance Care Planning (ACP) for people with chronic diseases in acute and community settings: a quasi-experimental design. BMC Health Serv Res. 2019;19(1):286. doi: https://doi.org/10.1186/s12913-019-4118-x
Saioron I, Ramos FRS, Schneider DG, et al. Diretivas antecipadas de vontade: percepções de enfermeiros sobre os benefícios e novas demandas. Esc Anna Nery. 2017;21(4):e20170100. doi: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0100
Banja J, Sumler M. Overriding advance directives: a 20-year legal and ethical overview. J Healthc Risk Manag. 2019;39(2):11-18. doi: https://doi.org/10.1002/jhrm.21388
Scottini MA, Siqueira JE, Moritz RD. Direito dos pacientes às diretivas antecipadas de vontade. Rev Bioét. 2018;26(3):440-50. doi: https://doi.org/10.1590/1983-80422018263264
Chan CWH, Wong MMH, Choi KC, et al. Prevalence, perception, and predictors of advance directives among hong kong chinese: a population-based survey. Int J Environ Res Public Health. 2019;16(3):e365. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph16030365
Hamada S, Haruta J, Hamano J, et al. Associated factors for discussing advance directives with family physicians by noncancer outpatients in Japan. J Gen Fam Med. 2019;20(3):82-92. doi: https://doi.org/10.1002/jgf2.238
Kim J, Heo S, Hong SW, et al. Correlates of advance directive treatment preferences among community-dwelling older people with chronic diseases. Int J Older People Nurs. 2019;14(2):e12229. doi: https://doi.org/10.1111/opn.12229
Ohr S, Jeong S, Saul P. Cultural and religious beliefs and values, and their impact on preferences for end-of-life care among four ethnic groups of community-dwelling older persons. J Clini Nurs. 2017;26(11-12):1681-89. doi: https://doi.org/10.1111/jocn.13572
Alfayyad IN, Al-Tannir MA, AlEssa WA, et al. Physicians and nurses' knowledge and attitudes towards advance directives for cancer patients in Saudi Arabia. PLoS One. 2019;14(4):e0213938. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0213938
Comin LT, Panka M, Beltrame V, et al. Percepção de pacientes oncológicos sobre terminalidade de vida. Rev Bioét. 2017;25(2):392-401. doi: https://doi.org/10.1590/1983-80422017252199
Sá VK, Coelho JC, Capelozzi VL, et al. Lung cancer in Brazil: epidemiology and treatment challenges. Lung Cancer (Auckl). 2016;7:141-8. doi: https://doi.org/10.2147/LCTT.S93604
Schramm FR. Finitude e bioética do fim da vida. Rev Bras Cancerol. 2012;58(1):73-78. doi: https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2012v58n1.1436
Trevino KM, Rutherford SC, Marte C, et al. Illness understanding and advance care planning in patients with advanced lymphoma. J Palliat Med. 2020;23(6):832-7. doi: https://doi.org/10.1089/jpm.2019.0311
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia [Internet]. Rio de Janeiro: SBGG; [data desconhecida]. Cartas na mesa; [acesso 2021 mar 8]. Disponível em: https://sbgg.org.br/projeto-cartas-na-mesa/
Likert RA. A technique for the measurement of attitudes. Arch Psychol [Internet]. 1932 [cited 2021 Mar 8];22(140):5-55. Available from: https://legacy.voteview.com/pdf/Likert_1932.pdf
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia [Internet]. Rio de Janeiro: SBGG; [data desconhecida]. Terminalidade da vida: hora de colocar as cartas na mesa; 2017 mar 30 [acesso 2021 mar 8]. Disponível em: https://sbgg.org.br/terminalidade-da-vida-hora-de-colocar-as-cartas-na-mesa/
Tillmann J, Schnakenberg R, Weckbecker K, et al. [Addressing issues of living will and power of attorney in patients with dementia - a cross-sectional study among german general practitioners]. Gesundheitswesen. 2020;82(2):188-95. doi: https://doi.org/10.1055/a-1068-2348 German
Gamble ER, McDonald PJ, Lichstein PR. Knowledge, attitudes, and behavior of elderly persons regarding living wills. Arch Intern Med. 1991;151(2):277-80. doi: https://doi.org/10.1001/archinte.1991.00400020049011
Cogo SB, Lunardi VL, Quintana AM, et al. Desafios da implementação das diretivas antecipadas de vontade à prática hospitalar. Rev Bras Enferm. 2016;69(6):1031-8. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0085
Oriakhi M, Sealy C, Adenote A, et al. Improving residents' skills and confidence on advance directive discussion: a quality improvement project. J Community Hosp Intern Med Perspect. 2019;9(5):419-21. doi: https://doi.org/10.1080/20009666.2019.1643218
Silva SMA. Os cuidados ao fim da vida no contexto dos cuidados paliativos. Rev Bras Cancerol. 2016;62(3):253-257. doi: https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2016v62n3.338
Hare J, Nelson C. Will outpatients complete living wills? A comparison of two interventions. J Gen Intern Med. 1991;6(1):41-6. doi: https://doi.org/10.1007/BF02599390
Pautex S, Herrmann FR, Zulian GB. Role of advance directives in palliative care units: a prospective study. Palliat Med. 2008;22(7):835-41. doi: https://doi.org/10.1177/0269216308094336
Monteiro RSF, Silva Junior AG. Diretivas antecipadas de vontade: percurso histórico na América Latina. Rev Bioét. 2019;27(1). doi: https://doi.org/10.1590/1983-80422019271290
Pirôpo US, Damasceno RO, Rosa RS, et al. Interface do testamento vital com a bioética, atuação profissional e autonomia do paciente. Rev Salud Publica. 2018;20(4):505-10. doi: http://doi.org/10.15446/rsap.v20n4.65009
Balint JA. Brief encounters: speaking with patients. Ann Intern Med. 1999;131(3):231-4. doi: https://doi.org/10.7326/0003-4819-131-3-199908030-00023
Boerner K, Moorman SM, Carr D, et al. Insufficient advance care planning? Correlates of planning without personal conversations. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci. 2021;76(1):104-8. doi: https://doi.org/10.1093/geronb/gbaa076
Sorrell JM. End-of-life conversations as a legacy. J Psychosoc Nurs Ment Health Serv. 2018;56(1):32-5. doi: https://doi.org/10.3928/02793695-20171219-03
Kübler-Ross E. Death: the final stage of growth. New York: Touchstone; 1986.
Kovács MJ. A caminho da morte com dignidade no século XXI. Rev Bioét. 2014;22(1):94-104. doi: https://doi.org/10.1590/S1983-80422014000100011
Silveira MJ, Kim SYH, Langa KM. Advance directives and outcomes of surrogate decision making before death. N Engl J Med. 2010;362(13):1211-8. doi: https://doi.org/10.1056/NEJMsa0907901
Fritch J, Petronio S, Helft PR, et al. Making decisions for hospitalized older adults: ethical factors considered by family surrogates. J Clin Ethics [Internet]. 2013 [cited 2021 Mar 8];24(2):125-34. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3740391/pdf/nihms484955.pdf
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os direitos morais e intelectuais dos artigos pertencem aos respectivos autores, que concedem à RBC o direito de publicação.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.