Prevalência de Alterações Citológicas Cervicais em Indígenas do Extremo Norte da Amazônia Brasileira
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2014v60n2.473Palavras-chave:
Serviços de Saúde do Indígena, Índios Sul-Americanos, Neoplasias do Colo do Útero, Sistemas Locais de Saúde, Grupos Étnicos, Saúde de MinoriasResumo
Introdução: Apesar de a saúde indígena ser apontada como prioritária por organizações de saúde, estudos sobre prevalência de lesões pré-malignas e malignas do colo do útero nas populações nativas do Brasil são escassos. Mais de 15% da população de Roraima é formada por indígenas aldeadas, mas seu risco de câncer do colo do útero é desconhecido. Objetivo: Avaliar a prevalência de lesões citológicas pré-malignas ou malignas do colo do útero de indígenas aldeadas nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) Leste e Yanomami, no extremo Norte da Amazônia Brasileira. Método: Estudo descritivo. Revisão de registros e exames patológicos de mulheres indígenas aldeadas submetidas a exame citopatológico na Casa de Saúde do Índio (RR), entre 2004 e 2012. O estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de ética em Pesquisa (CONEP). Resultados: Foram incluídas 2.701 indígenas, 74% de indígenas do DSEI Leste (Macuxi e Wapichana) e 26% de indígenas do DSEI Yanomami. A prevalência de LSIL foi 3,0%, HSIL 4,6% e câncer invasivo 1,1%. Nas indígenas Yanomami, houve maior prevalência da situação nunca antes rastreada (77,9% vs 55,0%) e de citologia sugestiva de câncer (2,0% vs 0,8%), sendo a diferença estatisticamente significativa. Conclusão: Este estudo chama atenção para a elevada prevalência de lesões cervicais pré-malignas e malignas em indígenas Yanomami (mais isoladas geográfica e culturalmente), comparadas com as indígenas do DSEI Leste. Estudos prospectivos avaliando os determinantes epidemiológicos e biológicos da infecção.o por papilomavírus humano (HPV) são necessários para melhor entendimento dessa susceptibilidade.