Análise do Câncer de Próstata na Rede de Atenção Oncológica do Espírito Santo, Brasil

Autores

  • Luís Carlos Lopes-Júnior Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Vitória (ES), Brasil. Centro Universitário Norte do Espírito Santo, Departamento de Matemática Aplicada. São Mateus (ES), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-2424-6510
  • Wesley Rocha Grippa Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-graduação de Saúde Coletiva. Vitória (ES), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-2424-6510

DOI:

https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2025v71n1.4920

Palavras-chave:

Oncologia/tendências, Neoplasias da Próstata/epidemiologia, Epidemiologia/tendências, Saúde do Homem, Registros Hospitalares

Resumo

Introdução: Os Registros Hospitalares de Câncer (RHC) são fontes sistemáticas de informações, instalados em hospitais gerais/especializados em oncologia, com intuito de coletar dados referentes ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes atendidos nessas instituições. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico de pacientes com câncer de próstata em seguimento na Rede de Atenção Oncológica (RAO) de um Estado do Sudeste brasileiro. Método: Estudo descritivo de base hospitalar. Os dados secundários foram obtidos via ficha de registro do tumor dos RHC de toda RAO estadual (2000-2020). A amostra foi estratificada entre casos analíticos e não analíticos e os grupos comparados usando os testes t-Student e qui-quadrado de Pearson, além disso, uma regressão logística binária foi conduzida. Resultados: Recuperaram-se 13.519 registros de neoplasias prostáticas de 2000-2020, dos quais 9.838 eram casos analíticos e 3.681 não analíticos. A presente série histórica exibiu tendência crescente (p<0,001). A idade média dos pacientes foi de 69 anos. Além disso, 67,91% foram encaminhados pelo SUS, 95,74% apresentaram a ocorrência de apenas um tumor primário, sendo o tumor classificado como adenocarcinoma em 98% dos registros. O primeiro tratamento recebido no hospital foi a cirurgia em 23,68%, seguida por hormonioterapia em 21,01% dos casos. As variáveis ‘origem de encaminhamento’ (X²(1)=18,27;p<0,001) e ‘diagnóstico e tratamento anterior’ (X²(3)=1516,83;p<0,001) foram preditoras para a variável ‘tipo de caso’ (analítico e não analítico). Conclusão: Houve tendência de crescimento no número registros de câncer de próstata com o passar dos anos no Estado, apresentando tropismo para homens idosos, casados e com baixa nível educacional e casos analíticos.

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Publicado

2025-02-03

Como Citar

1.
Lopes-Júnior LC, Grippa WR. Análise do Câncer de Próstata na Rede de Atenção Oncológica do Espírito Santo, Brasil. Rev. Bras. Cancerol. [Internet]. 3º de fevereiro de 2025 [citado 9º de fevereiro de 2025];71(1):e-244920. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/4920

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL