Relação entre Tempo de Atraso no Tratamento Cirúrgico do Câncer de Próstata e Risco de Recorrência da Doença
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2024v70n1.4406Palavras-chave:
Neoplasias da Próstata, Prostatectomia, Tempo para o Tratamento, Progressão da Doença, Recidiva Local de NeoplasiaResumo
Introdução: De acordo com a literatura, não há consenso sobre um tempo de atraso razoável desde o diagnóstico até a operação da prostatectomia radical (PR) sem piora do prognóstico. Objetivo: Avaliar a influência desse tempo no risco de recorrência da doença em pacientes com adenocarcinoma acinar da próstata tratados com PR. Método: Quatrocentos e doze pacientes submetidos à PR foram avaliados retrospectivamente. Destes, 172 foram excluídos por dados incompletos e outros 28, por estadiamento pré-
-operatório como câncer de próstata de alto risco (PSA > 10 ng/mL ou escore de Gleason na biópsia > 7). Os estadiamentos pré e pós-operatórios foram comparados, e a análise de sobrevida feita pelo método de Kaplan-Meier para examinar a influência do tempo na discordância entre os estadiamentos pré e pós-operatórios. Resultados: Para os 212 pacientes da amostra, o tempo médio desde o diagnóstico até a PR foi de 176,1 ± 120,2 dias (mediana de 145,5 dias), variando de 29 a um máximo de 798 dias. A curva de Kaplan-Meier indicou que o câncer piorava quanto maior o atraso entre o diagnóstico e a operação. Pacientes submetidos à cirurgia dentro de 60 dias tiveram cerca de 95% de probabilidade de não aumentarem o risco inicial de recorrência. Esse número caiu para 80%, 70% e 50% nos pacientes operados em até 100, 120 e 180 dias, respectivamente. Conclusão: O atraso na realização da PR representa risco contínuo de recorrência da neoplasia. O tempo ideal para PR é de até 60 dias a partir da biópsia da próstata, uma vez que a probabilidade de upstaging é inferior a 5% nesse período.
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