Pobreza e câncer do colo do útero: estudo sobre as condições de vida de mulheres com câncer do colo do útero avançado em tratamento no Hospital do Câncer II - Instituto Nacional do Câncer - Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2004v50n2.2048Palavras-chave:
Neoplasias do Colo do Útero/prevenção & controle, Atenção à Saúde, Serviços de Saúde da Mulher, Institutos de Câncer, PobrezaResumo
Este estudo objetiva analisar as condições de vida de mulheres com câncer do colo do útero avançado em tratamento no Hospital do Câncer II do Instituto Nacional de Câncer - Rio de Janeiro. Estas mulheres pertencem aos segmentos menos favorecidos da classe trabalhadora, o que as coloca entre as mais vulneráveis aos riscos de desenvolvimento dessa neoplasia. O estudo teve um caráter exploratório, combinando uma análise qualitativa e quantitativa, objetivando uma aproximação maior à realidade de vida dessas mulheres. Foram realizadas 63 entrevistas com mulheres com câncer do colo do útero em estadiamento II, III e IV. Tomamos como referencial teórico metodológico a abordagem teórico-crítica, compreendendo o câncer do colo do útero no contexto sócio-histórico como uma expressão da questão social e seu reflexo no cotidiano das classes subalternas. O estudo evidenciou que o cotidiano dessas mulheres apresenta limites concretos que dificultam o controle de sua saúde e a prevenção de doenças, e neste caso, do câncer do colo do útero como rotina em suas vidas. Limites que são potencializados pelas deficiências dos serviços de saúde e pela forma como estão estruturados na atenção à saúde da mulher. O estudo aponta questões relevantes que permitem compreender o diagnóstico tardio da doença. Questões que devem ser consideradas no desenvolvimento das ações de prevenção e controle do câncer do colo do útero, tais como: a precariedade das condições de vida dessas mulheres; sua cultura acumulada sobre saúde; o conhecimento limitado sobre prevenção de doenças e, especificamente, do câncer do colo do útero; a estrutura dos serviços de saúde e a qualidade da atenção profissional destinada às mulheres.