Perfil Clínico-epidemiológico e Tempos de Espera entre o Diagnóstico e o Tratamento dos Pacientes Infantojuvenis com Câncer do Sistema Nervoso Central Atendidos nas Unidades Hospitalares Brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2023v69n4.4243Palavras-chave:
neoplasias do sistema nervoso central, serviço hospitalar de oncologia, epidemiologia, pediatria, tempo para o tratamentoResumo
Introdução: Tumores do sistema nervoso central (SNC) são o grupo mais frequente de tumores sólidos na população de crianças e adolescentes que devem ser tratados em unidades habilitadas em oncopediatria, o que, em alguns casos, não ocorre nesse tipo de unidade. Objetivo: Comparar o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes infantojuvenis com câncer do SNC atendidos nas unidades hospitalares habilitadas em oncologia com as habilitadas em oncologia pediátrica, e analisar o tempo entre o diagnóstico e o tratamento do câncer do SNC, segundo as variáveis clínicas e sociodemográficas. Método: Estudo descritivo sobre tumores do SNC diagnosticados entre 2010 e 2017, em indivíduos de 0 a 19 anos, extraídos da base de dados do Integrador RHC. Variáveis sociodemográficas e clínicas foram incluídas para explorar as diferenças no tempo entre o diagnóstico e o tratamento. Resultados: Foram incluídos 5.281 casos de tumores do SNC. O sexo masculino (54,8%) foi mais frequente do que o sexo feminino (45,2%). A faixa etária de 0 a 4 anos foi a mais prevalente (33,2%). O principal exame para o diagnóstico do tumor foi a histologia do tumor primário (73,3%). O tempo entre o diagnóstico e o tratamento foi maior nos hospitais não habilitados (29 dias) do que nos habilitados em oncopediatria (17 dias). Pretos, pardos, indígenas e amarelos apresentaram maior tempo até o tratamento (23 dias). Conclusão: Encontraram-se diferenças quanto à cor da pele, acreditação para oncopediatria e intervalo do diagnóstico até o tratamento. Destaca-se a necessidade de garantir o acesso equitativo desses pacientes dentro do Sistema de Saúde brasileiro.
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