Registros Hospitalares de Câncer no Brasil: Distribuição e Completude das Informações sobre o Câncer Infantojuvenil, de 2000 a 2022

Autores

  • Nyellisonn Nando Nóbrega de Lucena Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Programa de Pós-Graduação em Modelos de Decisão e Saúde. João Pessoa (PB), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-6524-0908
  • Lecidamia Cristina Leite Damascena Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Programa de Pós-Graduação em Modelos de Decisão e Saúde. João Pessoa (PB), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-2128-4757
  • Ynnaiana Navarro de Lima Santana Quintans Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. João Pessoa (PB), Brasil. https://orcid.org/0009-0009-6213-5983
  • Luiz Medeiros Araujo Lima-Filho Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Programa de Pós-Graduação em Modelos de Decisão e Saúde. João Pessoa (PB), Brasil. https://orcid.org/0000-0001-8841-8433
  • Ana Maria Gondim Valença Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família. João Pessoa (PB), Brasil. https://orcid.org/0000-0001-8460-3981

DOI:

https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2025v71n1.4832

Palavras-chave:

Criança, Adolescente, Neoplasias/epidemiologia, Registro/estatística & dados numéricos

Resumo

Introdução: O câncer configura-se como um conjunto de doenças com características agressivas e passíveis de disseminação pelos órgãos do corpo. É considerado um dos principais problemas de saúde pública, sendo apontado como causa predominante de morte na maioria da população. Objetivo: Caracterizar o câncer infantojuvenil e verificar a completude das informações na base dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC) no Brasil e em suas Regiões geográficas no período de 2000 a 2022. Método: Estudo observacional, retrospectivo, de base secundária, com abordagem quantitativa. A amostra foi composta de 91.233 casos registrados em diferentes registros de câncer, contidos no Módulo Integrador dos RHC do Instituto Nacional de Câncer, com informações de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. Resultados: O câncer infantojuvenil foi mais prevalente no sexo masculino (54,2%; n=49.448), nas crianças entre 0 e 4 anos (31,5%; n=28.686) e residentes na Região Sudeste (44,7%; n=40.801). O sistema hematopoiético e reticuloendotelial foi o mais acometido (29,5%; n=26.859) e a quimioterapia foi a terapêutica mais administrada (44,8%; n=40.916). Em 78,8% (n=71.891) dos casos, os serviços especializados cumpriram o prazo estabelecido por lei para início do tratamento oncológico. A maioria das variáveis foi classificada de excelente preenchimento, porém 20% foram consideradas de ruim preenchimento, sendo a Região Sudeste a com maior incompletude de informações. Conclusão: Neoplasias do sistema hematopoiético e reticuloendotelial foram as mais frequentes, acometendo principalmente crianças mais jovens e do sexo masculino, evidenciando-se excelente preenchimento para a maioria das variáveis analisadas.

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Biografia do Autor

Ynnaiana Navarro de Lima Santana Quintans, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. João Pessoa (PB), Brasil.

 

 

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Publicado

2025-02-03

Como Citar

1.
Lucena NNN de, Damascena LCL, Quintans YN de LS, Lima-Filho LMA, Valença AMG. Registros Hospitalares de Câncer no Brasil: Distribuição e Completude das Informações sobre o Câncer Infantojuvenil, de 2000 a 2022. Rev. Bras. Cancerol. [Internet]. 3º de fevereiro de 2025 [citado 9º de fevereiro de 2025];71(1):e-144832. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/4832

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL