Prevalência e Fatores Associados à Síndrome da Fragilidade em Idosos com Diagnóstico de Câncer em Itaguaí, Rio de Janeiro, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2025v71n3.5155Palavras-chave:
Fragilidade/diagnóstico, Idoso Fragilizado, Neoplasias/epidemiologia, Inquéritos e Questionários, Programas de RastreamentoResumo
Introdução: A síndrome da fragilidade em idosos (SFI) reflete vulnerabilidade a desfechos adversos, como perda funcional, quedas e internações, e está associada a comorbidades, cognição e envelhecimento. Objetivo: Rastrear a presença da SFI em pacientes que receberam diagnóstico de câncer entre 2017 e 2021, residentes no município de Itaguaí-RJ. Método: Estudo observacional transversal utilizando um instrumento autorrelatado para rastreio da SFI. Foram coletados em visitas domiciliares dados sociodemográficos e clínicos, por meio de instrumento específico e miniexame do estado mental (MEEM), escala de depressão geriátrica (GDS-15), força de preensão palmar (FPP), circunferência da panturrilha (CP), peso e altura. Resultados: Foram analisados 279 idosos. A idade variou de 60 a 95 anos, com média de 69,5 (± 6,2) anos. Os participantes eram predominantemente homens com câncer de próstata e mulheres com câncer de mama. Não foi possível localizar para entrevista 79,9% dos pacientes, sendo o principal motivo o óbito (41,9% dos casos). Entre os 56 idosos incluídos no estudo de fragilidade, observou-se FPP diminuída em 35,7%, sintomas de depressão em 26,8%, declínio cognitivo em 32,1% e redução da massa muscular em 14,3%. A SFI foi observada em 39,3% dos participantes, sendo associada a fatores como sedentarismo, dor crônica, histórico de quedas, baixa FPP e sintomas depressivos. Conclusão: A alta prevalência de SFI e os fatores a ela associados destacam a necessidade de intervenções para melhorar a qualidade de vida e a autonomia desses indivíduos.
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