Recidiva Versus Cura: A Vivência Paradoxal da Sobrevivência ao Câncer na Infância
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.1999v45n3.2779Palabras clave:
Câncer, Sobreviventes, Crianças, Qualidade de Vida, CuraResumen
A presente pesquisa teve como objetivo descrever e compreender a experiência de sobreviver ao câncer na infância, identificando a qualidade da reinserção e adaptação das crianças sobreviventes à vida quotidiana, após tratamento oncológico. Foram entrevistadas 10 crianças, com idade variando entre seis e doze anos, cujos pais foram entrevistados separadamente. As crianças respondiam ainda a duas escalas, o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE-C) e o Inventário de Depressão Infantil (CDI). As entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo e os resultados indicam que mais da metade das crianças apresenta-se bem adaptada à vida quotidiana, apesar dos pais sofrerem forte apreensão e ansiedade quanto à possibilidade de recidiva e surgimento de um segundo tumor. As escalas psicométricas não revelam índices altos de ansiedade e depressão. Conclui-se que a experiência de sobreviver ao câncer na infância implica na capacidade de conviver com o paradoxo existente entre o reconhecimento da condição de curado e a possibilidade constante de recidiva. O modo de enfrentamento desta ameaça é que parece determinar a qualidade de vida da criança e sua família no período de sobrevivência. Sugerem-se futuras investigações que focalizem as possíveis variáveis que influenciam no desenvolvimento das habilidades necessárias para conviver com o paradoxo da cura.
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