Conspiração do Silêncio nos Cuidados Paliativos Oncológicos: Perspectivas e Estratégias da Equipe de Saúde
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2024v70n1.4543Palavras-chave:
Cuidados Paliativos/ética, Comunicação em Saúde/ética, Neoplasias/epidemiologia, Pessoal de Saúde/éticaResumo
Introdução: O silêncio sobre notícias difíceis é comum em cuidados paliativos, envolvendo pacientes, familiares e equipe de saúde. Esse fenômeno de ocultação da verdade – conspiração do silêncio – tem consequências negativas e merece atenção dos profissionais. Objetivo: Investigar e explorar as estratégias utilizadas pelos profissionais de saúde para prevenir e intervir na conspiração do silêncio no contexto dos cuidados paliativos oncológicos. Método: Estudo qualitativo transversal utilizando a abordagem da Análise Fenomenológica Interpretativa. Os participantes
foram enfermeiros, médico e uma psicóloga que atuam na unidade de cuidados paliativos de um centro oncológico. Aplicou-se entrevista semiestruturada a uma amostra de 12 profissionais de saúde. Resultados: A idade dos participantes variou entre 31 e 64 anos, a maior parte da
amostra é do sexo feminino. Quanto à profissão, dez são enfermeiros, um médico e um psicólogo. Da análise das entrevistas, emergiram os seguintes temas: percepção do fenômeno da conspiração do silêncio; Dificuldades e
desafios para lidar com a conspiração do silêncio nos cuidados paliativos; Sentimentos dos profissionais sobre a conspiração do silêncio; Estratégias para intervir na conspiração do silêncio; Estratégias para evitar a conspiração do silêncio. Foram relatadas estratégias importantes como a comunicação honesta e sem imposições, ouvindo as motivações que levaram ao silêncio.
Conclusão: Os profissionais estão conscientes do dever ético de dizer a verdade diante de uma conspiração de silêncio. No entanto, é necessária formação contínua para desenvolver competências de comunicação de más notícias no contexto clínico e no ensino médico.
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