Nível de Informação e Comportamento Preventivo de Cirurgiões Dentistas e Usuários das Unidades Básicas de Saúde do Programa Saúde da Família de Aracaju-SE a Respeito de Câncer Bucal
DOI:
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2009v55n4.1601Palavras-chave:
Odontólogos, Centros de Saúde, Planos e Programas de Saúde, Neoplasias BucaisResumo
O câncer bucal é um problema de saúde pública no Brasil, não somente em virtude das altas taxas de incidência e prevalência, mas principalmente devido aos baixos índices de sobrevida, apesar dos avanços na terapêutica oncológica. Conhecer o nível de informação dos cirurgiões-dentistas e dos usuários dos serviços de saúde a respeito do câncer de boca e como eles se comportam preventivamente em relação a essa doença é de grande relevância para o planejamento, execução e avaliação de políticas públicas de saúde voltadas para as neoplasias malignas bucais. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar o nível de informação e de comportamento preventivo dos cirurgiões-dentistas do Programa Saúde da Família (PSF) e dos usuários atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do PSF de Aracaju-SE, a respeito do câncer bucal. Foram realizadas entrevistas estruturadas com usuários e cirurgiões-dentistas das UBSs do PSF, utilizando-se roteiros de entrevistas construídos para este fim. A partir da análise das respostas, os participantes do estudo eram classificados de acordo com um escore em baixo, médio e alto nível de informação e de comportamento preventivo. Foram entrevistados 489 usuários, sendo 383 mulheres (78,3%) e 106 homens (21,7%), predominando os jovens, com a média de idade igual 33,7 anos. Participaram 47 cirurgiõesdentistas, sendo 40 mulheres (85,1%) e sete homens (14,9%), com idades variando entre 38 e 59 anos, com média de idade igual 47,4 anos. Em relação ao nível de informação, 252 (51,5%) usuários das UBSs do PSF de Aracaju apresentaram médio nível e 325 (65,9%) expressaram alto nível de comportamento preventivo sobre câncer de boca. Os usuários desconheciam ou possuíam informações inadequadas sobre fatores de risco, apresentação clínica do câncer bucal e autoexame de boca, além de acharem que o câncer bucal era contagioso. Por outro lado, forneceram repostas adequadas sobre como proceder para perceber lesão na própria boca. Evitavam fatores de risco como tabagismo e etilismo; consultavam regularmente profissional de saúde; não demorariam a buscar auxílio profissional caso notassem alterações bucais; e cerca da metade fizeram autoexame de boca. Em relação ao nível de informação, 33 (70,2%) cirurgiões-dentistas das UBSs do PSF de Aracaju apresentaram médio nível de informação e 26 (55,3%) demonstraram baixo nível de comportamento preventivo. Os cirurgiões- dentistas desconheciam ou possuíam informações inadequadas sobre lesões cancerizáveis e tipo histológico mais prevalente. No entanto, forneceram informações corretas sobre localização, apresentação clínica, fatores de risco e ações para prevenção/diagnóstico precoce do câncer bucal. Os cirurgiões-dentistas não faziam um exame clínico adequado e não realizavam educação em saúde sobre câncer bucal em mais de 50% dos pacientes. Com base nesses dados, recomendou-se a execução de programa de educação permanente para os cirurgiões-dentistas do PSF de Aracaju e ações de educação em saúde para a população atendida nas UBSs do PSF a respeito do câncer bucal.