Atrasos no Início do Tratamento do Câncer Cervical e Fatores Associados em uma Coorte Hospitalar da Amazônia Ocidental Brasileira

Autores

  • Liz Rodrigues de Souza Universidade Federal do Acre (UFAC), Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Rio Branco (AC), Brasil. https://orcid.org/0009-0009-0539-0558
  • Maria Fernanda de Sousa Oliveira Borges Universidade Federal do Acre (UFAC), Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Rio Branco (AC), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-5536-6507
  • Ilce Ferreira da Silva Universidade Federal do Acre (UFAC). Rio Branco (AC), Brasil. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp). Rio de Janeiro (RJ), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-7134-3030

DOI:

https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2025v71n4.5228

Palavras-chave:

Neoplasias do Colo do Útero, Saúde da Mulher, Tempo para o Tratamento, Atraso no tratamento/estatística & dados numéricos

Resumo

Introdução: O diagnóstico precoce seguido de tratamento em tempo oportuno do câncer cervical são fundamentais para melhor prognóstico e sobrevida. Objetivo: Estimar a prevalência do atraso no início do tratamento do câncer cervical e os fatores associados em mulheres diagnosticadas e tratadas em Rio Branco-Acre entre 2012 e 2017. Método: Estudo transversal da coorte hospitalar de mulheres com câncer cervical tratadas entre 2012 e 2017 em Rio Branco, Acre. O tempo entre o diagnóstico e o primeiro tratamento foi categorizado conforme a legislação brasileira. Variáveis contínuas foram analisadas pelos testes t de Student e Kruskal- -Wallis, enquanto variáveis categóricas foram avaliadas por X2-Pearson e Fisher, com significância de 5%. As razões de prevalência (PR) brutas e ajustadas foram calculadas por regressão de Poisson com variância robusta, com intervalo de confiança de 95%. Resultados: O tempo mediano entre o diagnóstico e o primeiro tratamento foi de 39 dias, variando de 81 dias para tratamento cirúrgico a 29 dias para radioterapia isolada. A prevalência de atraso no início do tratamento foi de 34%. Fatores associados ao atraso incluíram idade acima de 40 anos e tempo >30 dias para consulta com especialista e primeiro tratamento cirúrgico. O protocolo de tratamento radioterapia com e sem braquiterapia e estadiamentos IIIB-IVA foram inversamente relacionados ao atraso. Conclusão: O atraso no início do tratamento do câncer cervical no Acre foi menor do que em outras localidades do país. Idade >40 anos e esperar >30 dias por consulta com especialista foram fatores positivamente associados ao atraso, enquanto estadiamentos avançados foram inversamente associados.

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Publicado

2025-08-12

Como Citar

1.
Souza LR de, Borges MF de SO, Silva IF da. Atrasos no Início do Tratamento do Câncer Cervical e Fatores Associados em uma Coorte Hospitalar da Amazônia Ocidental Brasileira. Rev. Bras. Cancerol. [Internet]. 12º de agosto de 2025 [citado 5º de dezembro de 2025];71(4):e-105228. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/5228

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL